Operação de venda na libra: Passo a passo da análise

Publicado 19.07.2025, 23:15

O relato abaixo descreve, em ordem cronológica, a linha de raciocínio que utilizei para executar uma operação de venda na libra.

Ao longo da leitura, você vai entender como combino fundamentos, comportamento de mercado e análise técnica para construir minhas decisões de trading.

Esta não é uma recomendação — é um estudo de caso real. Uma oportunidade de acompanhar, passo a passo, como penso, filtro o ruído e ajo quando o mercado me dá um sinal.

Lendo os Sinais: O Enigma GBP

Manhã de segunda-feira 09h22 – Algo não fazia sentido no GBP

Durante toda semana que passou, o Cable (GBP/USD) tinha ficado pressionando uma região de suporte. Os candles mostravam indecisão, como se o mercado estivesse esperando um gatilho para se mover.

Cable passou uma semana mostrando indecisão na área de suporte (GBPSUD diário)

Mas tinha algo que não encaixava.

As manchetes globais estavam dominadas por possíveis tarifas adicionais dos EUA, mas o Reino Unido, porém, já tinha um acordo comercial com os americanos. O foco das novas tarifas deveria estar na Zona do Euro, não em Londres.

Mas algo curioso aconteceu

Por que após passar a semana inteira próximo do suporte, o Cable caiu quase 100 pips na sexta-feira… sem nenhuma notícia relevante naquele dia?

Cable rompe para baixo. Mas qual foi o catalisador?(GBPSUD diário)

11h47 – O silêncio do mercado dizia muito
O estranho não foi apenas o rompimento do suporte no GBP/USD. Foi o fato de o euro ter segurado firme no mesmo dia, mesmo sendo a moeda mais ameaçada pelas tarifas de Trump.

E mais: os Gilts britânicos (títulos de dívida do Reino Unido) não mostraram nenhum movimento abrupto que justificasse uma reprecificação nos juros. Se o mercado estivesse realmente antecipando cortes de juros mais agressivos pelo Banco da Inglaterra, esse seria o primeiro lugar onde os sinais apareceriam. Mas tudo estava… calmo demais.

14h33 – O detalhe no gráfico que ninguém viu

Enquanto muitos tentavam caçar explicações nas notícias, eu decidi parar e observar o que realmente importa: o comportamento do mercado como um todo.

Foi aí que olhei para o UKX (índice da bolsa britânica) e notei um detalhe revelador: uma forte alta de +1,23% na sexta-feira — justo no dia em que a libra despencou. Isso não é normal.

Se o mercado estivesse temendo recessão ou cortes emergenciais nas taxas de juros, a bolsa não estaria subindo — estaria despencando.

A resposta não estava nos dados — estava na atitude dos players. Algo estava se rearranjando sob a superfície.

painel com rascunhos escritos

15h10 – A escolha do GBP/CAD (e não no Cable)
Com tudo isso em mente, chegou a hora da decisão. A direção parecia clara: vender a libra. Mas a pergunta era: contra quem?

O dólar americano ainda estava oscilando diante de incertezas políticas e dos dados sobre inflação (CPI)  que sairiam dias depois. Mas tinha um país que tinha acabado de divulgar ótimos dados de mercado de trabalho, com forte geração de empregos e salários firmes. O Canadá (CAD)

E aqui entra um dos aspectos mais extraordinários da Arte de Trading : A combinação entre narrativa fundamentalista com análise técnica. O par GBP/CAD também tinha rompido um suporte importante na sexta-feira e o preço agora oferecia uma entrada com um melhor e maior risco controlado.

Ali estava o trade.

16h21 – O botão foi apertado

Metade do lote foi vendido. O plano era simples: se o preço voltasse, reavaliaria e completaria a posição. Se continuasse caindo, estaria dentro e com um risco aceitável.

O trade foi feito com base em uma narrativa construída peça por peça — sem ruído, sem achismo.

E o mercado respondeu.
GBPCAD cai por volta de 100 pips

22h47 – A confirmação da narrativa

Quase 24 horas após a abertura da operação, um artigo discreto apareceu: o governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, havia dado uma entrevista,  sinalizando a possibilidade de cortes mais profundos nas taxas de juros caso a economia abrisse mais “folga”.

De repente, tudo se encaixou.

A queda da libra que comecou na sexta-feira da semana anteiror não foi acaso. Isso não é manipulação, é antecipação profissional. Alguém viu antes. Eu também.

Conclusão – O mercado fala com quem sabe escutar

Esse não foi apenas um trade. Foi uma validação de processo.

Essa narrativa foi tecida com dados, gráficos e o pulso invisível do mercado — muito antes da notícia confirmar o que os olhos atentos já sabiam.

É por isso que digo: trading não é ciência exata. É arte com método.

E quando você domina a linguagem silenciosa do mercado, cada movimento vira um sinal. Cada operação, uma assinatura.

Até a próxima.

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