Publicado originalmente em inglês em 06/04/2021
Os investidores pararam de impulsionar os rendimentos dos títulos do tesouro americano (treasuries), após repetidas manifestações de autoridades do Federal Reserve no sentido de que as apostas de analistas em uma alta prematura dos juros eram exageradas.
Evidentemente, “prematuro” é um termo relativo, já que significa fim de 2022 no mundo dos treasuries, enquanto os formuladores da política do Fed sugerem início de 2024.
O rendimento da nota de 10 anos oscilou bastante na segunda-feira, enquanto o de vencimentos mais longos permaneceu estável. O papel de 10 anos disparou até quase 1,74% antes de corrigir para 1,704% no fim do pregão.
Já o título de 30 anos atingiu quase 2,39% antes de fechar a 2,35%. A curva de rendimentos inclinou-se levemente diante da ampliação do spread entre as notas de 2 anos e 10 anos para 153 pontos-base (pb).
O relatório mensal do Departamento de Trabalho sobre as folhas de pagamento não agrícolas, divulgado na sexta-feira, mostrou que a economia dos EUA criou 916.000 vagas, bem acima das 675.000 esperadas. Isso fez com que o rendimento da nota de 10 anos subisse 5 pb, para cerca de 1,72%.
O plano de gastos de US$ 2,25 trilhões anunciado na semana passada pelo presidente Joseph Biden, que está aumentando as expectativas de inflação e juros, começou a enfrentar obstáculos na segunda-feira, diante da oposição de dois democratas no Senado.
Como a casa legislativa está dividida em 50-50, os democratas precisam de cada um dos seus votos para aprovar a legislação sem depender dos republicanos.
Joe Manchin, da Virgínia Ocidental, disse que a elevação do imposto empresarial para 28% previsto no plano para compensar os gastos maiores desestimulava sua adesão, e essas reservas também foram expressas por outros democratas. O ex-empresário Mark Warner, da Virgínia, demonstrou preocupação com os atuais planos, dizendo que precisa de mais informações antes de apoiar a lei de gastos.
De qualquer forma, fica cada vez mais evidente que o plano precisará ser dividido em legislações separadas para conseguir ser aprovado.
Na Europa, alguns governos começaram a limitar as ofertas de compra de hedge funds em títulos, pois consideram que elas estejam dando informações erradas aos emissores sobre a demanda subjacente. A suspeita é que os hedge funds estejam exagerando em sua demanda para obter o que realmente querem, já que o Banco Central Europeu domina o mercado secundário com suas compras de ativos.
França, Espanha e UE estariam restringindo as ordens de hedge funds em consórcios, em vista dos níveis recordes de emissões registrados no continente. A ING afirma que os governos da zona do euro emitiram 373 bilhões de euros no primeiro trimestre, incluindo leilões e consórcios, um ganho de 20% sobre o mesmo trimestre do ano passado. A demanda tem permitido que os governos se endividem com juros extremamente baixos.
A liquidação dos treasuries desacelerou diante da preocupação dos investidores com a inflação, mas a expectativa dos analistas é que essa hesitação não dure muito.