A defasagem do preço da gasolina no Brasil – considerando a paridade internacional - é de quase R$ 0,80 por litro, atualmente. Isso acontece porque a Petrobras (BVMF:PETR4) não mexe nos preços há mais de seis meses. Há outra questão que envolve o pagamento dos dividendos extraordinários. Houve uma grande celeuma quando o Governo anunciou que não faria o pagamento porque queria reinvestir o dinheiro. Por último, vem o anúncio da demissão do presidente Jean Paul Prates, que diga-se de passagem já era aguardada pelo mercado.
Que fique claro que o Governo, por ser o maior acionista, pode fazer isso, mas precisa agir com transparência. O que não aconteceu. Os acionistas esperavam o recebimento e foram surpreendidos com mudança de rumo de última hora. Se o Governo tivesse planejado e anunciado com antecedência, ninguém reclamaria. Felizmente, encontraram um meio termo ao definirem pelo pagamento de 50%, acalmando os ânimos, que estavam acirrados.
O resultado é que naquele momento o preço da ação da petrolífera brasileira caiu bastante. Isso aconteceu porque o mercado realmente receia que haja ingerência, digamos assim, do Governo na Petrobras, algo que já aconteceu no passado e nós sabemos muito bem no que deu. Mas, verdade seja dita, ingerência não é privilégio do Governo atual. No Governo anterior houve também uma tentativa de intervenção em determinados momentos. Enfim, é um fantasma que ronda os papéis da estatal.
Quanto à questão da defasagem nos preços, de fato isso realmente precisaria ser corrigido pela empresa. Mas a moeda tem outro lado. Neste caso existe sim uma ingerência do governo que tem medo do aumento do preço dos combustíveis pressione a inflação. É uma sinuca de bico, pois o que o mercado espera não é o melhor para o governo, que politicamente precisa manter a inflação controlada. Até porque o governo, da mesma forma que o mercado, é defensor da redução da taxa básica de juros e o aumento inflacionário agora só faz dificultar o corte na Selic que todos desejamos e no ritmo que o governo quer. É uma briga de foice.
Então, o cenário é composto pelo governo que quer controlar a inflação, a empresa, que precisa realmente fazer esse repasse nos preços e, o mercado, representado pelos acionistas, que não quer interferência alguma e não viu com bons olhos tudo o que aconteceu com a questão dos dividendos extraordinários. Para piorar, o preço internacional do petróleo está elevado, o que justifica a necessidade de aumento de preços da gasolina. Ou seja, as coisas estão um tanto nebulosas.
Há quem culpe esse conjunto de fatores pela saída de capital da Petrobras que estaria migrando para outras empresas do setor. Mas na verdade essa migração não é exclusividade da estatal brasileira. Temos visto, nas últimas semanas, um movimento muito forte de dinheiro estrangeiro saindo da Bolsa de Valores, não necessariamente apenas da Petrobras. Como a petrolífera é um dos papéis mais líquidos da B3 (BVMF:B3SA3), assim como Vale (BVMF:VALE3) e grandes bancos, quando acontece essa fuga de capital, a Bolsa sente muito. Não é à toa que temos visto uma sequência grande de pregões registrando quedas consecutivas. Ainda somos muito dependentes de capital estrangeiro.
De qualquer forma, não dá para negar que os acontecimentos têm prejudicado bastante o desempenho da Petrobras e aumentado muito a volatilidade dela. Somente na manhã do dia 15 de maio, as ações derreteram cerca de 6% por conta da saída de Prates.
Em meu ponto de vista, o investidor que pensa no curto ou médio prazo está correndo um risco muito alto. Neste cenário de insegurança e alta volatilidade, suas ações são mais indicadas para quem atua no curtíssimo prazo, caso de quem faz day trade. Por se tratar de uma empresa gigante, pertencente a um setor de energia que manterá sua importância estratégica no mundo todo, por alguns anos ainda, eu também indico seus papéis para quem gosta de investir no longo prazo. A qualquer momento a tempestade acaba e o preço sobe.
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