Tem investidor de renda fixa que acha que título público do Tesouro é tudo a mesma coisa. Basta escolher o que paga a maior taxa e carregá-lo até o vencimento.
Sinto informar que quem pensa assim está redondamente enganado(a).
O Tesouro Direto tem três tipos diferentes de títulos: os prefixados, os indexados à inflação e os pós-fixados.
Cada título se comporta de uma maneira diferente e terá uma boa rentabilidade em uma fase distinta do ciclo econômico e de juros.
Tem título que ganha mais quando os juros sobem; tem título que ganha mais quando os juros caem.
Além disso, mesmo conseguindo escolher o melhor tipo de título para o momento, há uma grande diferença entre os papéis no que se refere ao vencimento.
Títulos com vencimento no longo prazo se comportam de maneira totalmente diferente dos títulos de curto prazo. É possível que títulos curtos prefixados subam ao mesmo tempo que títulos longos prefixados caiam.
Pode até parecer loucura, mas é a mais pura realidade.
Ou seja, quando for investir em um título, você tem que pensar:
1. Qual dos três tipos disponíveis vou escolher? Prefixado, indexado ou pós-fixado?
2. E o prazo de vencimento? Longo, meio da curva ou curto prazo?
3. De qual indexador? Privado ou público?
Escolher a natureza correta com o prazo errado pode gerar prejuízos.
Vamos a um exemplo: ano de 2015, quando o Banco Central, comandado na época por Alexandre Tombini, levou a taxa Selic de +7,25 para 14,25 por cento ao ano — as taxas de curto prazo prefixadas caíam, enquanto as longas não paravam de subir.
Isso acontecia porque o mercado acreditava que o BC estava forçando a barra, subindo os juros muito menos do que o necessário, e que tal conduta aumentaria o risco de inflação futura, fazendo com que ele tivesse que subir mais a Selic no longo prazo.
Logo, perdeu dinheiro quem comprou prefixados longos e ganhou quem comprou prefixados curtos.
Escolher o prazo correto do título, mas errar no tipo dele também pode acarretar prejuízos.
Veja o que aconteceu em 2018, por exemplo: enquanto a inclinação (taxa de 5 anos menos a taxa de 2 anos) dos prefixados longos subiu 33 pontos-base (bps), a inclinação dos indexados longos caiu 9 pontos-base.
Ou seja, quem investiu em indexados ganhou, ao passo que quem investiu em prefixados perdeu.
Por último, é possível ganhar muito dinheiro acertando na natureza do título e no prazo (durante um tempo), mas perder toda a rentabilidade no ano seguinte.
Em 2012, quando o BC forçou os juros para baixo, as taxas das NTN-Bs longas apresentaram uma forte queda, valorizando seus PUs em 58 por cento.
Mas como a queda da Selic não era sustentável e acelerava a inflação, o BC teve que subir tudo de novo depois, aumentando novamente as taxas e desvalorizando o título em 63 por cento!
Ou seja, quem se manteve investido na NTN-B 2035, principalmente durante 2012 e 2013, não ganhou absolutamente NADA! Em contrapartida, quem vendeu o título em 2012 colocou no bolso um rendimento de quase +60 por cento no ano.
Isso tudo é para mostrar que há duas formas de investir em título públicos:
A primeira é comprar qualquer título, carregá-lo até o vencimento e ganhar a taxa acordada.
A segunda é fazer uma gestão ativa: escolher o título certo, com prazo certo, pelo período certo, e ter o potencial de ganhar retornos tão agressivos quanto se ganharia na Bolsa (+58 por cento), mas com aplicações de renda fixa.
Para escolher o título correto, é preciso conhecer a economia, entender o mercado e acompanhar os movimentos do Banco Central.
Atualmente, estamos passando por um ciclo de aumento da taxa Selic. A inflação ainda surpreende o mercado para cima, fazendo com que o BC não consiga parar de subir os juros.
Com isso, os prefixados e indexados à inflação estão tendo suas taxas revisadas para cima, causando prejuízo de marcação a mercado para quem tem esses títulos.
Preço do Prefixado 2025:
Percebe que o momento atual é desafiador para os prefixados?
Ainda mais se considerarmos o risco fiscal de um ano eleitoral, com pressões por reajustes, isenções de impostos, entre outros?
Um abraço e até a próxima!