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PIB e Inflação Aumentam Temor de Estagflação nos EUA; BCE na Berlinda

Publicado 02.05.2022, 14:45
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Os economistas estão tendo de lidar com uma série de dados conflitantes. Isso permite que cada um tenha a oportunidade de se equivocar parcialmente: a inflação está disparando, mas talvez tenha atingido o pico; os aumentos de juros reduzirão a demanda, mas a renda real já está encolhendo e assim por diante.

Mas o fato é que o PIB dos EUA mostrou que houve um declínio de 1,4% no crescimento da economia do país no primeiro trimestre, e o índice PCE, que mede a inflação com base nos gastos com consumo pessoal, disparou 6,6% no ano.

Pode-se argumentar que o dado referente ao PIB talvez seja revisado para cima e que o PCE inclui os preços voláteis dos alimentos e de energia, os quais as autoridades do Fed preferem ignorar. Mesmo assim, o “núcleo” do PCE avançou 5,2%, mesmo excluindo aqueles itens que as pessoas insistem em comprar. À primeira vista, no entanto, aqueles dois dados apontam para um cenário de estagflação, isto é, crescimento baixo ou negativo combinado com inflação elevada.

Não é possível escapar disso, não importam quantos equívocos sejam inseridos na análise dos fundamentos (e as análises financeiras estão repletas de equívocos).

Agora, os economistas dos mesmos bancos que esperavam um crescimento de 1,1% no primeiro trimestre estão dizendo que não estão preocupados, porque a demanda subjacente continua forte, e haverá uma recuperação no segundo trimestre. Os analistas do banco holandês ING escreveram na semana passada:

“Olhando para o 2º tri, estamos convictos de que o crescimento será melhor, apesar do respaldo menor da política monetária e fiscal. Embora a inflação esteja prejudicando o poder aquisitivo, a renda nominal está crescendo fortemente, e os ganhos de emprego são decentes, o que, em conjunto, pode manter os gastos firmes”.

É um erro elementar. Ao mesmo tempo, economistas estão confiantes de que o Fed elevará os juros em meio ponto percentual tanto na reunião de política monetária de maio, neste semana, quanto na reunião de 14-15 de junho. Esse tipo de ação “agressiva" tem como objetivo justamente arrefecer a demanda. O ING parece querer ver somente a parte que lhe convém do cenário.

BCE atrás da curva de inflação; risco de recessão nos EUA

Se “estagflação” soa mal, “recessão” soa ainda pior. E os mercados acionários afundaram na sexta-feira, com os investidores preparando-se para o pior. Tecnicamente, a recessão ocorre após um declínio do PIB por dois trimestres consecutivos; portanto, já estamos na metade do caminho.

Os economistas do Deutsche Bank estão mais pessimistas do que os do ING. Depois de ter sido o primeiro grande banco a prever uma recessão, em abril, o banco alemão, com muitos negócios em Wall Street, está agora reafirmando sua posição e prevendo uma “grande recessão” nos EUA, e não mais uma moderada.

Os economistas do Deutsche apontam para a história e para o fato de que o Fed está muito mais atrás da curva de inflação do que na década de 1980 e “nunca foi capaz de corrigir” sequer uma inflação mais fraca sem uma recessão significativa. A inflação, segundo eles, ainda vai demorar para ir embora.

Enquanto isso, o Banco Central Europeu (BCE) está se desculpando por ter feito previsões completamente equivocadas sobre a inflação. Em abril, a inflação atingiu 7,5% na região, sexto aumento consecutivo e máxima recorde para a zona do euro, o que está pressionando o banco central a finalmente começar a fazer algo a respeito.

Os especialistas do BCE – quem diria – afirmaram que seus modelos erraram ao não prever a forte alta dos preços de energia, os gargalos na cadeia de fornecimento e a rápida recuperação da demanda após a pandemia.

As autoridades do BCE, a começar pela presidente Christine Lagarde, e o economista-chefe da instituição, Philip Lane, fizeram pouco caso das elevações dos preços até recentemente, de modo que os analistas agora esperam que o banco central comece a subir os juros em julho, realizando outros dois aumentos antes do fim do ano.

Dois países que permaneceram fora da zona do euro, a Grã-Bretanha e a Suécia, não estão esperando o BCE para tomar providências. A expectativa é que o Banco da Inglaterra continue com suas minialtas de 0,25 pontos percentuais, elevando a taxa referencial pela quarta vez consecutiva, para 1%.

Já o banco central da Suécia, na semana passada, deu adeus aos juros zero, subindo sua taxa básica em 0,25%. Essa foi a primeira vez em que os juros ficaram acima de zero no país desde 2014.  O Riksbank disse que estava pronto para elevar os juros duas ou três vezes neste ano, se necessário, para combater a inflação.

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