Os preços das ações da General Electric (NYSE:GE) estão em queda livre há mais de um ano, enquanto o todo-poderoso conglomerado internacional continua a ver seu negócio desmoronando.
Aquela que já foi reverenciada por suas extensas linhas de negócios e práticas de gestão exigentes, a GE esteve recentemente envolvida em uma grande reviravolta. Quase todos seus altos executivos se demitiram durante o último um ano e meio— incluindo o diretor-presidente Jeff Immelt, que deixou a empresa em agosto de 2017, o diretor financeiro Jeff Bornstein que saiu em outubro de 2017 e o diretor-presidente internacional John Rice, que saiu em dezembro de 2017. A medida que a empresa e suas ações despencavam, as divisões, incluindo a GE Capital, foram vendidas para conter parte do desastre e seu dividendo até então confiável foi reduzido pela metade pela segunda vez desde a Grande Depressão.
O conglomerado veterano experimentou uma recuperação lenta da crise de 2008. Ele nunca recuperou seus recordes antes da crise (US$ 42). De fato, a GE levou sete anos para retornar ao seu patamar de US$ 30. A partir daí, no espaço de uma no e meio, os lucros da empresa após a crise evaporaram. A General Electric é agora negociada a cerca de US$ 13,30 desde o fechamento da sexta-feira e pode continuar a cair.
Os dias como componente do Dow 30 já estão contados?
Os últimos fundamentos da empresa levam a pensar: chegou o momento de que o Dow Jones Industrial retire a General Electric do índice? Até porque, o tão consultado Dow, criado por Charles Dow em 1896, deveria ser uma representação do poder da economia dos EUA. Ele é composto por 30 empresas de megacapitalização que operam na NYSE ou na NASDAQ.
Para responder à pergunta anterior, é importante entender como o índice funciona. O Dow se movimenta de acordo com o preço, o que significa que quanto mais caras as ações de uma empresa, mais ela afetará o preço do índice em geral. A Boeing (NYSE:BA), atualmente a mais cara do índice Dow Jones, está sendo negociada a US$ 357 por ação e representa 9,8% do índice. A GE, a mais barata, com pouco mais de US$ 13, tem um peso de apenas 0,36%. Em comparação, a próxima mais barata é a Pfizer (NYSE:PFE), que atualmente opera a US$ 36 por ação; com um peso de 1,0%. A GE teria que subir nada menos que 176% apenas para deixar de ser a empresa mais barata do índice. Agora mesmo isso parece totalmente impossível.
O Comitê que administra o Dow tem como objetivo manter o equilíbrio do índice. No passado, eles disseram que uma proporção de 10:1 entre as ações mais e menos caras seria o ideal. Neste momento, a relação de preço entre a Boeing e a GE é um pouco mais ampla, 27,5:1 — bem acima da proporção máxima estabelecida pela Comissão do Dow.
A última grande reestruturação do Dow ocorreu em 2013, quando a comissão retirou o Bank of America (NYSE:BAC), Hewlett-Packard (NYSE:HPQ) e Alcoa (NYSE:AA), substituindo-os pelo Goldman Sachs (NYSE:GS), Visa (NYSE:V) e Nike (NYSE:NKE). Naquela época, a comissão disse que as mudanças "foram motivadas pelo baixo preço das ações das três empresas". Quando deixou o Dow, o BAC estava em US$ 14 por ação, a HPQ em US$ 22 e a Alcoa em US$ 8. A reestruturação do Dow fazia sentido naquela época, é claro.
Dado o preço atual de US$ 13 por ação da GE e seu baixo peso de apenas 0,36%, há um precedente histórico para a remoção do Dow.
No entanto, as coisas nem sempre são tão simples. A General Electric é o único membro original remanescente do primeiro índice do Dow (que tinha apenas 12 componentes na época). Pode-se dizer que a empresa e o índice têm uma história. É possível que a comissão do Dow não deseja se livrar dela tão facilmente.
Além disso, muitos nos Estados Unidos consideram a GE um símbolo das grandes empresas nacionais do século XX. A retirada do Dow seria um grande golpe para os norte-americanos nostálgicos que gostariam de voltar à era do domínio industrial da nação.
A comissão do Dow pode preferir manter a GE como membro honorário do Dow com a esperança de dias melhores. No entanto, ela tem um impacto quase nulo no preço do índice, então por que removê-la? Pode ser mais fácil deixar como está.
Infelizmente, parece que a eliminação da General Electric do Dow pode ser inevitável, especialmente porque muitos acreditam que a GE nem sequer tocou no fundo. Outro corte de dividendos não está descartado — alguns até esperam por isso, como os analistas do JP Morgan.
7 possíveis substituições
Se a GE realmente ficar de fora do Dow, quais são os prováveis substitutos?
A Amazon (NASDAQ:AMZN) e Alphabet (NASDAQ:GOOGL), os números dois e três entre as maiores empresas listasdas nos Estados Unidos seriam candidatos ideais, mas não é provável que se incorpore no Dow qualquer empresa com um preço por ação maior do que a da Boeing. Em mais de US$ 1.700 por ação, no caso da Amazon e US$ 1.150 no caso do Google, um grande desdobramento de ações seria necessário para considerar a incorporação.
A Facebook (NASDAQ:FB), outra das maiores empresas do mundo, parece ser um bom candidato com seus US$ 195 por ação. No entanto, a empresa se tornou pública na bolsa não muito tempo atrás, de acordo com os critérios do Dow (2012), e o Dow é muitas vezes mais conservador quando se trata de escolher quem incluir no índice.
Wells Fargo (NYSE:WFC) e Intel (NASDAQ:INTC) poderiam ser bons candidatos, com uma capitalização de cerca de US$ 300 bilhões cada um, mas ambas as ações estão em torno de US$ 55, o que não é suficiente para ser uma diferença no reequilíbrio do Dow. As chances do MasterCard (NYSE:MA), com uma capitalização de mercado de US$ 208 bilhões e um preço de US$ 200 por ação, provavelmente foram adversamente afetadas pela adição da Visa cinco anos atrás. Adicioná-la reduziria os esforços de diversificação do Dow.
Como o Dow é bastante diversificado, — com representantes de quase todos os setores, incluindo o setor industrial (Caterpillar (NYSE:CAT), 3M (NYSE:MMM)), tecnologia (Apple (NASDAQ:AAPL), IBM (NYSE:IBM)), de consumo (McDonald (NYSE:MCD), Walmart (NYSE:WMT)), petróleo e gás (Exxon (NYSE:XOM), Chevron (NYSE:CVX)), entre outros — acreditamos que os dois melhores candidatos até agora são NVIDIA (NASDAQ:NVDA) ou Adobe (NASDAQ:ADBE).
Ambas as empresas estão crescendo em boas condições com capitalizações de mercado significativas (US$ 160 bilhões no caso da NVIDIA, e US$ 124 bilhões da Adobe). Ambas pertencem ao setor atualmente mais forte e influente dos mercados de ações: de tecnologia. Além disso, ambas têm um preço perfeito para o Dow: US$ 265 por ação para NVIDIA e US$ 251 por ação para Adobe.
O único problema: ambas as empresas subiram consideravelmente nos últimos anos e a volatilidade pode assustar a comissão do Dow. No entanto, como ambas mostram bases sólidas e são igualmente representativas da atual economia dos EUA, uma delas poderia facilmente ganhar um lugar no Dow.