Depois de um ano difícil em 2020, parece que os investidores da Disney (NYSE:DIS) (SA:DISB34) enfrentarão ainda mais dificuldades pela frente. A ação estendeu suas perdas quando a gigante do entretenimento indicou, na semana passada, que ficaria aquém das previsões de crescimento dos analistas para o atual trimestre.
Durante uma conferência empresarial recente, o CEO, Bob Chapek, declarou que a companhia adicionaria menos usuários novos ao Disney+ do que os analistas esperavam no quarto trimestre fiscal de 2021 que se encerra em 3 de outubro.
“O desempenho trimestre a trimestre não é linear”, afirmou Chapek, ao falar em uma conferência virtual do Goldman Sachs, dizendo ainda:
“Estamos plenamente confiantes em relação ao crescimento do nosso número de assinantes no longo prazo, mas haverá um pouco mais de ruído do que Wall Street talvez espera”.
Nos últimos seis meses, as ações da Disney caíram mais de 6%, um desempenho pior que o da sua rival mais próxima, a Netflix (NASDAQ:NFLX) (SA:NFLX34), cujas ações se valorizaram 19% nesse período.
Os papéis da DIS fecharam a quarta-feira cotados a US$172,68.
Diversos fatores explicam esse ciclo de baixa da Disney. E, em nossa visão, ainda há mais espaço para continuar.
O principal fator é o desempenho desigual do serviço de streaming de vídeo da companhia. Depois de se estabelecer entre os líderes em um mercado extremamente competitivo, desde seu lançamento em novembro de 2019, essa fraqueza era algo bastante esperado.
Melhor aposta depois de Netflix
Beneficiado pelo ambiente de isolamento durante a pandemia, o número de assinantes do Disney+ alcançou 116 milhões no trimestre mais recente, tornando-se o segmento de negócios com crescimento mais rápido dentro do império de entretenimento da companhia. O crescimento da divisão ajudou a compensar os enormes prejuízos absorvidos pela Disney em decorrência do impacto exercido pelos fechamentos de seus parques temáticos e cinemas durante os lockdowns da Covid-19.
Com a reabertura da economia global e as pessoas buscando outras opções de entretenimento, é pouco provável que o crescimento do número de assinantes seja linear. Dito isso, o Disney+ continuará sendo a melhor aposta depois da Netflix no mundo do streaming, por ter uma marca poderosa, grande liderança na produção de conteúdo de qualidade e potencial de expansão global.
Para manter os atuais assinantes contentes e trazer novos para a sua plataforma, a Disney colocou em produção dezenas de filmes e programas de televisão para o serviço. No próximo ano, a empresa continuará se expandindo para novos mercados externos que ainda não têm acesso ao Disney+.
Em nota recente aos clientes, o Wells Fargo disse que as preocupações dos investidores com a projeção de assinantes era exagerada, e a companhia ainda pode atingir sua meta de 260 milhões de assinaturas até 2024.
Analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS), que estão entre os mais otimistas com as ações da Disney, acreditam que o forte processo de produção de novos conteúdos originais da empresa e outras medidas proativas devem contribuir para o crescimento do número de assinantes.
Ao combinar esse crescimento com os geradores tradicionais de receita da Disney, como seus parques temáticos, produtos de consumo, estúdios de cinema e redes de televisão, o que se tem é uma excelente empresa capaz de gerar muito caixa quando a pandemia terminar e a vida voltar ao normal.
Já há sinais de que existe uma enorme demanda reprimida pelas ofertas de entretenimento da Disney. A volta dos turistas aos parques impulsionou o balanço da Disney no último trimestre, com os principais resorts permanecendo abertos durante todo esse período.
A divisão de produtos de consumo e parques temáticos da companhia registrou seu primeiro trimestre de lucro em mais de um ano. A receita da divisão, que inclui o Walt Disney World e os resorts da Disneylândia, aumentou 300% em relação ao mesmo período do ano passado, e o segmento apurou lucro de US$356 milhões no trimestre.
Conclusão
O ciclo de queda das ações da Disney pode se estender pelo quarto trimestre, enquanto o explosivo crescimento do seu serviço de streaming retorna a um nível mais normal de crescimento, o que pode gerar dúvidas em alguns investidores com relação ao futuro. Mas essa fraqueza é uma oportunidade de compra para investidores pacientes, em vista dos incomparáveis ativos da companhia e seu potencial em um mundo pós-pandemia.