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Acredito que a economia dos EUA possa estar entrando em uma fase temporária de desaceleração (“Run It Cold” agora), o que abriria espaço para o Fed realizar alguns cortes de juros antes do plano “Run It Hot” (aceleração da economia) de Trump em 2026.
Se essa avaliação se confirmar, os investidores deveriam aumentar de forma expressiva a parcela de Inflation Risk Premia (IRP) e Policymaker Protest Assets (PPA) em suas carteiras.
A seguir, alguns dados que indicam essa desaceleração temporária nos EUA (“Run It Cold”).
O mercado de trabalho norte-americano gerou apenas 35 mil postos de trabalho por mês nos últimos três meses, um nível que praticamente nunca foi tão fraco fora de períodos de recessão. Ainda assim, a oferta de mão de obra está tão limitada que a taxa de desemprego sobe de forma muito moderada, transmitindo uma falsa impressão de estabilidade.
Se a oferta de mão de obra não tivesse encolhido tão rapidamente devido às novas políticas de imigração e a taxa de participação da força de trabalho (LFPR) tivesse se mantido nos níveis de abril, a taxa de desemprego teria saltado para 4,9%.
A oferta de mão de obra extremamente restrita sustenta a aparência de estabilidade ao observar o mercado de trabalho dos EUA, mas, sob a superfície, a demanda por trabalhadores é bastante fraca.
O ritmo anualizado de criação de vagas, em seis meses, nos setores cíclicos da economia norte-americana (como construção, manufatura e transporte) está em 0,3%. O setor privado cíclico praticamente congelou as contratações.
Nosso monitor do déficit primário dos EUA indica 1,54% do PIB até a semana passada, já abaixo do ritmo de 2024 e muito distante do nível elevado de 2023.
As tarifas somaram quase US$ 30 bilhões em julho e, se esse ritmo for mantido, haverá um aperto fiscal adicional de aproximadamente US$ 150 bilhões até o fim do ano.
Somente esse efeito pode reduzir o déficit primário em 15%, de US$ 1 trilhão em 2024 para US$ 850 bilhões em 2025.
O quadro para os próximos três meses não é animador:
- O ritmo de contratações no setor privado está praticamente estagnado;
- O crescimento da renda real e o consumo das famílias estão fracos;
- Haverá um aumento tributário de cerca de US$ 150 bilhões (repasse das tarifas) no restante do ano;
- Não há estímulo fiscal relevante para compensar, já que o OBBB começa a vigorar majoritariamente em 2026;
- Empresas fora do grupo das 100 maiores, que são as grandes empregadoras, já enfrentam compressão de margens;
- O repasse das tarifas tende a agravar essa pressão e, se as empresas tentarem transferir o custo ao consumidor…
- …a capacidade de absorção será limitada pelo baixo crescimento da renda real.
Em síntese, é possível que a economia dos EUA passe por um período de fraqueza nos próximos 3 a 4 meses.
Mas o que acontece depois disso?
Se o Fed cortar juros com o núcleo do PCE em torno de 3%, os juros reais de curto prazo cairiam para perto de 0%, enquanto a inflação seguiria acima da meta.
Trump já mencionou a intenção de usar a receita das tarifas para reduzir impostos sobre consumidores de baixa renda, o que representaria mais um impulso fiscal antes das eleições de meio de mandato de 2026.
Juros reais de curto prazo próximos de zero ou negativos, com inflação acima da meta e novo estímulo fiscal, compõem a receita para uma política “Run It Hot” em velocidade máxima em 2026.
Essa abordagem não é inédita: os EUA a aplicaram entre 2003 e 2006 e entre 2013 e 2019 para acelerar a recuperação após as crises de 2001 e da GFC.
A diferença é que, nas experiências anteriores, a inflação estava na meta ou abaixo, não havia tarifas, nem ataques à independência do Fed, e tampouco havia postura hostil contra o restante do mundo. Nesse contexto, comprar ativos em USD que geram renda nominal (como ações e imóveis) foi extremamente vantajoso.
Hoje, acredito que uma combinação desses ativos com PPAs (Policymaker Protest Assets) seja mais adequada.
PPAs são ativos denominados em USD que funcionam como válvula de escape diante de políticas econômicas pouco ortodoxas, como reduzir demais os juros reais em relação ao PIB nominal, manipular os rendimentos de longo prazo via corte na emissão de títulos ou incentivo à compra por bancos (reforma do SLR), ou ainda estimular países estrangeiros a diversificar seus investimentos fora do USD.
O ouro e os metais em geral são PPAs tradicionais, e, sem dúvida, o Bitcoin também se apresenta como candidato com essas características.
"Run It Cold" agora, mas "Run It Hot" em velocidade máxima em 2026.
Obrigado por ler e compartilhar esta análise macroeconômica com colegas e parceiros.
Este artigo foi originalmente publicado no The Macro Compass. Participe desta comunidade de investidores macro, gestores de recursos e fundos hedge, confira qual plano de assinatura mais se adequa ao seu perfil através deste link.
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