É tudo política
Lá fora, tudo perto do zero-a-zero. Principais temas são monetários, com americanos reforçando convicções de elevação de juros após relatório de emprego acima do esperado, e europeus acreditando que nada de novo virá da reunião do BCE amanhã.
Por aqui, cenário externo e maior percepção de risco político (vide a seguir) contribuem para Bolsa em baixa. Exceções predominantemente ligadas ao mercado externo. Juros têm leve alta; dólar idem.
O diabo mora nos detalhes
Para que lado vai o câmbio?
Por um lado, deve ser votado no Senado, hoje, o projeto que reabre o programa de repatriação de recursos. Em tese, fluxo de ingresso de divisas deve trazer apreciação adicional ao real.
(Perguntar não ofende: vai ter “multa surpresa” de novo para quem aderir, Receita?)
Por outro… o andar da carruagem sugere que Herman Benjamin pedirá mesmo, em seu relatório, a cassação da chapa Dilma-Temer. Ocorre na sexta-feira acareação entre os depoentes, com o objetivo de testar inconsistências. Exemplo?
Marcelo Odebrecht diz que Temer nunca tratou das “doações”. Cláudio Melo diz o contrário…
Este detalhe pode fazer muita diferença.
Atenção (de novo) às sutilezas
Sigo pregando no deserto com relação aos sinais de recuperação. Dia desses apontei para os dados de emprego na indústria. Hoje, para produção industrial: a de janeiro foi a primeira a mostrar variação positiva na comparação anual nos últimos 34 meses. Trinta e quatro.
Enquanto isso, Meirelles — que já vem há tempos insistindo em melhora já a partir do 1T17 — se torna ainda mais vocal com o ritmo ao longo dos trimestres vindouros. Se (se!) concretizado o cenário do Ministro da Fazenda, entraremos em 2018 muito bem.
De sutilezas também entende Goldfajn: em entrevista nesta manhã, sugeriu que o cenário atual “prescreve aceleração do ciclo”. Tentando enxergar nas entrelinhas, mercado segue precificando amplamente os 100 pontos na próxima reunião do Copom.
Por aqui, me sinto (de novo) na obrigação de ressaltar a importância de avanços no front fiscal para que Ilan assim proceda.
Yellen versus Draghi
Nos EUA, relatório de emprego revelou criação de vagas acima do esperado e consolidou a expectativa de elevação de juros pelo FOMC já na próxima reunião, semana que vem.
Na Europa, atenções voltadas à reunião do Banco Central Europeu amanhã. Expectativas seguem sendo de que Draghi manterá tudo como está — a despeito das crescentes pressões pelo começo do fim.
Tudo mantido como está, diferencial de juros entre continentes aumentando. Em teoria, espaço adicional para desvalorização do euro contra dólar.
Em teoria, é claro.
Uma singela homenagem
Longe de desmerecer meus colegas de trabalho marcianos, atuais e pretéritos, reconheço: são de Vênus meus maiores exemplos; são com venusianas minhas maiores e impagáveis dívidas profissionais.
Não fosse a Juliana ter acreditado em mim lá atrás, ainda em Porto Alegre — e depois, insistido nisso em São Paulo —, possivelmente não estaria escrevendo estas linhas hoje. Da mesma forma, morro de orgulho da Carolina pela gana com que abraçou o desafio (e põe desafio nisso...) de trabalhar comigo e pelo crescimento extraordinário que apresentou desde então. Sem falar de outras por quem, mesmo de longe, sempre nutri profunda admiração, muito aprendi e em cujos exemplos tento me espelhar. Lika, eu certamente seria outro se não tivesse tido acesso às suas cartas.
Fico, aliás, extremamente feliz em constatar que talvez nosso trabalho esteja contribuindo de maneira relevante para que mais e mais mulheres descubram o mercado financeiro: minha caríssima Beatriz conclamou, em sua newsletter desta semana, que nossas leitoras compartilhem suas experiências com investimentos. Espiei as primeiras respostas e me arrepiei. Uma palhinha:
“Em janeiro/2017, descobri a Empiricus e comecei minhas leituras sobre educação financeira. Ainda estou engatinhando, mas fiquei pasma quando dei-me conta que todo o meu dinheiro e o do meu marido estavam subaplicados, por serem orientados apenas por gerentes de bancos. (…) Foi quando tomei a decisão de assumir as rédeas das aplicações do meu dinheiro,... aos 67 anos! (…) Para mulheres da minha geração, isso foi como decidir dar um salto mortal carpado."
- Maria C.
Da mesma forma, é enorme o respeito e admiração que nutro pelos trabalhos extraordinários que minhas colegas desenvolvem aqui na Empiricus. Três delas lideram alguns de nossos produtos essenciais: Beatriz Cutait, o Você Investidor; Luciana Seabra, os Melhores Fundos de Investimento; e Marília Fontes, o Tesouro Empiricus.
Em homenagem ao dia de hoje, você pode conhecer o trabalho delas em uma condição extremamente especial.