Depois de uma longa paralisação parcial do governo americano, e um dia antes do prazo que era tido como o “final” para que os Estados Unidos pudesse não ter fundos para pagar suas obrigações, democratas e republicanos chegaram a um acordo, aumentando o teto da dívida e trazendo funcionários públicos de volta de seus recessos forçosos.
Agora se imagina que apenas em março de 2014 o FED vai diminuir a compra de títulos que anteriormente previa-se para o fim deste ano, e então o Banco Central americano não terá mais Ben Bernanke à sua frente, e sim muito provavelmente uma mulher, Janet Yellen, que todos acham ser da mesma linha/escola do atual presidente.
Com o fim do imbróglio os principais índices de ações fecharam a semana com altas significativas, tendo o S&P500 negociado em nova alta histórica, e o dólar americano escorregado quase 1%.
Entre as commodities, os metais preciosos foram os maiores ganhadores nos últimos cinco dias, seguido pelo açúcar que respondeu à um incêndio no maior e principal terminal de embarque do produto no mundo, o da Copersucar em Santos.
O mercado de café voltou a cair, tanto em Nova Iorque que fechou em baixa de US$ 2.71 por saca, como em Londres que perdeu US$ 6.12 a saca. O receio de quem estava vendido nas mais de 44,000 opções que viraram pó na quarta-feira se transformou em coragem de colocar novas posições vendidas para um produto que deve, a partir de agora, liderar as baixas frente ao arábica.
Nem mesmo a queda dos certificados da LIFFE abaixo de 1 milhão de sacas, nível mais baixo desde o ano 2000, serve de argumento positivo para os que veem um safra vietnamita de 29 milhões de sacas (novamente), ainda que a safra esteja demorando para entrar em função das chuvas.
Safras promissoras também são esperadas por parte de Indonésia, em torno de 10 milhões de sacas, e de Colômbia que alguns já arriscam dizer que pode ser de 12 milhões de sacas este ano. Uganda também aposta que a renovação do parque cafeeiro ajude a mais um aumento de produção, logo na sequência de suas exportações terem finalizado em 3.6 milhões de sacas, bem acima das 2.73 milhões do ano anterior. Notícias de um consumo mais alto, como o crescimento estimado de 5% a 6% na Índia que hoje consome um pouco menos de 2 milhões de sacas, e do Brasil que a ABIC fala em aumento de 2.5% a 3%, parecem insuficientes para ajudar os preços.
A história se repete como em todos os ciclos. No de alta os produtores que adiavam suas decisões de venda acertavam em fazer isto já que os preços não paravam de subir, e agora no de baixa as torrefadoras que resolvem aguardar melhoram suas compras a cada dia que passa, não só pela queda da bolsa, mas recentemente pela queda do basis.
Os estoques nos países consumidores são estimados estar ao redor de 24.5 milhões de sacas no final de agosto, acima dos 22.9 milhões de agosto de 2012. Somam-se a estes em torno de 2 milhões de sacas na principal origem do robusta, e um bom bocado no Brasil, aonde acredita-se que da safra anterior foi carregado em torno de 3 meses do volume que é exportado + o que é consumido.
Não é a toa que meu amigo José Roberto Mendonça de Barros disse nesta semana, em sua palestra na ENCAFÉ, que as perspectivas de preço realmente não são animadoras, citando também o câmbio como um fator que deve impactar negativamente.
Uma boa semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa