3 ações brasileiras com maior potencial de alta
Depois de bater recordes históricos no início de outubro – ficando acima de US$ 126 mil – o Bitcoin devolveu cerca de 30% e voltou para a faixa de US$ 80/90 mil, apagando todos os ganhos acumulados em 2025 e tirando mais de US$ 1 trilhão do valor de mercado das criptos.
Para entender essa queda, é preciso entender ao menos 5 fatos:
1. Queda global do apetite a risco
A correção do Bitcoin não aconteceu isoladamente: ela veio junto com uma virada de humor nos mercados globais. Ações de tecnologia, especialmente ligadas a inteligência artificial, também sofreram ajuste forte; índices como S&P 500, DAX e Nikkei recuaram ao mesmo tempo em que cresciam as dúvidas sobre o ritmo de cortes de juros pelo Fed e o preço “esticado” de ativos de risco.
Relatórios de bancos como o Deutsche Bank destacam que o Bitcoin se comportou como um ativo de risco clássico: quando o mercado acionário azedou, ele caiu junto, com correlação relevante com Nasdaq e S&P 500. Ou seja: a promessa de “descorrelação total” não se cumpriu neste ciclo. O investidor institucional que reduz risco não vende só ações; vende também Bitcoin.
2. Saída de capital dos ETFs e drenagem de liquidez
Desde o início de novembro, os ETFs spot de Bitcoin – vistos como a “porta de entrada” do dinheiro institucional – começaram a registrar semanas consecutivas de resgates líquidos. Estimativas apontam bilhões de dólares em saídas apenas em novembro, com episódios de resgates diários entre os maiores da história desses produtos.
Ao mesmo tempo, a oferta de stablecoins encolheu, indicando que parte do capital simplesmente deixou o ecossistema cripto, em vez de apenas migrar de ativo dentro dele.
Menos dinheiro novo entrando + dinheiro antigo saindo = um mercado com “tapete puxado” em termos de liquidez, o que amplifica qualquer movimento de preço.
3. Deleveraging violento e efeito cascata de liquidações
Outro ponto comum nas análises é o peso da alavancagem. Em outubro e novembro, o nível de dívidas de margem e posições alavancadas em derivativos de cripto atingiu patamares recordes. Quando o preço começou a escorregar e quebrou suportes importantes, vieram as chamadas de margem e as liquidações automáticas.
Em poucos dias, no mês de outubro, algo entre US$ 19 e 30 bilhões em posições – predominantemente compradas – foi liquidado, no maior evento do tipo na história do Bitcoin. Relatórios falam também de liquidações bilionárias ao longo de novembro, resultando nesta Black Friday especulativa do Bitcoin.
4. Realização de lucros de longo prazo e venda de “baleias”
Depois de um rali que colocou o Bitcoin em novas máximas históricas, parte dos grandes detentores escolheu realizar lucro. Dados on-chain indicam a venda de algo na casa de 42 mil BTC por investidores de longo prazo apenas em novembro – mais de US$ 4 bilhões aos preços recentes.
A isso se soma a atuação de algumas “baleias”: houve ao menos um movimento amplamente reportado de venda de mais de US$ 1,3 bilhão em BTC por um único grande endereço, o que ajudou a acentuar a pressão vendedora na semana em que o ativo rompeu para baixo a faixa dos US$ 80 mil.
Em termos práticos: quem estava sentado em lucros gigantescos desde antes do bull market atual usou a alta para “fazer caixa”. Essa oferta adicional entra justamente num momento em que a demanda via ETFs e varejo enfraquece – e o desequilíbrio pesa no preço.
5. Sinais técnicos negativos e desgaste de confiança
Do ponto de vista técnico, o Bitcoin confirmou recentemente um “death cross” – quando a média móvel de curto prazo cruza para baixo a de longo prazo – acompanhado do rompimento de suportes considerados chave por analistas, na região de US$ 83–85 mil.
Somado a isso, cresce a narrativa do “Great Bitcoin Crash of 2025”, com o ativo passando a performar pior do que ações de tecnologia, ouro e até Treasuries de curto prazo, segundo análises de casas tradicionais. Essa combinação alimenta um fenômeno que o próprio Deutsche Bank já chamou de “efeito Sininho” (Tinkerbell): o Bitcoin depende, em grande parte, da crença coletiva. Quando a confiança balança, a volatilidade explode – para cima na euforia, para baixo na dúvida.
Crash ou correção de um ciclo ainda maior?
Do ponto de vista de fundamentos de longo prazo – adoção institucional, infraestrutura, interesse regulatório, presença em portfólios de grandes investidores – o Bitcoin de hoje é muito mais robusto do que o de ciclos anteriores. Muitos gestores descrevem o momento como uma “consolidação dolorosa, mas saudável” depois de uma alta quase parabólica.
Isso não significa que a queda esteja “proibida” de continuar. Se o cenário macro piorar, se os ETFs seguirem com forte saída e se o mercado insistir em alavancagem excessiva, novas pernadas de baixa são perfeitamente possíveis. Mas, olhando os dados, não é um colapso por “fraude escondida” ou “fim da tese Bitcoin”; é, sobretudo, uma combinação de fluxo, macro e psicologia em um ativo altamente sensível a todos esses vetores.
