O resultado do PIB do primeiro trimestre do ano, divulgado na última terça-feira (01/06), pegou até mesmo o mais otimista dos economistas de surpresa.
Segundo o IBGE, o indicador mais importante da nossa atividade cresceu 1,2 por cento no primeiro trimestre do ano, muito acima da expectativa do mercado (+0,9 por cento). Com isso, já é possível observarmos algumas instituições revisando as estimativas de crescimento para patamares em torno de 5 por cento em 2021.
Bancos passam a ver crescimento do PIB acima de 5% neste ano
Há muitas incertezas no radar, é claro, como a crise hídrica, o risco de uma possível terceira onda da pandemia e por aí vai... Ainda assim, fato é que voltamos para o nível pré-Covid, o que tem animado o mercado e contribuído para que o Ibovespa venha testando novas máximas.
Uma legítima recuperação em “v”!
Mas sabemos que a recuperação do PIB não vem ocorrendo de forma homogênea.
Há setores da economia que estão desempenhando muito bem, como é o caso da agropecuária; por outro lado, outros ainda sentem os efeitos do isolamento social, como muitas atividades relacionadas a serviços.
Essa recuperação heterogênea tem tudo a ver com o descolamento que temos visto entre o desempenho do Ibovespa e do IFIX desde o final de 2020.
IBOV vs. IFIX
Apesar de todos os desafios pelos quais ainda estamos passando, o Ibovespa vem subindo bastante desde março. Já são 8,2 por cento de valorização desde o início do ano, sendo que a 129 mil pontos, o índice está em sua máxima histórica!
O IFIX, por outro lado, ficou para trás, ao andar praticamente de lado desde junho de 2020, o que tem chamado a atenção dos investidores. Afinal, exceto pelo momento atual, os dois indicadores costumam seguir uma dinâmica muito parecida ao longo do tempo.
Muito se fala que a estagnação do principal indicador de mercado dos FIIs é explicada, sobretudo, pelas oscilações das taxas dos títulos de longo prazo, mas não parece ser esse o principal motivo.
Até mesmo porque o atual prêmio entre o yield do IFIX e a taxa real da NTN-B 2035, por exemplo, está muito próximo da sua média histórica…
Nesse caso, me parece que parte importante do atual descolamento está muito mais relacionada às incertezas geradas pela pandemia e seus efeitos distintos sobre os principais segmentos dos dois índices.
Como se sabe, o IBOV conta com uma grande exposição a empresas de commodities, que vêm se beneficiando da retomada das principais economias do mundo.
Por outro lado, o IFIX conta com um peso muito mais expressivo de segmentos que ainda estão para trás na recuperação e que dependem de uma maior previsibilidade a respeito da abertura da economia, como é o caso dos escritórios e shopping centers, por exemplo.
Assim, o cenário para os Fundos Imobiliários – em especial os fundos de tijolo dos segmentos mais afetados – tende a seguir volátil enquanto não temos uma definição em relação à pandemia.
Conclusão
O Ibovespa está à frente neste momento, mas isso significa que o IFIX ficará cada vez mais para trás? Eu penso que não!
Uma melhora concreta no cenário econômico local, promovida por meio da vacinação em massa da população, por exemplo, deve contribuir para destravar valor nos segmentos de FIIs mais afetados, que têm negociado, em média, com importantes descontos.
Portanto, se você possui investimentos em Fundos Imobiliários, saiba que esse mercado também tem tudo para avançar se o Brasil fizer a sua lição de casa.
Isso significa que uma recuperação mais generalizada nos Fundos Imobiliários pode refletir em uma melhora ainda maior da nossa carteira.
Um abraço e até a próxima.