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Produção de petróleo nos EUA deve ficar abaixo das projeções em 2023

Publicado 19.01.2023, 11:55
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  • Diante da expectativa de crescimento da demanda mundial, a questão central para os investidores é saber se a oferta petrolífera conseguirá atender o consumo em 2023.
  • As previsões oficiais nos EUA indicam que a produção global de petróleo crescerá em 1 milhão de barris por dia (mbpd), com a produção russa recuando 870.000 bpd.
  • Isso significa que a produção dos EUA precisará crescer em quase 1 mbpd, o que parece ser pouco provável.
  • Na semana passada, analisei alguns aspectos da pesquisa mais recente realizada pela sucursal do Fed em Dallas sobre o mercado norte-americano de energia. Nesta semana, falarei sobre uma das questões mais importantes para o petróleo em 2023: o crescimento da sua produção no país.

    Diante da expectativa de crescimento da demanda global em 2023, sobretudo após a China acabar com suas políticas restritivas contra a Covid, a questão central para os mercados é saber se a oferta petrolífera conseguirá satisfazer o consumo previsto.

    A Administração de Informações Energéticas dos EUA prevê que a produção mundial de petróleo aumentará 1,1 mbpd em 2023, enquanto considera que a oferta da Rússia deve sofrer uma contração de 1,5 mbpd. Além disso, o órgão considera que a produção de outros membros da Opep e seus aliados deva aumentar em 2,4 mbpd. A agência enxerga os Estados Unidos como a maior fonte individual de oferta (40%) entre os países não pertencentes à Opep em 2023, graças, em sua maior parte, à oferta proveniente da região do Permiano. Isso significa que o órgão acredita que os EUA aumentarão suas extrações em 960.000 bpd em 2023.

    Já a Agência Internacional de Energia (AIE) difere um pouco em suas projeções. Ela prevê que a produção global de petróleo crescerá em 1 milhão de barris por dia (mbpd), com a produção da Rússia recuando 870.000 bpd e de outras partes do mundo, 1,9 mbpd. A AIE também acredita que a produção norte-americana responderá pela maior parte do crescimento, mas não chega a especificar quanto.

    A questão para os investidores é saber se a produção nos EUA está preparada para crescer em quase 1 mbpd. Para avaliar isso, é importante examinar os seguintes componentes: ativos, capital, custos e acesso a materiais, mão de obra, regulamentações e preços do barril.

    Ativos

    Geologicamente, os campos de shale oil no Permiano e outras regiões possuem reservas suficientes para permitir um aumento de produção muito maior que 1 mbpd. No entanto, ao que parece, existem menos ativos fáceis de perfurar do que antes. Uma pesquisa recente do Fed de Dallas sobre o mercado de energia, por exemplo, a maturação da base de ativos foi citada pelos executivos do setor como a segunda razão mais importante pela qual a produção não iria crescer com tanta rapidez.

    Capital

    O acesso a capital para aumentar a atividade de perfuração é uma questão-chave que as petrolíferas terão que enfrentar, além de ser um dos principais obstáculos para o aumento da oferta. Os indicativos, no entanto, apontam que a indústria tem acesso a capital suficiente para continuar expandindo as extrações, ainda que a um ritmo de crescimento menor do que o observado em 2022. Mesmo assim, as empresas enfrentaram um aumento de custos em 2022 que não era previsto, o que deve acabar drenando grande parte das despesas de capital para fazer frente a esses custos, em vez de mais perfurações.

    Materiais e mão de obra

    A dificuldade de obter os materiais necessários de exploração, como produtos tubulares de aço, e a dificuldade em reter a mão de obra também obstacularizaram o crescimento da oferta nos EUA. De acordo com a pesquisa de energia do Fed de Dallas, o acesso a materiais e mão de obra, bem como o aumento de custos com esses fatores, continuam impactando a atividade de perfuração, embora o ritmo de aumento dessas despesas esteja diminuindo.

    No entanto, um executivo comentou que, mesmo que o governo remova todas as regulamentações da produção petrolífera, a oferta norte-americana aumentaria apenas 10%, pois não há pessoas suficientes para preencher as funções necessárias. É provável que esses fatores continuem gerando obstáculos para o crescimento da produção em 2023.

    Regulamentações governamentais

    O cumprimento das regulamentações governamentais continua sendo uma razão importante para que os produtores não expandam sua capacidade com a velocidade que poderiam, mas isso já não é o fator mais relevante. É verdade que, se o governo agilizasse as licenças para a infraestrutura de energia necessária, as empresas se sentiriam mais à vontade para expandir a perfuração. Quando a regulamentação governamental é muito rígida ou está em processo de mudança, as empresas tendem a reduzir as perfurações e mantê-las apenas no nível absolutamente necessário. Ainda assim, as companhias do setor acreditam que as normas governamentais são um grande obstáculo para um aumento abundante da oferta de energia de baixo custo nos Estados Unidos. Nada indica, entretanto, que tais regras gerarão mais ônus em 2023 do que geraram em 2022.

    Preços do petróleo

    A volatilidade dos preços afeta a disposição dos produtores em perfurar mais, pois, quando a cotação do barril registra fortes oscilações (como está ocorrendo agora), não é possível estimar de forma segura a receita com cada barril produzido. Por isso, os produtores não conseguem se planejar para o futuro. Além disso, a volatilidade dos preços também prejudica o acesso das empresas a capital. As instituições financeiras ficam menos dispostas a investir na exploração de petróleo, quando seus preços estão oscilando demais; o ideal é que fiquem relativamente estáveis.

    Conclusão

    Todos esses fatores indicam que a oferta petrolífera dos EUA continuará crescendo, porém a um ritmo mais lento em 2023 do que no ano passado, quando a produção norte-americana subiu cerca de 600.000 a 700.000 bpd. Se o crescimento desacelerar, é pouco provável que a produção aumentará 960.000 bpd, como prevê a EIA para 2023.

    No entanto, se virmos um aumento dos preços por um período prolongado, pode ser que isso incentive um crescimento suficiente da produção, fazendo com que se aproxime das projeções feitas pela agência.

    Aviso: A autora atualmente não possui nenhum dos ativos mencionados neste artigo. Publicado originalmente em inglês em 19/01/2023

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