Shutdown nos EUA: Quando a política ameaça a confiança no dólar

Publicado 07.10.2025, 08:59

O shutdown do governo norte-americano voltou a expor a fragilidade política da maior economia do mundo. O impasse no Congresso, que impede a aprovação do orçamento, paralisa parte dos serviços públicos e coloca em xeque a credibilidade fiscal dos Estados Unidos.

A cada novo episódio, cresce a percepção de disfuncionalidade política em Washington. Embora o risco de calote da dívida americana seja baixo, a simples incapacidade de o Congresso chegar a um acordo já afeta a imagem dos EUA como emissor da principal moeda de reserva global. Em um mundo que ainda busca estabilidade após sucessivas crises, essa incerteza gera ruídos nos mercados e pressiona os investidores a reavaliar posições.

Os reflexos são imediatos. O shutdown provoca volatilidade nas bolsas e impacto direto sobre o câmbio, com o dólar em queda frente às principais moedas emergentes. Para a pessoa física, o movimento pode parecer positivo — produtos importados e viagens ficam mais baratos. No entanto, para o setor exportador brasileiro, o cenário é desfavorável: a valorização do real reduz a competitividade das exportações e pode enfraquecer a balança comercial nos próximos meses.

Exemplo: se o dólar cai de R$5 para R$4, o exportador que vendia um produto a US$1.000 passa a receber R$4.000 em vez de R$5.000 — perde receita em reais.

Isso reduz a competitividade das exportações e pode piorar a balança comercial (menos exportações, mais importações).

Além disso, o impasse fiscal influencia o mercado de Treasuries. Investidores migram para títulos de curto prazo, elevando os juros longos e redesenhando a curva de rendimento — movimento que repercute em todo o sistema financeiro global. O fortalecimento das moedas emergentes, como o real e o peso mexicano, reflete uma busca temporária por alternativas de rendimento fora dos Estados Unidos.

Outro ponto de atenção está nas commodities. Um eventual prolongamento do shutdown pode desacelerar a atividade econômica americana, reduzindo a demanda por energia e matérias-primas — o que afeta diretamente países exportadores, como o Brasil.

A Casa Branca estima que o impacto econômico equivale a cerca de US$ 15 bilhões por semana de paralisação — valor suficiente para pressionar indicadores de curto prazo e afetar projeções de crescimento.

De qualquer forma, o shutdown também é reflexo de um embate político. Democratas e republicanos disputam a narrativa sobre quem é o responsável pela paralisia. Até o momento, a imagem dos republicanos não parece ter sido abalada, já que parte da população acredita que os democratas utilizam o impasse como instrumento de pressão política.

Para o investidor, o momento exige cautela. A volatilidade cambial pode gerar oportunidades pontuais, mas o risco político em Washington reforça a importância da diversificação e da proteção de portfólio. Em um mundo interligado, o impasse de um Congresso pode custar caro não apenas aos norte-americanos, mas a toda a economia global.

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