Santa Aritmética, Batman!
Há pouco a acrescentar sobre o cenário político por aqui.
O TSE deu o aval para que campanhas sigam financiadas pelo Caixa 2, Temer se agarra ao foro cargo e o PSDB continua em cima do muro. Com as revisões para baixo das expectativas de inflação e do PIB, resta pouco ao Bacen a não ser seguir cortando juros e tentar fazer a economia pegar no tranco.
Se não sabemos nem quem será o presidente no fim do ano, que tipo de riscos você topa correr?
Juros continuarão caindo e, no longo prazo, temos mais a ganhar do que a perder com Bolsa. Desde que haja o mínimo de racionalidade e responsabilidade em nosso Congresso, o país não explode.
Se você acha demais esperar racionalidade do Congresso, atente para o fato de que, em meio a toda essa confusão, há vários nomes que seguem afirmando compromisso com a equipe econômica, reformas e até com a agenda de privatizações.
O problema fiscal é de aritmética básica (receitas - despesas) e os “nobres” deputados e senadores sabem que é preciso ter o mínimo de equilíbrio para que se possa seguir “mamando nas tetas” da União.
Mas é claro que dá um medo danado de comprar essa tese!
É por isso que ninguém aqui está falando pra sair dando all in em Bolsa. Agora, mais do que nunca, é hora de carregar os seguros e agir com cautela, mas, sem deixar de lado a chance de surfar uma alta da Bolsa, caso ela ocorra.
O Descanso do Morcego
Desde 2005, Nadal levantou o caneco de Roland Garros 10 vezes. Em 13 edições, só não ganhou em 2009, 2015 e 2016 – uma nova definição de hegemonia – 79 vitórias e apenas 2 derrotas.
Em mais um atropelo em finais, o espanhol colocou Wawrinka pra correr atrás da bola de um lado pra outro da quadra – tudo que o suíço podia fazer era reagir aos golpes de Nadal.
Se não deu certo pra Wawrinka, não vai dar certo pra você.
Sair operando a cada notícia ou dica nova que recebe de amigos vai acabar com seu fôlego e deixar seu corretor rico. Se mudar de opinião a cada instante e sair comprando e vendendo ações e girando seu portfólio a cada pouco, fatalmente vai deixar muito dinheiro na mesa.
Sabendo disso, a Morningstar tem uma metodologia pra explicar porque, na média, os investidores têm retornos inferiores aos dos fundos em que investem. Simplificando, eles comparam o desempenho real dos cotistas contra o desempenho de alguém que fizesse a alocação inicial e depois deixasse o dinheiro quieto o “Do Nothing Portfolio”.
A conclusão é que o investidor médio tende a alocar mais recursos em fundos que acabaram de apresentar bom desempenho, ou seja, o investidor médio corre atrás da bola o tempo todo.
Faz muito mais sentido definir uma estratégia de alocação e se manter fiel consistentemente ao plano traçado – fazer pequenos ajustes pontuais e tocar o barco.
O mesmo vale para ações.
Escolha os nomes, trace planos e os siga com disciplina. Se nenhum fato novo REALMENTE relevante acontecer, mantenha o curso. Eu, por exemplo, em meus investimentos pessoais, tenho por prática nunca vender uma ação com prejuízo antes de dois anos da compra inicial – isso me trouxe muito mais ganhos do que perdas.
Funciona pra mim.
Será que funciona pra você?
Vai depender do seu estômago e sangue frio. Eu fico tranquilo mesmo se uma ação estiver derretendo na minha frente – aliás, minha vida (e a da Alice) seria bem mais fácil se eu tivesse a mesma calma em eventos cotidianos – a gastrite que o diga.
Pegadinha do Charada
O que é que te protege menos quando você MAIS precisa?
O FGC (Fundo Garantidor de Crédito) só é obrigado a cobrir o valor equivalente aos recursos disponíveis pelo fundo. Hoje, a estimativa é que o saldo do FGC possa fazer frente a apenas 3,2 por cento dos valores investidos em renda fixa – ou seja, se rolar um stress generalizado no mercado, muita gente que acha que tá a salvo, vai ver suas economias escorrendo pelo ralo.
Quer dizer que não se deve investir em Renda Fixa?
Nada disso!
O negócio é fazer os investimentos sabendo dos riscos e sempre com a orientação de quem conhece do assunto – a Marília preparou um relatório especial “A Grande Aposta” pra que você saiba como fugir das armadilhas do mercados.
Dê uma conferida aqui.
As Presas do Morcego
Lá fora, mercados deram uma azedada – algumas casas de research alertaram os investidores de que o oba-oba com as FANG (Facebook, Apple, Netflix e Google) é infundado – queda generalizada no setor.
Começaram a pipocar gráficos comparando a evolução das grandes ações de tecnologia nos EUA com os balanços dos 3 maiores bancos centrais mundiais (EUA, Europa e China) – quanto maior o balanço dos bancos, mais ativos eles estão comprando e mais “esticados” ficam os mercados.
Fonte: www.zerohedge.com.
Não é preciso fazer nenhum curso de análise técnica pra perceber que há relação entre as variáveis – no ano, os bancos centrais pelo mundo já compraram mais de 1,5 trilhão de dólares em ativos, para um estoque acumulado de quase 15 trilhões de dólares (o PIB brasileiro é de 1,8 trilhão de dólares, mais ou menos).
Em face a todo esse apetite dos banqueiros centrais, pouco importa se há atentados, guerras, eleições desastrosas, crescimento, inflação ou juros – desde que os BCs sigam comprando, os ativos vão subindo.
O problema é que uma hora a festa acaba: certamente, os bancos centrais não comprarão ativos para sempre e, quando o easy money acabar, o sell off será rápido.
Desde sexta, quando surgiu o alerta mais acentuado, o NASDAQ já caiu 2 por cento e ações do Facebook (-5,6 por cento) da Apple (-7,7 por cento), Netflix (-10 por cento) e Google (-6,3 por cento) sofrem bastante.
Ainda é cedo pra saber se vem um estouro de bolha ou só uma correção no meio do caminho. Mas, com o mercado do jeito que está…
Em meio a isso, VIX saltou para 12 dólares, alta de mais de 20 por cento sobre as mínimas recentes e as Bolsas pela mundo (incluindo a nossa) operam no vermelho – a semana poderia começar melhor.