O princípio da reconciliação problemática
Seleção canarinho
Nossa quarta-feira foi a sexta-feira na China.
Bolsa de Xangai caiu -5,5%, Shenzhen derreteu -6,0%.
Novas estatísticas mostram dificuldade crescente para as indústrias chinesas, que reportaram queda de -4,6% do lucro em outubro.
Em paralelo, duas das principais corretoras do país estão sendo investigadas na Justiça, sem maiores detalhes sobre o motivo.
China e Brasil até que se parecem, não é mesmo?
Não é à toa que nosso estrategista global Jim Rickards descreve o Brasil como o canário da mina de carvão chinesa.
Plano A
Monóxido de carbono está ocupando a atmosfera do nosso canarinho.
Governo tem um único plano, convenientemente chamado de plano A: aprovar a mudança da meta orçamentária na semana que vem, para não cair no crivo do TCU e, por conseguinte, do impeachment.
O plano B seria fazer um corte de gastos da ordem de R$ 100 bilhões - algo que nem o açougueiro Levy considera factível.
Para aprovar a meta no Congresso na semana que vem, absolutamente tudo precisa dar certo para Dilma.
Ou seja, ninguém mais pode ser preso nos próximos sete dias.
Você contaria com isso?
Desalavancagem
Respira fundo, canário.
Tem gente boa de conta projetando queda do PIB de 8% entre 2015 e 2017.
O PIB está caindo, e a relação de crédito sobre PIB está caindo também, pela primeira vez em muito tempo.
De 55,1% em setembro para 54,7% em outubro.
Neste momento, mesmo que algum ex-professor da Unicamp assumisse a Fazenda e ordenasse expansão do crédito, nada aconteceria.
As pessoas e empresas não querem tomar crédito agora; ao contrário, elas querem reduzir seus graus de endividamento.
Se você é uma dessas pessoas que está convicta em reduzir dívidas, economizar mais e investir melhor, não perca a chance de ingressar em nosso programa de construção (ou reconstrução) de patrimônio.
Soft science
Se você gosta de números, não leia a entrevista de Persio Arida ao Valor.
Não há número algum ali, apenas letras.
Letras proferidas pelo Persio, do tipo: “não estou autorizado a dar o número exato”.
Conforme comentei no Grana Preta de ontem, Arida não pode dar nenhum número, e não por motivo regulatório (embora essa seja uma excelente desculpa).
Números de resgate gerariam mais números de resgate.
Ou, nas outras letras do gestor Pedro Cerize: esta insistência do BTG de dizer que está tudo normal está me deixando mais preocupado...
Se está mesmo normalíssimo, por que falar?
Hard science
Se você gosta de números, dê uma olhada nestes dados da Bloomberg.
Eles mostram o volume massivo de compras de ações do BTG pelo próprio BTG, nos dias 25, 26 e 27 de novembro.
Já Morgan Stanley (N:MS), JP Morgan e XP lideram a ponta negativa.
O volume de compras de um único player bastará para administrar quedas diárias à magnitude “aceitável” de ontem e hoje?