por Jesse Cohen
A troca da guarda do Federal Reserve será um grande ponto de atração para os investidores nesta semana, já que o próximo presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, e a presidente que está deixando o cargo, Janet Yellen, irão falar.
Haverá também um fluxo constante de discursos de diversos presidentes regionais do Fed, tendo em vista que o banco central entrará no modo blackout pré-FOMC no sábado.
O Fed deve manter a sua reunião de política final do ano nos dias 12 a 13 de dezembro, na qual é esperado que eleve a taxa dos fundos do Fed em um quarto de ponto para um intervalo entre 1,25% -1,50%, de acordo com a ferramenta de monitoramento de taxas do Fed do Investing.com.
No entanto, os mercados pareciam duvidosos sobre a capacidade do banco central de elevar as taxas tanto quanto gostaria no próximo ano, devido à preocupação com a perspectiva de inflação baixa. A métrica de inflação preferida do Fed, o Núcleo de Índice de Preços PCE, diminuiu para 1,3% este ano, bem abaixo do objetivo de 2%.
No momento, o Fed esboçou mais três aumentos de taxas em 2018, mas se houver opiniões divergentes sobre a provável trajetória da política monetária, estes cinco discursos nos próximos dias são é mais provável para descobrirmos.
Jerome Powell, selecionado pelo presidente Donald Trump para assumir o Fed quando o mandato de Janet Yellen terminar em fevereiro, apresenta-se ao Comitê Bancário do Senado às 12:45 AM hoje para sua audiência de confirmação, o que deve fornecer uma visão de como planeja liderar o Fed.
Enquanto Powell poderia enfrentar um escrutínio dos republicanos que, para começar, não se preocupam com o banco central, e dos democratas que desejam um controle mais severo em Wall Street, a confirmação está quase assegurada. Os participantes no mercado examinarão qualquer coisa que o próximo presidente do Fed tenha a dizer sobre política monetária e perspectivas de inflação.
Há uma expectativa geral que Powell se aproxime da política de Yellen, aderindo a um script que exija o aumento gradual das taxas de juros dos USA, mantendo a política suficientemente solta para suportar o crescimento econômico.
Um dia após a audiência de confirmação de Powell, a presidente da Fed, Janet Yellen fará uma declaração sobre a economia, na quarta-feira, às 13:00, antes do Comitê Econômico Conjunto do Congresso dos EUA no Capitólio.
A declaração geralmente acontece em duas partes: na primeira parte Yellen lerá uma declaração preparada (uma versão do texto está disponível no site do Fed), e então o comitê realizará uma sessão de perguntas e respostas.
Em declarações na semana passada, Yellen manteve sua previsão de que a inflação dos EUA se recuperará em breve, mas disse que "há muita incerteza" sobre isso e está aberta à possibilidade de que os preços possam permanecer baixos nos próximos anos. Ela também se preocupou que uma inflação persistentemente baixa deixaria o Fed com poucas ferramentas para combater a próxima recessão - o que Yellen chamou de "um estado de coisas muito perigoso".
A presidente do Fed anunciou recentemente que deixará o banco central assim que Powell tomar posse, quando seu mandato de quatro anos chegar ao fim em fevereiro, optando por não manter-se como governadora, o estenderia seu envolvimento com o banco central até 2024.
Durante seu mandato, que começou em fevereiro de 2013, Yellen supervisionou a primeira alta de juros em sete anos, em dezembro de 2015, já que o Fed procurou normalizar a política após as medidas extremamente acomodativas implementadas durante a crise financeira.
Além de Powell e Yellen, os players do mercado se concentrarão nas observações do influente presidente do Fed de Nova York, William Dudley, que também deve deixar sua função no próximo ano.
O chefe do Fed de Nova York deve fazer observações de abertura na conferência anual organizada pelo Federal Reserve Bank de Nova York sobre a estrutura em evolução do mercado de títulos dos EUA às 12:15, na terça-feira. No dia seguinte, Dudley participará de um painel de discussão sobre questões econômicas atuais na Rutgers University, em Nova Jersey, a partir das 11:30 da manhã, quarta-feira. São esperadas perguntas de público.
Dudley, que lidera o Fed de Nova York desde 2009, se aposentará na primavera ou verão de 2018, quando seu substituto for escolhido e aprovado.
Alguns consideram sua posição a segunda mais importante no sistema do Federal Reserve. O presidente do New York Fed ocupa um lugar especial entre os dez presidentes de bancos regionais do Fed. O titular sempre atua como vice-presidente do Comitê Federal de Mercado Aberto e sempre vota nas reuniões políticas; outros presidentes regionais fazem uma votação rotativa.
Os observadores do Fed também estarão acompanhando atentamente John Williams, do Fed de São Francisco quando falará, na quarta-feira, no Almoço de Previsão Econômica, em Phoenix, às 15:45. Ele não é um membro votante do FOMC, mas obterá esse privilégio em 2018.
Os presidentes regionais do Fed são suscetíveis de desempenhar um papel mais proeminente na definição da política sob a liderança de Jerome Powell, tendo em conta a quantidade significativa de vagas no conselho do Fed de sete membros e a falta de ação em Washington para preencher esses cargos. Atualmente, existem quatro lugares abertos no Conselho de Governadores, o que significa que mais presidentes regionais estarão votando na política da taxa de juros do que os governadores nomeados pelo presidente.
Williams ficou mais ansioso para aumentar as taxas de juros do que alguns de seus pares e provavelmente apoiará as quatro altas no próximo ano. Causou furor quando argumentou em novas pesquisas que o Fed deveria ajustar a maneira como abordava a inflação, afastando-se de seu objetivo de 2% e visando um nível de preço.
O governador do Fed e mais novo funcionário do banco central, Randal Quarles, fala sobre sistemas de pagamento na Conferência de Estabilidade Financeira e Fintech, em Washington DC na quinta-feira às 15:30 horas.
O Senado aprovou Quarles como vice-presidente de supervisão bancária em outubro, um cargo criado como parte das reformas pós crise financeira sob as medidas Dodd-Frank. Sua nomeação para o conselho do Fed de sete membros foi a primeira marca do presidente Trump no banco central.
Quarles causou uma primeira impressão amigável em Wall Street, quando fez sua estreia pública no início de novembro na conferência anual da Associação da Câmara de Compensação em Nova York, dizendo que o Fed procurará melhorar a transparência de seus testes anuais de estresse bancário. Acrescentou que acredita que o banco central precisa considerar seriamente que os regulamentos bancários precisam ser alterados.
Isso o separaria de Daniel Tarullo, ex-governador do Fed cujo mandato durou de janeiro de 2009 a fevereiro de 2017. Tarullo rotineiramente irritou os banqueiros, pressionando por regras rigorosas do setor após a crise financeira de 2008.
Além da enxurrada de palestrantes do Fed desta semana, mais dicas sobre a direção futura da política monetária podem vir do próprio Livro Bege do banco central, um relatório periódico que é basicamente um checkup do Fed sobre a economia, que deve ser divulgado na quarta à noite.
O Fed também dará mais uma olhada sobre o seu índice de inflação preferido, o núcleo do índice de preços PCE, antes da reunião de dezembro do banco central. O relatório PCE de outubro sai na quinta-feira, em meio a previsões para uma leitura de 1,4%, um pouco acima de 1,3% no mês anterior.
O Fed usa o núcleo PCE como uma ferramenta para ajudar a determinar se deve aumentar ou diminuir as taxas de juros, com o objetivo de manter a inflação a uma taxa de 2% ou abaixo.
A maioria dos observadores do Fed concorda que o crescente debate sobre a inflação sugere que há um empurrão para tornar o Fed mais dovish no ano que vem, o que poderia pôr em dúvida o ritmo dos aumentos das taxas em 2018. A questão é apenas o quão dovish?