Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com.
- O ouro vem em tendência de baixa desde agosto de 2020
- Seguir a tendência acaba com o estresse e permite que o mercado trabalhe para você
- Alocando o lucro de posições vendidas em ouro físico
- Políticas monetária e fiscal dão suporte ao ouro por pelo menos três razões
- A única forma de garantir propriedade do ouro é comprá-lo no mercado físico
O ouro tem decepcionado desde que atingiu a máxima histórica nominal de US$2063 por onça em agosto de 2020. A partir de então, sua tendência tem sido majoritariamente de baixa, mas, sempre que o ouro sinaliza maiores quedas, ele acaba se recuperando. Da mesma forma, sempre que o metal aparenta disposição para atingir novas máximas, as vendas aparecem e o fazem se desvalorizar.
Nos últimos meses, o nível de US$1800 por onça consolidou-se como ponto de pivô para o metal amarelo. Até 29 de setembro, o preço do contrato futuro mais ativo na Comex estava bem abaixo desse ponto de pivô.
Eu sou otimista com o ouro, mas não compartilho da crença quase que religiosa no metal amarelo. Existe uma enorme diferença entre compreender e aceitar o papel do ouro no sistema financeiro e o voraz fervor expresso por muitos investidores que parecem perder a paciência quando o preço cai. Eles apontam para manipulação e outros fatores quando um declínio aponta que os vendedores são mais agressivos que compradores. O cerne da questão é que existe manipulação em todos os mercados, portanto, é preciso saber lidar com ela e se adaptar.
Minha estratégia no ouro é simples. Eu sigo a tendência prevalecente usando uma abordagem sistemática e algorítmica que atua tanto na compra quanto na venda do metal precioso. Minha orientação vendida é completamente agnóstica. No entanto, todo o lucro que eu extraio das minhas operações é redirecionado ao metal, pois eu costumo comprá-lo no mercado físico.
O ouro vem em tendência de baixa desde agosto de 2020
Desde que atingiu a máxima histórica em agosto de 2020, a tendência do ouro é de baixa.
Fonte: CQG
O gráfico semanal mostra uma série de máximas descendentes no ouro nos últimos treze meses. Os indicadores de força relativa e momentum de preço semanais estão abaixo das leituras neutras e em queda, destacando a tendência técnica de baixa.
Em paralelo, o número total de posições compradas e vendidas em aberto caiu de 550.509, no dia em que o ouro atingiu seu pico em 7 de agosto de 2020, para 490.856 em 28 de setembro de 2021. A queda de 59.653 contratos, ou 10,84%, geralmente não é uma validação técnica de tendência de baixa no mercado futuro, mas é difícil argumentar contra uma ação de preços adversa.
Outra razão é que o ouro vem registrando mínimas ascendentes desde que atingiu US$1673,30 no mercado futuro, durante a semana de 8 de março de 2021. Durante a semana final de março, registrou mínima mais alta de US$1676,50. Em agosto, a mínima foi de US$1692,60 no mercado futuro, o que corresponde ao atual nível de suporte técnico a ser observado em caso de queda. O ouro era negociado abaixo do nível de US$1725 em 29 de setembro e estava em tendência em direção à mínima de agosto.
O fato é que o ouro registra tendência de baixa há mais de um ano, e a tendência em qualquer mercado é sempre sua melhor amiga.
Seguir a tendência acaba com o estresse e permite que o mercado trabalhe para você
Eu sigo um princípio básico que levou mais de quatro décadas para ser refinado ao negociar em qualquer mercado. Eu permito que o mercado trabalhe para mim, em vez de eu trabalhar para o mercado. O preço de um ativo nunca está errado, pois é o nível em que compradores e vendedores se encontram em um ambiente transparente. Os preços sobem quando compradores são mais agressivos e caem quando vendedores dominam os compradores.
Em sua obra de 2004, James Surowiecki demonstrou que grupos tomam melhores decisões do que indivíduos. Os princípios de Surowiecki aplicam-se aos mercados. Os mercados refletem a sabedoria popular. Seguir a multidão ou as tendências de preço tende a ser a abordagem correta de operar, na medida em que os fluxos de preço refletem a sabedoria coletiva.
Ao mesmo tempo, investir ou fazer trading pode gerar muito estresse. Eu descobri que seguir a tendência reduz o estresse e permite acabar com qualquer medo ou ganância em relação ao processo de decisão. No ouro, eu sigo o fluxo e o caminho de menor resistência, tanto na compra quanto na venda. Minha abordagem foca no longo prazo, procurando sempre seguir a multidão de compradores e vendedores para atingir excelentes resultados.
Alocando o lucro de posições vendidas em ouro físico
Não sou entusiasta do ouro, mas considero que o metal exerce a função de reserva de valor. Não estou sozinho. Bancos centrais, autoridades monetárias, governos e instituições supranacionais compram ouro como parte integrante dos seus ativos de reserva. Nos últimos anos, eles têm sido compradores líquidos de ouro nos últimos anos.
Eu sempre realizo lucro em operações de curto prazo com operações que seguem a tendência e os utilizo para aumentar minhas posições em barras e moedas de ouro físicas. Eu não vendo o metal físico, já que o considero como um bem patrimonial para futuras gerações que continuará armazenando valor, como tem feito a milhares de anos.
Políticas monetária e fiscal dão suporte ao ouro por pelo menos três razões
Posso ser cético quanto ao caminho de menor resistência dos preços do ouro nos próximos dias, semanas e meses, mas, no longo prazo, minha visão é altista. Políticas monetárias pesaram sobre o valor de todas as moedas fiduciárias, e minha expectativa é que forneçam suporte ao ouro por pelo menos três razões:
- Bancos centrais e governos se tornaram viciados em taxas de juros baixas. O crescimento dos níveis de endividamento faz com que o serviço da dívida fique maior. À medida que a dívida dos EUA segue rumo ao nível de US$430 trilhões, cada aumento de 25 pontos-base na taxa básica de juros dos fundos federais custa mais US$75 bilhões nos custos de serviços da dívida.
- Mesmo que os bancos centrais apertem o crédito, os gastos governamentais continuam disparando. Os EUA estão atualmente debatendo um orçamento de US$3,5 bilhões e US$1 trilhão em um pacote de reconstrução de infraestrutura. O estímulo fiscal continuará sobrepujando a política monetária do Fed nos próximos anos, levando a um quadro de inflação alta ou estagflação. Em qualquer caso, os preços continuarão em alta.
- Elevações de impostos não resolvem o cerne da questão quando o assunto é o aumento da dívida. Embora o governo Biden tenha prometido que as iniciativas fiscais não elevariam os níveis de endividamento, acredito que se trata de um irresponsável salto de fé financeiro. A elevação da dívida dos EUA deteriora o valor do dólar. Como o dólar é a moeda de reserva mundial, outros instrumentos de câmbio internacional fiduciário devem continuar seguindo o dólar em tendência de queda. O aumento dos custos de bens e serviços é prova do declínio da moeda fiduciária. A alta das criptomoedas é uma ameaça ao controle governamental sobre a oferta monetária. Mesmo que as criptos não sobrevivam, indicaram o declínio do valor do dinheiro. As moedas fiduciárias estão respaldadas na fé pública e no crédito dos países que a emitem.
O ouro é um metal com valor intrínseco validado pelos governos ao redor do mundo. Há milhares de anos o ouro atua como reserva de valor. As políticas atuais devem respaldar seu preço no longo prazo. Na virada deste século, o ouro atingiu o fundo a US$252,50 por onça. Nas últimas duas décadas, até mesmo quedas significativas no ouro se tornaram oportunidades de compra. As correções podem durar longos períodos, razão pela qual sigo as tendências. Os recuos têm sido oportunidades de ouro para comprar, por isso mesmo aloco os lucros de moedas fiduciárias no metal precioso.
A única forma de garantir propriedade do ouro é comprá-lo no mercado físico
Quem deseja investir no ouro tem muitas opções. Vários fundos de investimento alavancados ou não seguem o preço do metal. Os contratos futuros e de opções permitem que os participantes do mercado tenham exposição aos preços do ouro sem deter o metal. As ações de mineração de ouro são investimentos em empresas que extraem o metal da crosta terrestre. No entanto, são todos derivativos, por isso o único caminho direto é deter o metal em si.
Não há qualquer garantia de que fundos de investimento terão o mesmo desempenho do ouro em uma crise. Os contratos de opções e futuros podem divergir do ouro se as bolsas ou órgãos reguladores decidirem alterar as regras dos contratos. As empresas mineradoras de ouro podem perder seu brilho se governos decidirem nacionalizar minas ou se surgirem outros problemas. As barras e moedas de ouro são a única forma de garantir que um investimento no metal seja efetivo.
Eu uso todos os derivativos para seguir tendências. Quando a tendência é minha amiga e me permite obter lucro, eu o invisto no metal, uma estratégia que tenho seguido há décadas.