O Ibovespa fechou o primeiro dia de dezembro em queda com o peso da Petrobras (BVMF:PETR4). As ações preferenciais da empresa (PETR4) caíram -4,01%, a R$ 25,59, enquanto as ordinárias (PETR3 (BVMF:PETR3)) tiveram baixa de -3,75%, a R$ 29,25.
A queda reflete o temor de que o plano estratégico apresentado pela Petrobras deve passar por muitas mudanças com a sucessão de poder em Brasília.
Plano de investimento da Petrobras
A Petrobras anunciou na noite de quarta-feira, 30, seu plano estratégico para os próximos cinco anos. A previsão da empresa é investir US$ 78 bilhões entre 2023 e 2027, 15% acima do previsto no plano passado.
Segundo o Plano Estratégico da empresa, a prioridade continua a ser a exploração e produção (E&P) de petróleo, sobretudo no pré-sal. A companhia fala ainda em manter a atual política de dividendos nos próximos cinco anos.
O plano da Petrobras não traz grandes surpresas, uma vez que leva à continuidade do ritmo atual de crescimento.
Em linhas gerais, observamos uma continuação da estratégia que vem sendo trilhada pela empresa ao longo dos últimos anos, portanto o plano divulgado não traz grandes novidades. Fazendo um breakdown, serão aplicados 83% em Exploração e Produção (E&P) com maior foco no pré-sal; 12% em Refino, Gás e Energia; 2% em Comercialização e Logística; e 3% em Corporativo.
Adicionalmente, além dos US$ 78 bilhões, a Petrobras informou que vai alocar ainda cerca de US$ 20 bilhões em afretamentos (aluguéis) de novas plataformas, o que representa quase US$ 100 bilhões em projetos.
A estratégia pode mudar?
Considerando que o plano deve ser revisto pela nova equipe de transição, que tem manifestado interesse em transformar a Petrobras em uma empresa de energia (com foco em fontes renováveis), Tiglia esse ponto não pode ser ignorado.
O novo plano está sendo definido pelo atual comando da empresa, mas sabemos que existem indefinições com relação aos próximos passos a partir do ano que vem, a depender da conduta a ser adotada pelo novo governo. Isto é, podemos ter uma mudança da água para o vinho de forma repentina com relação a todo esse planejamento estratégico.
O que pode afetar dividendos?Em plena transição de governo, a Petrobras confirmou que pretende manter a atual distribuição de proventos, com uma previsão de pagamento entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões no período de 2023 a 2027. Os valores são os mesmos previstos no plano estratégico anterior e representam 60% do fluxo de caixa livre estimado do período. Assim como existem incertezas com relação a investimentos, também existem incertezas com relação a dividendos. Tudo pode ser alterado devido à sucessão de poder em Brasília, e é justamente aí que mora a incerteza”. Hora de investir ou não na estatal?A Petrobras é uma gigante e isso é incontestável, entretanto, quando falamos de uma empresa estatal, a política é o grande risco. Apesar de o plano estar alinhado com o foco da empresa, voltado para geração de resultados e saúde financeira (o que a tornou uma grande pagadora de dividendos), não podemos tomá-lo como certo e direto considerando o risco de ingerência política que existe por trás da companhia. O governo eleito fez críticas em relação à alocação de capital da Petrobras, logo, como o plano está em linha com o que vinha sendo adotado (buscando melhoria operacional), fica a dúvida para o mercado (com um tom de certo ceticismo) com relação à manutenção do caminho que estão seguindo. Assim sendo, vemos o momento como negativo para as ações no curto prazo, mesmo negociando a 1,7x EBITDA.
Nossa preferência
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