Rápida, “barata” e livre de emoção: Como a IA está mudando a forma de investir

Publicado 23.07.2025, 14:20
  • A inteligência artificial permite decisões mais rápidas e precisas no mercado, com base em grandes volumes de dados;
  • Permite ainda automatizar operações, reduzir custos e melhorar a gestão de risco em tempo real;
  • Apesar dos benefícios, a IA também traz riscos, como manipulação de mercado, aumento da volatilidade e desafios éticos relacionados ao uso de dados;
  • Quer investir melhor em qualquer cenário? Use ferramentas treinadas de IA do InvestingPro para descobrir as melhores oportunidades. Clique aqui!

Em 6 de maio de 2010, os mercados acionários dos Estados Unidos despencaram quase 10% em questão de minutos. O episódio, que ficou conhecido como flash crash, não foi provocado por notícias, indicadores econômicos ou qualquer decisão de política monetária do Fed. De acordo com a CFTC (Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA), o gatilho foi uma ordem massiva de venda de contratos futuros do E-Mini S&P 500, executada por um fundo mútuo e disparada por um algoritmo.

Essa ordem acabou acionando outros algoritmos de alta frequência (HFT), que passaram a vender em sequência. Antes do flash crash de 2010, a negociação algorítmica ainda era limitada.

Flash nos mercados

Desde então, tornou-se o modelo predominante nos mercados. Mais recentemente, a ascensão da inteligência artificial passou a desempenhar papel central na construção de algoritmos de negociação. Hoje, é a IA que alimenta o coração do mercado financeiro.

Contar apenas com uma visão macroeconômica sólida ou com boa análise técnica já não é suficiente para garantir competitividade. Compreender como a IA influencia os mercados, seus mecanismos, benefícios e riscos, tornou-se igualmente essencial. Por isso, vale explorar como ela está moldando o funcionamento das finanças globais.

A inteligência artificial em ação

A IA tem acelerado de forma exponencial a capacidade de análise e execução de operações nos mercados. Está deixando para trás não apenas os seres humanos, mas também algoritmos tradicionais que não contam com seu suporte. Ao processar grandes volumes de dados, como preços, lucros, indicadores macroeconômicos e sentimentos de mercado, a IA consegue identificar padrões e oferecer insights em velocidade muito superior à das abordagens convencionais.

Fundamentalmente orientada por dados, a inteligência artificial elimina emoções e vieses humanos, entregando decisões racionais, frias e calculadas.

Veja alguns exemplos práticos de como a IA já está sendo utilizada por investidores:

  • Aladdin, da BlackRock (NYSE:BLK), utiliza IA para processar vastos conjuntos de dados, incluindo preços de ativos, lucros e variáveis macro, com o objetivo de construir e rebalancear portfólios em tempo real. Atua no gerenciamento de risco e retorno em milhares de ativos, sendo usado por grandes investidores institucionais, como fundos de pensão e hedge funds.
  • TradeRiser emprega processamento de linguagem natural para analisar postagens em redes sociais, notícias e teleconferências de resultados, medindo o sentimento dos investidores. Ajuda a identificar ações com percepção positiva ou negativa antes que o mercado reaja.
  • CopyTrader, da e-Toro, permite que investidores, sejam institucionais ou de varejo, repliquem em tempo real as operações dos principais gestores da plataforma.

Da mesma forma, a ferramenta Simple AI do SimpleVisor permite avaliar ações com base nos princípios de investimento de grandes nomes da história. Um exemplo é a visão da IA “Ben Graham” sobre a Apple (NASDAQ:AAPL).

Redes neurais, inspiradas no funcionamento do cérebro humano, conseguem identificar padrões complexos e não lineares muitas vezes despercebidos por analistas humanos.



Análise Ben Graham

Benefícios para investidores e mercados

Em vez de esperar dias ou semanas por relatórios tradicionais, a IA pode ajustar portfólios em poucos minutos com base nos dados mais recentes. Essa capacidade de identificar padrões complexos e executar ordens com agilidade confere vantagem tanto a investidores de varejo quanto institucionais. Em momentos de alta volatilidade, como observado em abril, essa agilidade se torna ainda mais relevante.

Outro benefício é o custo. Diferentemente de gestores tradicionais, os sistemas de IA não demandam equipes extensas, o que reduz significativamente as despesas operacionais. Plataformas como Betterment e WealthFront, por exemplo, cobram taxas muito inferiores às dos assessores financeiros tradicionais.

Essa combinação de sofisticação com acessibilidade tem democratizado o mercado financeiro, permitindo que pequenos investidores adotem comportamentos semelhantes aos de grandes instituições.

Os efeitos positivos não se restringem a quem usa IA diretamente. Algoritmos baseados em inteligência artificial elevam a liquidez dos mercados e contribuem para a estabilização dos preços. Além disso, sua capacidade de explorar rapidamente oportunidades de arbitragem ou ineficiências temporárias, como observado no flash crash de 2010, pode reduzir a volatilidade. Se a IA estivesse plenamente operacional naquela época, o crash teria sido evitado ou, talvez, ainda mais grave? Vale (BVMF:VALE3) refletir.

Riscos da IA nos mercados

Até aqui, o texto focou nos benefícios. Mas é essencial considerar os riscos.

Como vimos no exemplo de 2010, algoritmos podem desencadear movimentos abruptos de mercado sem que haja fundamento concreto. À medida que o uso de IA cresce, aumenta o risco de que diferentes modelos passem a adotar comportamentos semelhantes, favorecendo episódios de groupthink, e, com eles, possíveis quedas ou altas aceleradas.

Por outro lado, a velocidade com que esses sistemas detectam distorções e oportunidades de arbitragem é maior do que a dos algoritmos tradicionais, o que também pode impedir um flash crash antes que ele se concretize.

Apesar do potencial de estabilização, existe a preocupação de que a IA aumente o nível basal de volatilidade. A velocidade com que sentimentos de mercado são captados e traduzidos em ordens pode provocar oscilações intensas.

Um exemplo recente: em 16 de julho de 2025, a deputada Anna Paulina Luna (Flórida) publicou na rede X que teria ouvido do presidente Trump que o presidente do Fed, Jerome Powell, seria demitido imediatamente. Anteriormente, declarações como essa demorariam horas para afetar o mercado. Desta vez, a reação foi imediata.

Sistemas de IA varriam redes sociais em busca de sinais operacionais, e encontraram. Isso desencadeou movimentos bruscos nos mercados de ações e de renda fixa. Em outro contexto, o próprio presidente poderia ter rebatido o boato antes que o mercado reagisse.

Título de 30 anos nos EUA

Fraude e dilemas éticos

A manipulação de mercado é mais uma vulnerabilidade associada à IA. Agentes mal-intencionados podem explorar a leitura de sentimento dos algoritmos por meio de postagens falsas em redes sociais. Bots podem amplificar essas mensagens, fazendo-as alcançar mais investidores.

Com a notícia falsa em circulação, o mesmo operador pode executar ordens automatizadas para reforçar a ilusão. O objetivo é enganar outros algoritmos de IA, que reagem a preço e sentimento, fazendo com que embarquem na estratégia.

Questões éticas também merecem atenção. Caso uma IA tenha acesso a informações pessoais, como posições e históricos de investimento, até que ponto esses dados poderiam ser compartilhados com outros sistemas? Conhecimento proprietário, além de dados pessoais, também pode estar em risco.

Os avanços proporcionados pela IA nos mercados financeiros são inegáveis, mas não vêm sem custo. Este texto procurou apresentar tanto os benefícios quanto os desafios e riscos associados a essa tecnologia.

Embora o tema seja vasto, a intenção foi provocar reflexão sobre como a inteligência artificial molda os mercados, e, por consequência, influencia diretamente o patrimônio dos investidores.

Encerramos pedindo ao Grok que identifique os três maiores benefícios e os três principais riscos associados aos algoritmos movidos por IA.

Grok

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