A criação de postos de trabalhos nos Estados Unidos no mês de fevereiro foi melhor do que se esperava, causando um ajuste nas carteiras dos investidores, que são quase unânimes em acreditar em um incremento da taxa de juros americanos na reunião do FED da próxima terça e quarta-feira.
O “rebalanceamento” nos mercados de risco começaram a acontecer no meio da semana passada, quando da divulgação por um instituto privado sobre a situação de emprego na maior economia do planeta.
As bolsas de ações cederam em cinco dias muito em função de uma tomada de lucro por parte de quem está comprado e quer diminuir o risco caso a mensagem do FOMC seja mais forte e indique a continuação do aumento do custo do dinheiro.
As commodities também tomaram uma pancada, tendo o petróleo perdido quase 9%, dos quais 5% foram após a divulgação dos estoques desta matéria-prima. Dentre os componentes do CRB o níquel foi o maior perdedor com queda de 10.82%, seguido pelo contrato do WTI e depois pelo óleo de aquecimento e o açúcar. Na verdade apenas os contratos de Gás Natural, de Gado, de Suíno Magro e de Alumínio acumularam altas – entre 0.19% e 3.69%.
O café arábica ficou muito próximo da mínima recente, US$ 139.65 centavos, nível que se for rompido vai desencadear uma onda de liquidações entre os comprados. A performance não é muito animadora dado o posicionamento dos participantes que pode tanto fazer os fundos venderem mais, como os comerciais ficarem menos agressivos em colocar compras em seus livros – por estarem aproveitado as baixas recentes.
Curiosamente o fluxo de negócios físicos na principal origem foi levemente melhor, parcialmente ajudado pela desvalorização do Real brasileiro – em meio ao “rebalanceamento” de recursos com a mudança do mercado de renda fixa americano e também a com situação local frágil no campo político.
Os torradores internacionais tem aparecido com alguma demanda, mas nada que anime muito os que não tem muitas posições nos livros. Os diferenciais apertados para quem precisa repor café não é sentido pelos compradores de fora, já que alguns recebem ofertas de quem ainda tem longs montados na grande oportunidade oferecida em Novembro do ano passado.
Vendas de outras origens e o spot nos destinos dão uma tranquilidade a quem precisa comprar, salvo, claro, algumas qualidades específicas. Entre os suaves o aparecimento de cafés para serem certificados demonstram uma dificuldade de colocação de algumas qualidades, sinal negativo para quem acreditava que em pleno o pico da entressafra estaríamos vendo uma utilização maior dos estoques da bolsa.
A CECAFÉ divulgou que o Brasil exportou 2.44 milhões de sacas em fevereiro, volume que tem decrescido em linha com quem crê em uma safra menor, muito embora precisamos ver uma queda ainda maior dos embarques para não causar uma calibragem no que se imagina ter sido a colheita em 16/17.
Se os prognósticos de uma safra atual próxima de 50 milhões de sacas estiverem corretos há uma chance de vermos inclusive o Vietnã exportar mais café do que o Brasil em alguns dos próximos meses.
O apelo para que os fundos renovem compras no arábica e segurem suas vendas dependerá de novidades que, por ora, não estão aparecendo. Para ajudar os baixistas houve uma desvalorização da moeda brasileira, que deve desencadear novas vendas de fundos de sistema/algorítmo.
A proximidade do ínicio da colheita do conilon em algumas regiões também deve deixar desapontado os comerciantes e/ou produtores que eventualmente tenham segurado suas vendas apostando em novas altas.
É bom lembrar que o dólar firmando mais, tirará o potencial de alta do contrato “C”, fazendo o mesmo romper o nível mais baixo do intervalo entre US$ 140 e US$ 160 centavos por libra no curto-prazo, e finalmente testando quanto mais apetite a industria terá para prover suporte ao terminal.
Um movimento que se sustente acima de US$ 145.00 centavos por libra é necessário para dissipar o tom negativo do curto-prazo.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,