Mudança de humor
É ameno o clima no mercado local de juros. Já a Bolsa tem em alta puxada por exportadoras, refletindo maior otimismo com economia global após indicadores de atividade lá fora. O mesmo efeito é, aliás, o principal responsável pela sessão positiva no mercado europeu
Já nos EUA, nem mesmo geração de postos de trabalho muito acima do esperado bastou para reverter a mudança de humor sobre a qual falei longamente na edição de ontem. No front político, seguem repercutindo as declarações de Trump e equipe com relação às taxas de câmbio alheias (mais detalhes logo abaixo).
Hong Kong voltou do feriado e se ajustou ao mercado global, fechando a primeira sessão do Ano do Galo de Fogo em queda.
Currency Wars
A Trumpada de ontem, e que ainda faz eco hoje, diz respeito às taxas de câmbio de parceiros comerciais dos Estados Unidos
Primeiro Donald reclamou do euro pretensamente desvalorizado, do qual Alemanha se beneficiaria não só nas trocas com EUA como também com o restante dos países-membro da União Europeia.
Cá entre nós: principalmente no que tange os vizinhos de bloco, penso que ele está coberto de razão. Deutschland über alles e o resto do Velho Continente só se ferra.
E, de fato, o euro pode estar desvalorizado:
A questão é que há motivos de sobra para duvidar da viabilidade de longo prazo do próprio euro — o que, a meu ver, é um dos grandes temas logo à frente.
Em tempo: hoje tem reunião do Fed e vale ficar de olho no statement logo após, em busca de sinais confirmando (ou não) o discurso de três altas de juros neste ano.
Prepare o seu coração...
Governo teme vazamentos seletivos das delações da Odebrecht. A solução é simples: se divulgarem todas, não haverá o que vazar.
Sonho meu.
Na mesma linha, Eike quer dar início a tratativas visando um acordo de delação premiada. É um Sansão às avessas: perdeu a cabeleira, ganhou a coragem.
Há uma enorme parte da história brasileira recente prestes a ser reescrita. Prepare o seu coração pras coisas que ele vai contar… e que podem não agradar a quem, como ele, sorveu das outrora inesgotáveis fontes do BNDES.
E nos sonhos que sonhamos, as visões se clareando até que um dia acordaremos…na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei…
Um país sério
Leitores habituais deste escriba sabem que já faz algum tempo que tenho me permitido cogitar a possibilidade de, caso finalmente nos tornarmos um país sério, há espaço para um futuro com meta de inflação menor.
A possibilidade veio para os holofotes nos últimos dias, e acabou rechaçada por Ilan para o curto prazo. Insisti: ele está certo em não sinalizar isso para agora, mas as condições para tal estão se configurando e pode ocorrer mais à frente.
Pois foi precisamente este o recado do presidente do BC em evento a investidores ontem.
A possibilidade de o Brasil dar certo é uma assimetria favorável para os prefixados com vencimentos mais longos — que, sob essa premissa, oferecem juro real superior aos indexados.
Semana passada, eu e o Luiz ficamos um bom tempo montando isso aqui:
O Brasil está lá em cima, mais parecendo a estrela Spica da nossa bandeira nacional… é sonhar demais imaginá-lo mais próximo dos países do círculo amarelo? Penso que não.
Momento Eurasia
Reabertura dos trabalhos do STF: novo relator da Lava Jato será sorteado entre os integrantes da Segunda Turma da corte — que passa a contar com o reforço de Fachin.
Vou dar uma de Eurasia Group e afirmar que são de 60 por cento as chances de o desfecho ser ruim para a Lava Jato. E se for assim, o mercado — essa entidade abjeta — vai gostar.
Não contem comigo para comemorar, mas fiquem atentos.