A UNICA divulgou que a moagem do Centro-Sul na segunda quinzena de maio alcançou 45,2 milhões de toneladas de cana, uma redução de 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado. A produção de açúcar, que chegou a 2,7 milhões de toneladas na quinzena, também foi 7,7% menor comparada ao mesmo período do ano anterior. O mix de açúcar na quinzena foi inferior ao do ano passado. Embora esses números possam parecer promissores, é importante esclarecer alguns pontos antes de adotar uma visão otimista.
Primeiro, se analisarmos o volume de moagem acumulado na safra até agora, ele é de 140,7 milhões de toneladas de cana, quase 12% superior à safra 23/24. Esse volume é o maior dos últimos quatro anos, perdendo apenas para o acumulado na safra 20/21. Nos últimos 10 anos, o volume acumulado até a segunda quinzena de maio representou, em média, 21,4% do total moído no respectivo ano. Excluindo os extremos, a média permanece a mesma, sugerindo que a safra 24/25 pode ser tão grande quanto a safra recorde de 23/24, que foi de 654 milhões de toneladas de cana. Portanto, é necessário cautela.
Na última semana, o desempenho do açúcar em Nova York foi positivo nos três primeiros vencimentos. O contrato de julho/24 encerrou a semana a 19,35 centavos de dólar por libra-peso, 35 pontos acima do fechamento da sexta-feira anterior (equivalente a um aumento de 7,70 dólares por tonelada). Os contratos de outubro/24 e março/25 fecharam mais firmes, com aumentos de 55 e 46 pontos, respectivamente 12 e 10 dólares por tonelada na semana. No entanto, os vencimentos mais longos, de maio/26 em diante, encerraram em queda de 5,50 a 10 dólares por tonelada. Isso pode ter sido causado pela fraqueza do real, que abriu oportunidades de fixação em reais por tonelada para os açúcares dessas safras. O real mais fraco tornou a fixação do açúcar de exportação mais atrativa para os vencimentos nas duas próximas safras.
O real sofre com a fraqueza do governo Lula e a percepção do mercado de que o presidente está desorientado sofrendo constantes derrotas no Congresso. Lula está focado apenas em gastar e promover suas ideias megalomaníacas. A confusão com a MP do PIS e Cofins gerou um forte protesto do empresariado brasileiro, que deu um basta ao aumento da carga tributária. E, como disse um economista nosso leitor, “o Brasil não é mais um país de oportunidades para o cidadão comum (não-político e não-servidor), [e agora] está completando o serviço de expulsão de talentos nas universidades, na indústria e no setor financeiro. Temos um esforço para expulsar o capital, com o Governo (devedor contumaz e caloteiro) e os políticos (sonegadores e patrimonialistas e usurpadores dos bens públicos) minando as condições de sobrevivência do capital aqui”.
Segundo nosso estimado leitor, “as commodities estão mudando o comportamento com relação ao padrão histórico. Aparentemente existe uma busca por ativos reais em minérios (industriais e preciosos), energia e alimentos. A inundação de liquidez nos Estados Unidos e a trajetória da dívida pública está criando uma demanda incomum para as commodities à medida que o FED começar a enxugar a liquidez do sistema e o dólar ficar sob maior pressão. Os movimentos chineses em Taiwan e russos no leste europeu (desafiando a OTAN) também são potenciais fontes de pressão”.
Voltando ao mundo do açúcar, nosso colaborador Marcelo Moreira, alerta para o vencimento das opções de julho-24 na próxima segunda. Aparentemente a grande “briga” do mercado será no preço de exercício 19.50 centavos de dólar por libra-peso. Dependendo do apetite dos fundos o mercado pode tentar buscar novamente os 19.00 centavos de dólar por libra-peso assim como os 20.00. A posição em aberto nesses preços de exercício de 19.00 a 20.00 tem mais de 15,000 lotes nas calls (opções de compra) e 14,000 nas puts (opções de venda). Pode ser que esse volume venha a influir. Enquanto isso, os fundos reduziram suas posições vendidas e agora estão vendidos apenas 71,600 lotes.