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O relatório de oferta e demanda (WASDE) do USDA, divulgado hoje, trouxe dados que alteram significativamente o panorama fundamentalista para o milho no cenário global, com implicações diretas para o mercado brasileiro. A mensagem central do relatório foi clara: a oferta mundial para o ciclo 2025/26 será menor do que o mercado antecipava, criando um viés de alta para os preços.
Os Pilares da Tese Altista
A análise dos números revela três pontos cruciais que sustentam a nova perspectiva de mercado:
Quebra na Expectativa da Safra Americana: O USDA reduziu a projeção de produtividade da safra dos EUA para 179.2 bushels por acre, um número abaixo do consenso de mercado. Isso se traduz diretamente em uma menor produção no maior player do mundo, diminuindo a disponibilidade global do grão.
Redução dos Estoques nos EUA e no Mundo: Como consequência da menor produção, os estoques finais americanos foram cortados para 1.98 bilhões de bushels, um nível psicologicamente importante. Globalmente, a redução foi de 2,6 milhões de toneladas, para 272,5 milhões. Estoques menores significam menos "colchão" para absorver qualquer problema futuro de safra ou picos de demanda, tornando o mercado mais sensível e propenso a altas.
Cenário de Comércio Favorável ao Brasil: O relatório manteve a projeção de exportações reduzidas para a Argentina, nosso principal concorrente. Com menos oferta vinda dos EUA e da Argentina, o Brasil se consolida como o fornecedor mais importante e competitivo para o segundo semestre.
A Síntese Estratégica: Demanda Global vs. Oferta Local
Até a divulgação deste relatório, o mercado vivia um cabo de guerra. De um lado, os dados da CONAB apontavam para uma grande safrinha no Brasil, um fator que pressionava os preços para baixo. Do outro, a expectativa de uma forte demanda de exportação, impulsionada pelo dólar alto, dava suporte.
O relatório do USDA funcionou como um forte impulso para o lado da demanda. Ele confirma que o mundo precisará do milho brasileiro. A demanda internacional, agora com fundamentos mais sólidos, tem maior capacidade de absorver a grande oferta da nossa safrinha.
Visão Fundamentalista para as Próximas Semanas
A narrativa mudou. O foco deixa de ser apenas o "peso da grande safra brasileira" e passa a ser a "necessidade da demanda global". O cenário de aperto nos balanços mundiais tende a dar forte sustentação aos preços do milho na B3 (BVMF:B3SA3), especialmente enquanto o câmbio se mantiver em patamares elevados.
A atenção do mercado agora se volta para a materialização dessa demanda, que será observada através do ritmo dos embarques nos portos brasileiros, e para o desenvolvimento final da safra americana, onde qualquer novo problema climático pode ter um impacto ainda mais significativo nos preços. A força dos fundamentos altistas ganhou um peso considerável.