Desde que as taxas de juros de todo o mundo entraram em tendência de alta, a renda fixa, que antes estava esquecida por alguns investidores, voltou a ganhar atenção. No Brasil, fechamos o ano de 2021 com uma inflação de 10,67%, cenário que levou o nosso Banco Central a subir a Selic até alcançar o atual patamar de 13,75% ao ano.
De um modo geral, esse ajuste fez com que a classe aumentasse os seus rendimentos aos investidores e os índices de preços começassem a recuar. Em agosto, por exemplo, o IPCA-15 apresentou deflação, segundo o IBGE.
Tal movimento ocorreu devido a atuação da nossa autoridade monetária, que agiu de forma antecipada em relação aos seus pares nas principais economias globais, e ao governo, que reduziu os impostos, especialmente, dos combustíveis.
Para a economia real, esta é uma ótima notícia, ainda que alguns economistas alertem para os efeitos temporários dos ajustes. Alguns agentes de mercado acreditam em novas altas inflacionárias já no mês de setembro.
Por outro lado, investidores que alocaram recursos no Tesouro IPCA +, por exemplo, podem não ter notícias muito boas. Isto porque o rendimento desses títulos estão atrelados à média da inflação durante o período de aplicação. Com o índice em queda, há uma tendência de retornos menores.
Porém, como eu disse, muitos economistas acreditam que a deflação vista em agosto não deve durar muito tempo. Caso isso se confirme, esses títulos de renda fixa indexados à inflação podem continuar a oferecer boas taxas.
Lá fora, também temos visto uma preocupação cada vez maior com a escalada de preços. Nos EUA, o último ajuste de 75 basis points realizado pelo Federal Reserve levou os juros para 2,5% ao ano. A meta, segundo discurso de Powell durante o último Jackson Hole (hoje, dia 26/8), é trazer a inflação, a mais alta em 40 anos, para 2%.
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE), também subiu a taxa básica de juros para 0% ante -0,5% anteriormente. Isto por conta da alta de preços. No Reino Unido, este pico inflacionário é o maior visto desde o início dos anos 1980.
Neste caso, os títulos que parecem proteger contra este cenário têm guardado algumas pegadinhas. O Global Inflation-Linked Bond Index, por exemplo, caiu 17% este ano. É o pior desempenho entre os principais indicadores de renda fixa produzidos pela Bloomberg.
Aqui vale observar que o índice é composto, em boa parte, por títulos de longo prazo nos quais, à medida que os Bancos Centrais elevam as taxas de juros, caem. Quando isso ocorre, o investidor perde dinheiro com o efeito da famosa marcação a mercado.
Segundo Matthew Hornbach, estrategista do Morgan Stanley (NYSE:MS), os indexados têm sido péssimos em retorno total.
Contudo, a alternativa para o investidor proteger o patrimônio da escalada de preços no mercado internacional pode ser uma cesta de ativos do segmento de commodities, mas, também, papéis de renda fixa de baixa duração.
Nos EUA, por exemplo, o fundo iShares 0-5 Year TIPS Bond (NYSE:STIP), que segue títulos curtos atrelados à inflação, caiu menos de 5% em 2022 contra uma queda de mais de 10% no iShares TIPS Bond ETF (NYSE:TIP), que segue papéis mais longos.
Por fim, ainda que o atual cenário pareça confuso, a dica para o investidor é a de sempre diversificar. Portanto, uma cesta de ativos equilibrada deve contemplar um pouco de risco e conservadorismo. Pense nisso!