Dólar se reaproxima dos R$5,60 impulsionado pelo exterior após acordo entre EUA e UE
O relato abaixo descreve, em ordem cronológica, a linha de raciocínio que utilizei para executar uma operação de venda na libra.
Ao longo da leitura, você vai entender como combino fundamentos, comportamento de mercado e análise técnica para construir minhas decisões de trading.
Esta não é uma recomendação — é um estudo de caso real. Uma oportunidade de acompanhar, passo a passo, como penso, filtro o ruído e ajo quando o mercado me dá um sinal.
Lendo os Sinais: O Enigma GBP
Manhã de segunda-feira 09h22 – Algo não fazia sentido no GBP
Durante toda semana que passou, o Cable (GBP/USD) tinha ficado pressionando uma região de suporte. Os candles mostravam indecisão, como se o mercado estivesse esperando um gatilho para se mover.
Mas tinha algo que não encaixava.
As manchetes globais estavam dominadas por possíveis tarifas adicionais dos EUA, mas o Reino Unido, porém, já tinha um acordo comercial com os americanos. O foco das novas tarifas deveria estar na Zona do Euro, não em Londres.
Mas algo curioso aconteceu
Por que após passar a semana inteira próximo do suporte, o Cable caiu quase 100 pips na sexta-feira… sem nenhuma notícia relevante naquele dia?
11h47 – O silêncio do mercado dizia muito
O estranho não foi apenas o rompimento do suporte no GBP/USD. Foi o fato de o euro ter segurado firme no mesmo dia, mesmo sendo a moeda mais ameaçada pelas tarifas de Trump.
E mais: os Gilts britânicos (títulos de dívida do Reino Unido) não mostraram nenhum movimento abrupto que justificasse uma reprecificação nos juros. Se o mercado estivesse realmente antecipando cortes de juros mais agressivos pelo Banco da Inglaterra, esse seria o primeiro lugar onde os sinais apareceriam. Mas tudo estava… calmo demais.
14h33 – O detalhe no gráfico que ninguém viu
Enquanto muitos tentavam caçar explicações nas notícias, eu decidi parar e observar o que realmente importa: o comportamento do mercado como um todo.
Foi aí que olhei para o UKX (índice da bolsa britânica) e notei um detalhe revelador: uma forte alta de +1,23% na sexta-feira — justo no dia em que a libra despencou. Isso não é normal.
Se o mercado estivesse temendo recessão ou cortes emergenciais nas taxas de juros, a bolsa não estaria subindo — estaria despencando.
A resposta não estava nos dados — estava na atitude dos players. Algo estava se rearranjando sob a superfície.
15h10 – A escolha do GBP/CAD (e não no Cable)
Com tudo isso em mente, chegou a hora da decisão. A direção parecia clara: vender a libra. Mas a pergunta era: contra quem?
O dólar americano ainda estava oscilando diante de incertezas políticas e dos dados sobre inflação (CPI) que sairiam dias depois. Mas tinha um país que tinha acabado de divulgar ótimos dados de mercado de trabalho, com forte geração de empregos e salários firmes. O Canadá (CAD)
E aqui entra um dos aspectos mais extraordinários da Arte de Trading : A combinação entre narrativa fundamentalista com análise técnica. O par GBP/CAD também tinha rompido um suporte importante na sexta-feira e o preço agora oferecia uma entrada com um melhor e maior risco controlado.
Ali estava o trade.
16h21 – O botão foi apertado
Metade do lote foi vendido. O plano era simples: se o preço voltasse, reavaliaria e completaria a posição. Se continuasse caindo, estaria dentro e com um risco aceitável.
O trade foi feito com base em uma narrativa construída peça por peça — sem ruído, sem achismo.
E o mercado respondeu.
22h47 – A confirmação da narrativa
Quase 24 horas após a abertura da operação, um artigo discreto apareceu: o governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, havia dado uma entrevista, sinalizando a possibilidade de cortes mais profundos nas taxas de juros caso a economia abrisse mais “folga”.
De repente, tudo se encaixou.
A queda da libra que comecou na sexta-feira da semana anteiror não foi acaso. Isso não é manipulação, é antecipação profissional. Alguém viu antes. Eu também.
Conclusão – O mercado fala com quem sabe escutar
Esse não foi apenas um trade. Foi uma validação de processo.
Essa narrativa foi tecida com dados, gráficos e o pulso invisível do mercado — muito antes da notícia confirmar o que os olhos atentos já sabiam.
É por isso que digo: trading não é ciência exata. É arte com método.
E quando você domina a linguagem silenciosa do mercado, cada movimento vira um sinal. Cada operação, uma assinatura.
Até a próxima.