Olá, caro leitor.
Hoje, dia 30 de dezembro, marca o último pregão de 2024. Sendo assim, para uma retrospectiva, elaborei o presente estudo buscando sumarizar como o mercado acionário brasileiro se comportou neste ano. A seguir, apresento as premissas e os principais achados das análises.
Para formar a amostra, considerei os papéis (ações e units) que atualmente fazem parte da carteira teórica do Índice Brasil 100 (IBrX 100 B3 (BVMF:B3SA3)), composto pelos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado local. Em rigor, hoje são 101 constituintes, já que em 16 de dezembro a Automob (fruto de renegociação societária entre Vamos e Simpar (BVMF:SIMH3)) estreou na bolsa e no índice. Como a amostra para esse ativo é ainda muito pequena, tomei a liberdade de desconsiderá-lo. Na pesquisa foram levados em conta retornos totais (isto é, com base nos preços ajustados a proventos), sendo os dados foram retirados da plataforma Quantum Axis.
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, iniciou o ano próximo aos 135 mil pontos. Durante o primeiro semestre, apresentou desvalorização, em específico a partir de maio - o menor valor (cerca de 119 mil pontos) foi atingido em meados de junho. No segundo semestre, o mercado ensaiou uma recuperação, superando 137 mil pontos ao fim de agosto, porém, de setembro em diante o que se viu foi nova queda consistente de preços. No momento em que escrevo o texto, o índice se encontra próximo aos 120 mil pontos, valor similar à mínima do ano. Em comparação com o fechamento de 2023, a desvalorização supera 10%.
Das 100 ações avaliadas, apenas 21 apresentam retornos acumulados positivos no ano. Dentre as maiores valorizações, destacam-se Ambipar (BVMF:AMBP3), Embraer (BVMF:EMBR3) e companhias do segmento de carnes e derivados. Na Ambipar, a alta pode ser parcialmente explicada por uma série de fatores, em especial o “short squeeze” ocorrido no segundo semestre. Na Embraer, pesou positivamente a maior carteira de pedidos aliada a melhora de eficiência operacional, enquanto o segmento de carnes e derivados se beneficiou da valorização do dólar frente ao real, haja vista a forte característica exportadora dos frigoríficos.
Na outra ponta, a maior desvalorização até então foi atrelada à companhia aérea Azul (BVMF:AZUL4), que passa por um momento complicado de reestruturação de dívidas e viu a BlackRock (NYSE:BLK), uma das principais gestoras do mundo, se desfazer de parte de sua participação acionária no mês de setembro. Outros segmentos (comércio varejista e educação, por exemplo) também sofreram bastante, parte por questões específicas e parte por um cenário macroeconômico complicado para as operações.
Em termos de volatilidade (aqui medida pelo desvio padrão dos retornos diários e apresentada em base anualizada), é possível perceber que companhias do setor de energia e os bancos se destacaram dentre as mais estáveis, como historicamente costuma acontecer. Do outro lado, também como era de se esperar, é possível identificar ações de segmentos tradicionalmente mais sensíveis a mudanças no cenário macro (construção civil e companhias aéreas, por exemplo).
Considerando a mediana dos volumes financeiros diários, os ativos mais transacionados no ano foram Vale (BVMF:VALE3), Petrobras (BVMF:PETR4), Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4), B3 e Bradesco (BVMF:BBDC4). Em termos de liquidez, Vale e Petrobras estão em um patamar distinto dos demais - os dois foram os únicos cujos volumes diários (medianas) superaram R$ 1,0 bilhão.
Por fim, com base nos preços de fechamento mais recentes, é possível calcular o valor de mercado de cada uma das empresas. Os gigantes Petrobras, Itaú Unibanco e Vale seguem liderando a lista. Contudo, dados os recentes movimentos de preços de Vale e WEG (BVMF:WEGE3) no ano (-23% +48%, respectivamente), é possível que vejamos em breve a tradicional mineradora perdendo seu lugar no pódio.
Espero que o resumo lhe tenha sido útil e agregue para suas decisões de investimento vindouras. Por favor fique à vontade para compartilhar seus comentários com relação aos pontos aqui trazidos e/ou para dividir suas perspectivas quanto ao ano que se inicia em breve.
Desejo uma ótima semana e um feliz 2025!