- Juros altos não favorecem os metais no curto prazo.
- Apesar disso, a prata começou a semana com força.
- Ao mesmo tempo, o ouro voltou para a região dos US$ 1900.
O ouro e a prata registraram quedas nas últimas semanas, influenciados pela valorização do dólar e pela expectativa de novas elevações de juros pelo Federal Reserve, banco central americano.
O ouro perde atratividade quando as taxas sobem, principalmente no longo prazo. No entanto, nesta semana, houve uma recuperação, especialmente na prata, que teve um salto de mais de 7% desde segunda-feira.
O principal evento que definirá as tendências de preços nos próximos dias será o encontro dos banqueiros centrais em Jackson Hole.
Os mercados estão atentos às declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, sobre a política monetária atual dos EUA.
Se ele indicar uma postura mais flexível, é possível que os metais vejam um aumento na demanda. Por outro lado, se adotar um tom mais restritivo, pode haver uma correção mais acentuada no mercado.
O dólar forte e as taxas mais altas das treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) costumam estar associados a juros elevados, prejudicando o ouro como ativo, pois ele não gera renda passiva.
As alternativas, especialmente as treasuries protegidas contra inflação e os depósitos bancários tradicionais, estão atraindo a atenção dos investidores, em razão da sua rentabilidade cada vez mais alta.
Por isso, se o Fed decidir continuar o aperto, pode ser que o ouro e a prata continuem sob pressão de venda.
No entanto, é importante ressaltar que, apesar do cenário macroeconômico desfavorável, o valuation desses metais ainda está relativamente alto.
Portanto, no longo prazo, possivelmente na segunda metade de 2024, quando o Fed mudar de rumo, um período otimista semelhante aos anos de 2015 a 2020 pode estar à vista.
Prata em destaque com a demanda em alta
As previsões de longo prazo para a prata não se alteraram muito recentemente. A expectativa é de um crescimento contínuo na demanda devido ao aumento da energia renovável, especialmente em painéis solares, o que deve gerar pressão no lado da demanda, considerando a oferta limitada.
Até 2025, mais da metade da demanda global por prata deve vir dessa indústria. Segundo estimativas do Silver Institute, a demanda global aumentou para 1,242 bilhão de onças, em comparação com uma oferta de 1,004 bilhão de onças, resultando no segundo maior déficit dos últimos 20 anos até o final do ano.
No momento, a prata está seguindo um forte ímpeto ascendente, buscando níveis em torno de US$ 25,50 por onça.
Se romper essa faixa, o metal branco terá como alvo as máximas estabelecidas no início de 2021.
Ouro: Visão técnica
O metal amarelo formou um canal estreito em meio a uma correção ainda em andamento. Após testar a região das mínimas de junho e julho, rompeu a faixa superior do canal.
Isso é um sinal de alta, e o alvo mais próximo está em torno de US$1980 por onça.
Um rompimento acima dessa faixa pode abrir espaço para que o metal supere US$2000 por onça e desafie a zona de oferta que surgiu no final de julho.
No entanto, pode ser difícil atingir alcançar esse objetivo em um prazo relativamente curto, especialmente sem o apoio de declarações mais brandas do presidente do Fed, Jerome Powell, após o simpósio de Jackson Hole.
(Tradução de Julio Alves)
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