Será que vai dar cídio?
Modelo binomial
Felizmente, o primeiro pregão do ano não diz nada, nem traz augúrio algum.
A habilidade do primeiro pregão de prever a performance da Bolsa no ano se equipara à de jogarmos uma moeda.
Prefiro então jogar uma moeda, pois é mais divertido.
Se der cara, tudo fica como está.
Se der barata, tem impeachment.
Efeito Samarco
Por enquanto, a moeda brasileira está nas mãos de um apostador chinês.
Bolsas asiáticas fecharam em leve queda após o susto de ontem.
Trata-se, mais uma vez, de uma performance disfarçada.
Shanghai chegou a recuar -3%, e só se recuperou mediante um amplo programa de socorro do Governo chinês.
O Banco Central, por exemplo, injetou US$ 20 bi em fundos.
E reguladores prometeram estender o banimento a operações vendidas.
Quanto mais represamos o problema agora, maiores as chances de romper a barragem num futuro incógnito.
Uma boa surpresa
Se o futuro é mesmo incógnito, pode ser para o bem ou para o mal.
Ontem tivemos uma boa surpresa vinda do comércio exterior: saldo comercial de quase US$ 20 bi em 2015 (mercado esperava US$ 15 bi).
O último Focus indica US$ 35 bi para 2016.
Com câmbio entre R$ 4,00 e R$ 5,00, achamos que vem mais. Principalmente pela coragem que as importações exigem a partir de agora.
Mas acalmem-se os ânimos.
Temos saldo positivo em balança comercial, mas a conta corrente brasileira ainda insistirá em sangrar.
Investicídio
Nelson Barbosa está feliz com o novo câmbio (certamente, mais feliz do que o Tombini).
Dilma também procura suas felicidades.
A presidente quer anunciar, ainda em janeiro, diversas medidas para que o crescimento seja retomado, mas - veja bem - sem abandonar o ajuste fiscal.
Fico intrigado quando ouço que a solução para o País em 2016 é investimento, investimento, investimento...
O sujeito está com cartão bloqueado, mulher fugiu de casa, dez mensalidades do carro pra pagar, financiamento imobiliário infinito e perdeu o fiado do boteco da esquina… mas está louco para investir.
Expandicídio
lan Goldfajn, do Itaú (SA:ITSA4), definiu perfeitamente o que seria o abandono do ajuste fiscal: “um verdadeiro expandicídio”.
É engraçado, pois a vontade de fazer estímulos à la Terceiro Mandato só vem aumentando.
Em compensação, a capacidade de fazer esses estímulos tornou-se negativa.
Ou seja, expandicídio.
Ao expandir os gastos públicos num contexto como o atual, Dilma decretará seu próprio fim - hipótese devidamente contemplada nas alocações de investimento da Carteira Empiricus.