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Oportunidade: Setor Elétrico Está Atrativo Demais Para Ser Ignorado

Publicado 14.10.2020, 12:18
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Com o mercado retornando para a faixa de 93 mil pontos, boas oportunidades surgiram no radar e dois setores em especial chamaram atenção: financeiro e elétrico. Neste artigo vou falar um pouco sobre o setor elétrico e porque vale a pena investir nele neste momento.

Uma característica marcante do setor de energia é seu perfil defensivo, que em poucas palavras pode ser resumido em previsibilidade de resultado. Essa característica é derivada pela demanda mais resiliente por ser um serviço essencial para população e por ter boa parte das cargas já contratadas, o que confere um fluxo de caixa estável, sem falar da baixa necessidade de investir em alternativas de receita, o que abre espaço para atrativos dividendos.

Porém, com a crise econômica gerada pelo COVID, esse cenário perfeito (de longo prazo) de previsibilidade de resultado foi duramente afetado com redução imediata do consumo de energia (atividade econômica), pedidos de renegociações de contratos por clientes industriais e comerciais, além das interferências do Estado (um dos maiores riscos do setor) com a decisão de proibir cortes de luz por 90 dias para consumidores residenciais e provedores de serviços essenciais, o que acabou agravando ainda mais o problema da inadimplência.

Do lado do Estado também houve uma contrapartida muito importante para o setor que foi a regulamentação da Conta-Covid que injetou R$ 16 bilhões via empréstimos para reduzir o impacto nas contas de luz e isso deve ser ressaltado como algo bem positivo, mas no final das contas a queda do consumo de energia, aumento da inadimplência e aumento das perdas não-técnicas, nome dado pelas empresas para o famoso “gato”, pesam bastante no curto prazo e ajudam a explicar o fraco desempenho do setor elétrico desde março.

Do preço de abertura de março, quando o mercado começou a precificar de fato os efeitos econômicos do COVID, até o último fechamento semanal (09/10/20), o Ibovespa recuou 6,5%, enquanto o IEE (Índice de Energia Elétrica) apresentou queda de 7,9%. Se for pensar em lógica esse desempenho não faz sentido já que teoricamente o setor elétrico é mais defensivo e ainda estamos passando por um período de crise econômica, mas os riscos de curto prazo, em especial de intervenção estatal, falaram mais alto e a percepção de risco para o setor aumentou.

Vale fazer um parêntese que o minério de ferro seguiu nas alturas e isso ajudou bastante o Ibovespa, mas de qualquer forma essa diferença é um ponto importante para entender que o setor sofreu demais durante a crise e no nível atual existem boas oportunidades de investimento na mesa para quem está em busca do longo prazo.

Antes de entrar nesta seara é preciso entender minimamente como é composto o setor para saber o nível de risco que está tomando. O setor é dividido em três segmentos + integrado e os três serão numerados do menos arriscado para o mais arriscado:

i) Transmissão: são as companhias que monopolizam o transporte de energia. Suas receitas são fixas e indexadas pela inflação através de contratos geralmente extensos, fatores que oferecem uma alta previsibilidade de fluxo de caixa. São exemplos: Taesa (SA:TAEE11), CTEEP (SA:TRPL4), Alupar (SA:ALUP11)*.

ii) Geração: são as companhias que produzem energia de diferentes fontes (hidrelétricas, termelétricas, eólica e solar) e ganham dinheiro oferecendo contratos no ambiente regulado e no ambiente livre para grandes consumidores. São exemplos: Cesp (CESP6 (SA:CESP6)), Engie (SA:EGIE3)**, Ômega (OMGE3 (SA:OMGE3)), AES Tietê (SA:TIET11).

iii) Distribuição: são as companhias que levam a energia aos consumidores finais e as responsáveis por toda a arrecadação do setor – toda a parte de transmissão e geração são coletados através da conta de luz. São exemplos: Light (SA:LIGT3)*, Equatorial (SA:EQTL3)**, Energisa (SA:ENGI4); (SA:ENGI11)).

iv) Integradas: são as companhias com exposição a todos os elos do setor elétrico e para avaliar seu nível de risco é preciso dissecar a composição de receita de cada empresa. São exemplos: Energias do Brasil  (SA:ENBR3), Cemig (SA:CMIG4), Copel (SA:CPLE6), Neoenergia (SA:NEOE3).

De todos os desafios que o COVID trouxe para o setor de energia como um todo e quando entendemos cada segmento é possível afirmar que o mais afetado é o elo de Distribuição, enquanto o mais protegido por sua estrutura operacional é o elo de Transmissão.

Não existem dúvidas que toda cadeia sofre com a redução do consumo de energia, afinal essa é a principal fonte de receita, mas o caso da inadimplência é muito mais sentido pelo setor de Distribuição, pois além de perderem margem também não estão arrecadando o suficiente para realizarem os repasses relacionados a custos de geração e transmissão.

Como dito acima, esse descompasso que afetou todo o setor foi combatido pela regulamentação da Conta-Covid e gerou um grande alívio entre os investidores vide o compromisso do regulador (ANEEL) com a liquidez do sistema, mas somente uma resposta do lado da demanda por energia e a normalização das tarifas para deixar efetivamente de lado essa preocupação sobre a saúde financeira do sistema.

A questão é a seguinte: quando isso acontecer, o que vou apelidar como “normalização dos fundamentos de longo prazo”, o bonde já terá passado e o risco x retorno não será tão atrativo como agora. Por isso vale a pena começar a montar uma posição no setor neste momento.

O consumo de energia elétrica no Brasil durante setembro subiu 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado, mostrando retomada na demanda à medida que ocorre o retorno gradual das atividades econômicas. Não estou aqui para cravar que chegamos no fundo do poço, que não haverá uma segundo onda de Covid, isso não tenho a mínima ideia, mas aquela grande nuvem carregada que paira sobre o setor começa se abrir e aí vale ficar ligado nas oportunidades com bom risco x retorno.

Neste sentido vou concentrar a análise em dois parâmetros: sinais dados pela análise técnica e dividend yield projetado para 2021 retirado do último relatório da XP Investimentos. Existe um terceiro parâmetro que se baseia na evolução das Taxas Internas de Retorno, que é a principal métrica para avaliar se uma empresa do setor elétrico está cara ou barata pelo lado da análise fundamentalista, mas não possuo modelo para projetar fluxo de caixa.

O pressuposto para uma entrada é encontrar uma ação que está em região de fundo importante do semanal + IFR em região de sobrevenda + divergência de alta pelo OBV + dividend yield atrativo para deter em carteira. Neste universo identifiquei no final da semana passada oportunidade de compra em CESP6 e NEOE3, ao passo que estou de olho aberto em TRPL4 caso retorne para R$ 20,00 e EGIE3 no fechamento do gap na faixa de R$ 39,00.

Essa foi a linha de raciocínio para defender a tese de investimento no setor elétrico neste momento. Com as ferramentas gráficas disponíveis no Investing e atualizando o yield projetado dado no relatório da XP com o preço atual com uma simples regra de 3, tenho certeza que identificará até mais oportunidades.

Bons estudos!

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