Ouro se recupera antes da decisão do Fed, mas otimismo comercial pesa
O ouro e o bitcoin costumam ser vistos como os principais “antidólar”, ou, para alguns investidores, possíveis substitutos da moeda norte-americana. Em tese, ambos deveriam se beneficiar de um cenário de desvalorização do dólar, mas o que se observa em 2025 é bem diferente do esperado. O ouro acumula alta superior a 50% no ano, enquanto o bitcoin sobe cerca de 13%, ficando ligeiramente atrás do desempenho do S&P 500.
Como mostra o gráfico abaixo, os retornos excedentes de bitcoin (IBIT), ouro (BLD) e do índice do dólar em relação ao S&P 500, ao longo de períodos consecutivos, fogem completamente do padrão esperado. Nos últimos cinco dias, por exemplo, o ouro caiu quase 5%, enquanto o bitcoin subiu 2%. Esse comportamento oposto entre os dois ativos vem se repetindo há sete períodos consecutivos, o equivalente a 245 pregões.
Se ouro e bitcoin são vistos como alternativas naturais ao dólar, por que eles não estão se comportando de maneira semelhante? A resposta, segundo nossa análise, é que o rali do ouro tem sido impulsionado mais pela especulação do que por fundamentos econômicos sólidos.
A narrativa de “desvalorização do dólar” pode parecer convincente, mas apresenta diversas fragilidades, como discutimos em “Desvalorização do dólar” e “Crescimento da base monetária”. Na prática, acreditamos que o dinheiro especulativo está migrando rapidamente entre os dois ativos, e não entrando simultaneamente em ambos.
Essa divergência de retornos reforça a leitura de que operações especulativas têm influenciado fortemente o desempenho do ouro neste ano. Portanto, é preciso cautela ao operar com base em narrativas de mercado.
Sobrecompra e desempenho relativo fraco
O mercado acionário volta a renovar recordes, mas com amplitude cada vez mais limitada. A tabela abaixo mostra que, em termos absolutos, cerca de três quartos dos fatores de ações estão em zona de sobrecompra. No entanto, a maioria também apresenta desempenho inferior ao S&P 500. Se a tendência de alta persistir, essa concentração tende a aumentar, como já se viu ao longo do ano.
Tecnicamente, há divergências negativas entre o S&P 500 e seus indicadores MACD e IFR, o que indica perda de fôlego. Essa combinação, má amplitude e divergências técnicas, não sinaliza necessariamente o fim do rali, mas exige monitoramento constante de risco. Em outras palavras, não é hora de se acomodar, mas também não há justificativa para reduzir a exposição de forma agressiva.
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