Perspectivas darão já suporte ao dólar em gradual alta!

Publicado 17.01.2014, 08:04

Ultrapassadas as expectativas mais relevantes sobre fatores internos, como a decisão em torno da SELIC e o inicio das rolagens dos contratos de “swaps cambiais” vincendo em 3/2 próximo no montante de US$ 11,0 Bi com ofertas diárias de 25 mil contratos, algo pouco mais de US$ 1,2 Bi, aparentemente sem grandes intransigências entre as partes, o preço da moeda americana tenderá a se afastar do preço atípico que vinha mantendo nos últimos dias, já sinalizado no pregão de ontem, seguindo um processo de alta gradual, ainda que com alguns momentos de volatilidade.

Ficou evidente que o BC/COPOM não dará trégua às pressões inflacionárias, sabendo que não poderá valer-se de outras medidas prudenciais que não seriam adequadas em ano eleitoral, e com a percepção de que a taxa da moeda americana tende a ser um “touro indomável” num contexto com perspectivas amplamente desfavoráveis para o país neste ano, precisa ser contundente na elevação da SELIC, que poderá sofrer elevação também na próxima reunião dependendo, evidentemente, do comportamento do IPCA e sua tendência até lá.

O jornal Valor destacou ontem que os países emergentes captaram US$ 36,0 Bi em 15 dias. Porém, deste montante somente US$ 10,6 Bi foram obtidos pela América Latina e destes tão somente US$ 5,9 Bi pelo Brasil em captações “chapa branca” pela Petrobrás e pelo BNDES.

Evidentemente, acreditamos que haja consultas de empresas brasileiras, mas é preciso considerar qual efetivamente é a propensão a tomar recursos externos num ambiente interno de baixo crescimento e inflação alta, ou seja, pouco motivador.

O Santander anunciou que está estruturando uma colocação de bônus conversíveis de US$ 6,0 Bi privada e restrita aos seus acionistas, portanto não sendo uma operação de mercado, e que tem destinação para compor o capital de referência do banco.

Por outro lado, a economia americana continua gerando dados positivos o que cria temores de que a redução do programa de incentivo monetário do FED possa ser precipitada o que afetaria a liquidez do mercado internacional e dificultaria ainda mais os países que têm necessidade de financiamento externo para seu endividamento.

Temos destacado que a perspectiva do nosso setor externo, que flui através o mercado de câmbio e impacta na formação da taxa cambial, é bastante adversa sugerindo que temos razões contundentes e efetivas para saídas de capitais e poucas motivadoras a ingressos.

Temos fatores indutores a saídas como a redução do programa do FED, o crescimento da atratividade da economia americana e demais países desenvolvidos mais importantes em franca recuperação, e, na margem o risco de perder “rating” por parte das agências especializadas e acreditadas no mercado internacional, em decorrência da deterioração da política fiscal e de todo cenário macroeconômico atual do país.

O Brasil está sem tração para crescimento e precisa alterar todo o seu plano focando o crescimento envolvendo investimentos e não mais o consumo baseado no crédito e reformas fundamentais no campo tributário e trabalhista.

Temos uma visão muito realista sobre este cenário em perspectiva para o país, sem “tsunamis” mais com enorme “ressaca” de fluxos favoráveis.

O renomado jornal britânico Financial Times divulgou matéria pertinente a este quadro que vimos pontuando quase que cotidianamente, reproduzida pelo jornal Valor entre outros e que recebemos do próprio FT, em texto elaborado por James Kynge, em que enuncia: “Os "Cinco Frágeis" viram oito com ameaça de menor liquidez”, destacando que a grande preocupação para os investidores, como destacou o Banco Mundial, é de uma interrupção abrupta do financiamento internacional para as dívidas soberanas e corporativas de países vulneráveis​​. Em um "cenário de ajuste desordenado", os fluxos financeiros para os países em desenvolvimento poderiam diminuir em até 80% durante vários meses, advertiu o Banco Mundial.

Quando avaliados pela percepção de sua capacidade para pagar empréstimos estrangeiros de curto prazo, os países particularmente expostos ao enxugamento de liquidez global são Brasil, África do Sul, Turquia, Índia, Indonésia, Hungria, Chile e Polônia, segundo os dados processados ​​pelo FT e pela gestora de recursos Schroders.
Isso expande o grupo "Fragile Five" (Brasil, África do Sul, Turquia, Índia e Indonésia), uma alcunha muito usada nos últimos seis meses para incorporar países que têm sua vulnerabilidade ligada à situação das contas externas e dos déficits fiscais. A lista expandida derivada mais dos temores sobre a dívida de curto prazo.

Craig Botham, economista de mercados emergentes da Schroders, diz que esses rótulos cativantes podem distrair os investidores de riscos mais amplos. O foco do mercado está se deslocando para os países mais dependentes de financiamento externo, particularmente aqueles com altas exigências de refinanciamento de curto prazo, disse ele.

"Esse foco é sustentado pelo temor de uma 'parada súbita', em que os fluxos de capital parem ou mesmo se invertam. Se isso acontecer, o impacto sobre empresas endividadas pode ser devastador, com repercussões para os bancos."

Uma métrica para avaliar a vulnerabilidade compara o tamanho das reservas internacionais do país à soma da dívida externa de curto prazo e seu déficit em conta corrente - a Necessidade Bruta de Financiamento Externo (GEFR, na sigla em inglês). Esse indicador mostra que, no segundo semestre do ano passado, Turquia, África do Sul, Chile, Índia e Indonésia tinham reservas suficientes para cobrir cerca de um ano de seus GEFRs, de acordo com a pesquisa da Schroders. Hungria, Brasil e Polônia têm reservas para cobrir cerca de dois anos.

Ucrânia, Venezuela e Argentina, que as agências de classificação de risco colocam entre os países menos merecedores de crédito, também são vistos como expostos. Mas os seus pontos fracos são essencialmente relacionados às incertezas internas, em vez dos efeitos da redução gradual da liquidez global.

O Banco Mundial identificou como cenário mais provável um ajuste suave nas políticas monetárias, levando a uma redução modesta no fluxo de capitais. Mas a instituição prevê um aumento de até 2 pontos percentuais nas taxas de juros de longo prazo nas maiores economias do mundo.

Evidentemente não imaginamos um quadro com esta severidade para o Brasil, mas o país tem vulnerabilidades que podem num movimento reversivo de fluxos mais intenso do que o ocorrido em 2013 ter que começar a utilizar suas reversas cambiais e isto impactará fortemente na formação do preço do dólar no nosso mercado.

Mas não podemos fazer vistas grossas e imaginar que está tudo bem e que não existam fatores efetivos para impulsionar a taxa cambial a R$ 2,50 no final deste 1º trimestre e a R$ 2,60 ao final do ano.

Por enquanto, a demanda esta amena e as perspectivas é que vão provocar o aumento gradual inicial da taxa cambial para depois se consumar com o fato concreto, o que imporá forte intervenção do BC no mercado de câmbio à vista com oferta de liquidez.

O BC demonstrou ter esta percepção quando realizou o ajuste da estratégia de intervenção no mercado de câmbio a vista permitindo-se total liberdade de volumes e meios, ou seja, para poder intervir na medida em que a situação se apresente.

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