Verba volant, scripta manent
Mesmo que estivesse ocorrendo uma hecatombe nuclear no dia, não conseguiria começar nossa conversa de hoje falando de outra coisa que não as novidades que o Felipe anunciou pela manhã. Nada ocupa minha mente como isso.
Por que? No curto prazo, mercados são inerentemente instáveis (e adoramos isso), mas toda tempestade é sucedida por bonança. Os temas que habitualmente trago para cá se tornam, inevitavelmente, passado em semanas ou meses. "Tudo passa", ensinou Parmênides 2500 anos atrás. "Verba volant" (a palavra voa), lembrou Temer meses atrás em sua fatídica (e histórica) carta a Dilma.
Por outro lado, há o perene; a "substância" de Aristóteles, destinada a permanecer e ecoar através dos tempos e mudar os rumos da História - e, por conseguinte, da vida de nossos clientes. É esse o nosso estado de espírito diante do anúncio que hoje fizemos: teremos Paulo Tenani no Palavra do Estrategista.
Tal qual Theresa May dias atrás, sentimo-nos "honrados e humilíssimos" diante do aceite de Tenani em partilhar suas visões conosco e nossos clientes. Levaremos o Palavra a outro patamar - um glorioso caminho sem volta. Perto do porvir, nossa caminhada até aqui se apequena.
Um marco dessa magnitude exigia, imprescindivelmente, que reabríssemos o Palavra do Estrategista a novos assinantes. Queremos que o maior número possível de pessoas vivencie esse momento ímpar.
Tempos fabulosos se aproximam.
Chegou o síndico
Estamos vivendo um momento único.
Nos últimos dias: Eduardo Cunha chorou, Paulo Ghiraldelli recomendou ajuda profissional para Marilena Chauí e... PT e PCdoB votaram em um candidato do DEM - do DEM!
Ignorando a crise de aflição de última hora de 9 em cada 10 repórteres de política, Marcelo Castro se mostrou um tigre de papel. Levou ainda menos votos do que Dilma foi capaz de amealhar contra a abertura de seu processo de impeachment. Significa.
Rodrigo Maia é o novo presidente da Câmara. Os mesmos que apostavam que Castro embaralharia a disputa dizem, agora, que a vitória dele é uma derrota para Temer, que preferiria Rogério Rosso e agora terá de conviver com a fragmentação do "centrão".
Sinceramente: qual, dentre os desfechos possíveis para a disputa, seria visto pela imprensa local como positivo? Simplesmente nenhum! Se Cristo descesse dos céus, andasse sobre o espelho d'água do Congresso e assumisse em pessoa a cadeira central da Mesa Diretora, haveria quem achasse ruim para Temer.
Dentre outros predicados, Maia é um moderado. É pró-ajuste fiscal. Contará com boa interlocução com os pares e prescinde de associações com Cunha - fator que pesava contra Rosso. Contribuirá com a governabilidade. Ajudará a votar projetos importantes.
Celebremos.
Parcimônia inglesa
A quase unanimidade do mercado acreditava em um imediato corte de juros por parte do Banco da Inglaterra, repercutindo o Brexit.
Não aconteceu. Ainda que o viés seja de baixa - apostas para agosto parecem razoáveis -, os súditos de Elizabeth II preferiram aguardar a próxima rodada de indicadores econômicos antes de agir.
Sob o risco de, no futuro, serem acusados de demora em agir, preferiram fazer ouvidos moucos para a histeria da imprensa e dar tempo ao tempo. Como ainda ontem falávamos, talvez o Brexit não seja o bater de asas de borboleta inicialmente imaginado.
Aguardemos.
Cuspe no microfone
Não, a chamada não se trata de uma alusão a certo parlamentar do Rio de Janeiro.
Quero, isso sim, chamar a atenção para diversos discursos importantes que ocorrem hoje. Nos EUA tem Bullard, Lockhart e Esther George. Christine Lagarde também fala nesta tarde.
A princípio, devemos ter mais do mesmo. Cada qual à sua maneira apontando para boas condições econômicas de curto prazo nos EUA (reforçadas pelo bom dado de pedidos de seguro-desemprego divulgados nesta manhã, aliás), porém apontando riscos e incertezas decorrentes do Brexit e seus desdobramentos para a UE.
Vale (SA:VALE5) ficar de olho, como sempre.
Homem vs Máquina
Já sabemos quem é o melhor enxadrista. Já sabemos quem é o melhor motorista. Já sabemos quem é o melhor combatente nos desertos do Oriente Médio.
Será que nossos dias de financistas estão contados? A máquina irá roubar nossos lugares no mundo das finanças?
Acreditamos que não completamente.
Com as máquinas fazemos mais com menos. Os gerentes de banco já estão sofrendo competição de apps e sites que recomendam alocações pré-determinadas.
Mas para entender nossa economia, estudar as peculiaridades de nossas empresas e entender o que acontece em nosso Congresso (!) nem mesmo o melhor computador quântico.