Os preços da soja em grão voltaram a subir no mercado brasileiro na semana passada, influenciados por preocupações quanto à qualidade e à produtividade desta safra. Segundo pesquisadores do Cepea, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no norte do Paraná, é grande a quantidade de soja ardida, devido ao excesso de chuva. Já no Norte e Nordeste do País, é a menor produtividade que deixa produtores em alerta – o baixo volume de chuva prejudicou o desenvolvimento das lavouras.
Diante disso, verificam-se grandes diferenças na qualidade e na produtividade entre as regiões e até mesmo em uma mesma praça. Nesse cenário, vendedores se retraíram e compradores também estiveram mais cautelosos, trabalhando com o grão recebido por meio de contratos. A forte oscilação do dólar nos últimos dias também inibiu as negociações e influenciou os valores do grão no mercado nacional.
MILHO: Com estoques baixos, valores seguem em alta
As exportações de milho em volumes recordes nos últimos meses e o bom ritmo atual reduzem a disponibilidade interna. Ao mesmo tempo, a demanda no País segue firme, mantendo os preços do cereal em alta, principalmente nas regiões compradoras líquidas, como São Paulo. Segundo a Conab, o estoque de passagem no final de janeiro (safra 2014/15) foi de 10,54 milhões de toneladas.
Em fevereiro, 5,37 milhões de toneladas foram exportadas e, nas duas primeiras semanas de março, mais 1,18 milhão de toneladas, somando, portanto, 6,55 milhões de toneladas (números da Secex).
O estoque disponível, então, teria baixado para cerca de 4 milhões de toneladas apenas. Com base na estimativa da Conab de que o consumo seja de 58,32 milhões de toneladas no ano safra 2015/16, a média mensal brasileira seria de 4,86 milhões de toneladas, ou seja, os estoques atuais não seriam suficientes nem para um mês.
A colheita de verão 2015/16 avança em todas as regiões produtoras, mas a Conab estima produção de 28,27 milhões de toneladas, o que significa 6,1% a menos que na temporada anterior.
MANDIOCA: Cotações sobem pela 10ª semana seguida
O clima favorável em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea possibilitou o avanço da colheita de raiz de mandioca. Como resultado, na indústria de fécula, a quantidade de mandioca processada aumentou, mas agentes de fecularias ainda apontam que o ritmo de processamento está abaixo da expectativa para o período. Além do clima, os atuais níveis de preços e a melhora no rendimento do amido também influenciaram o avanço da comercialização de mandioca no período.
Na semana passada, o preço médio a prazo da tonelada da mandioca posta fecularia foi de R$ 327,00 (R$ 0,5687/grama de amido na balança hidrostática de 5 kg), 5,1% acima da média anterior. Esta foi a décima semana de alta consecutiva. Em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI de março/16), o valor médio superou em 72% aquele de mesmo período de 2015.