A valorização do dólar frente ao Real e as irregularidades climáticas nas principais áreas de cultivo de soja no Brasil impulsionaram as cotações domésticas do grão ao longo de setembro. Além disso, diante da maior demanda da China pela soja do Brasil, o País embarcou volume recorde de oleaginosa para um mês de setembro. Esse cenário elevou os prêmios de exportação de soja no Brasil, os quais registraram os maiores patamares nominais desde 2018, quando comparado este mesmo período de anos anteriores. Em setembro, embora as exportações brasileiras tenham recuado 25,52% sobre as de agosto, totalizando 4,82 milhões de toneladas, o volume ainda foi 13,29% superior ao escoado há um ano e o maior para este período, conforme dados da Secex. Do total do volume embarcado, 71,7% tiveram como destino a China.
Diante disso, com base no porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação de soja no Brasil passou de cerca US$ 1,9/bushel, no final de agosto, para US$ 2,35/bushel no final de setembro. De agosto para setembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá subiu 1%, com média de R$ 172,73/sc de 60 kg no último mês. Na comparação com setembro de 2020, o avanço foi de 8,2%, em termos nominais. O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná teve média de R$ 169,57/sc de 60 kg em setembro, com aumentos de 0,9% na comparação mensal e de expressivos 24% na anual. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre agosto e setembro, os avanços foram de 0,6% no mercado de balcão e de 0,5% no de lotes. As médias atuais estão 27,3% e 22,9%, respectivamente, acima das verificadas há um ano. O dólar se valorizou 0,8% entre as médias de agosto e setembro, a R$ 5,2932.
DERIVADOS – Os preços do óleo de soja se enfraqueceram na segunda quinzena do mês, devido à menor demanda doméstica, contexto que limitou a alta na média de setembro. Com isso, na cidade de São Paulo, o óleo de soja (com 12% de ICMS incluso) se valorizou ligeiro 0,3% entre agosto e setembro, com média de R$ 7.497,11/tonelada. Os preços do farelo de soja apresentaram movimentos distintos dentre as regiões acompanhadas pelo Cepea. Em São Paulo, as cotações subiram, em decorrência da baixa oferta do derivado, mas, no Sul do Brasil, cederam. No agregado (na média das regiões acompanhadas pelo Cepea), os valores do farelo de soja caíram ligeiro 0,1% de agosto para setembro.
ESTADOS UNIDOS – Os preços futuros de soja caíram na CME Group (Bolsa de Chicago). O contrato de primeiro vencimento da soja recuou 6,9% de agosto para setembro, a US$ 1.277,61/bushel (US$ 28,17/sc de 60 kg) no último mês. O primeiro vencimento do óleo se desvalorizou expressivos 8% no mesmo comparativo, com a média de setembro a US$ 0,5722/lp (US$ 1.261,38/tonelada). Quanto ao farelo de soja, a baixa mensal foi de 4,7%, para US$ 338,07/tonelada curta (US$ 372,66/tonelada). Sazonalmente, é de se esperar que, em setembro, o avanço da colheita nos Estados Unidos pressione as cotações naquele país, enquanto no Brasil os menores estoques na entressafra sustentem os valores domésticos. Neste ano, além deste fator sazonal, os EUA registram dificuldades logísticas para exportação, ocasionadas por temporais, e também ausência de compradores, especialmente da China. Apesar de a colheita nos Estados Unidos estar em ritmo mais acelerado que na média dos últimos cinco anos, as exportações estão menores, pressionando ainda mais os contratos futuros. Segundo o relatório de inspeção e exportação do USDA, o volume embarcado em setembro deste ano foi 74,17% abaixo do registrado no mesmo período da temporada passada. Com isso, agentes apontam crescimento dos estoques de soja nos Estados Unidos.