Pedra noventa só enfrenta quem aguenta
Prepare-se, pois esta semana tem tudo para ser pedreira: no front econômico, indicadores importantes por toda a parte e, ao que tudo indica, o início do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos. No front político, avanços no Brexit, eleições na Holanda e potenciais turbulências em Brasília.
Em clima de cautela diante do porvir, mercados globais operam no zero-a-zero. Por aqui, Bolsa em leve alta. Commodities têm destaque, entremeadas por nomes locais. Juros têm queda moderada, após importante fechamento de taxas no final da semana passada. Dólar em alta.
Bola dividida
O evento econômico mais importante da semana é, sem dúvidas, a decisão do FOMC — o Copom gringo — na quarta-feira.
Após os dados de emprego da semana passada, mercado se viu em bola dividida entre três e quatro aumentos de juros nos States neste ano. Muito em função disso, as declarações de Yellen et. al. após a divulgação da decisão serão acompanhadas muito de perto.
Em qualquer dos cenários, me parece claro que os tempos de dinheiro grátis estarão oficialmente encerrados. Persiste no mercado a tese de que pujança econômica por lá é grande o bastante para que valuations se sustentem a despeito da elevação do custo de capital. Será?
Estendo, aliás, a dúvida aos mercados emergentes.
Devemos conhecer nesta semana, também, a primeira proposta de Trump para o orçamento de 2018. Momento mais propício para tratar das questões fiscais, impossível: expira nesta quarta o acordo entre Democratas e Republicanos que suspende o famigerado debt ceiling.
Acredita-se que será reinstituído no dia seguinte — e é melhor que seja mesmo. Caso contrário, Donald terá sérios problemas: sem teto a casa cai.
Se gritar “pega ladrão”…
Focus da semana mostra consenso de mercado seguindo a turma da Série A: agora todo mundo acredita que chegaremos ao final do ano com Selic a 9 por cento. Curiosamente, o pessoal parece ter ficado mais animadinho com 2018: enquanto o Top Five se mantém impávido nos mesmos 9, a Geral se arrisca no 8,75.
À convicção do mercado quanto à aceleração do ritmo de corte da Selic por Ilan & Cia impõem-se as dificuldades no front político e seus desdobramentos no avanço da agenda de reformas: Brasília está em polvorosa com a iminente apresentação da lista de Janot ao STF.
Se gritar “pega ladrão” não sobra um, meu irmão, e isso pode se traduzir em dificuldades em fazer avançar a Reforma da Previdência.
A ver.
Última chamada
Estamos felicíssimos com a recepção a Felipe Miranda 100 Ensaio$, mais novo livro de nosso estrategista-chefe, que superou até mesmo nossas expectativas mais otimistas.
Não é para menos: a proposta é apresentar, de forma sistematizada, os melhores textos dele visando transmitir ao leitor a forma de pensar que permeia as estratégias de investimento dele e, por extensão, da Empiricus como um todo.
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O futuro do Euro
Tudo indica que Theresa May dará, nesta terça, o primeiro passo formal para retirar o reino de Elizabeth II dos domínios da União Europeia.
Merecem atenção, ainda, os resultados preliminares das eleições na Holanda, que deverão vir a público na manhã de quinta-feira. O desempenho do candidato eurocético poderá servir de termômetro para outros países da região e a coesão do bloco.
As tensões não se restringem ao campo político. A inflação da zona do Euro deverá ser conhecida na quinta e, se mantida a trajetória de elevação, pode alimentar a pressão sobre o Banco Central para encaminhar seu programa de estímulos para o final.
No limite, é do futuro do Euro que estamos falando. Vale (SA:VALE5) dar atenção aos desdobramentos por lá.