As chuvas abaixo do esperado em regiões do Sul e do Centro-Oeste do País têm preocupado sojicultores quanto ao desenvolvimento das lavouras. Parte dos produtores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, inclusive, desacelerou a semeadura da oleaginosa, no intuito de aguardar maior umidade do solo. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam que, dos 43,24 milhões de hectares a serem cultivados com soja no Brasil, 75,9% haviam sido semeados até o dia 19, abaixo dos 85,7% em igual período da temporada anterior. Na Argentina, a escassez de chuva é ainda maior, cenário que limita as atividades de campo e deixa sojicultores em alerta. Dos 16,7 milhões de hectares de soja a serem cultivados no país vizinho, apenas 19,4% foram semeados até o dia 24, atraso de 20 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2021, segundo a Bolsa de Cereales.
MILHO: VENDEDOR PRIORIZA NEGOCIAÇÃO NOS PORTOS
Enquanto as negociações nos portos seguem intensas desde o início deste mês, impulsionadas pela maior demanda externa, no interior do País, a liquidez tem sido baixa. Isso porque, atentos às valorizações nos portos e à espera de novas altas nos preços, agricultores priorizam as vendas ao mercado externo e limitam a disponibilidade no spot nacional. Esse cenário, somado à maior presença de compradores, vem elevando os valores do milho. A demanda mais aquecida nos portos brasileiros ocorre mesmo em período de colheita nos Estados Unidos. Assim, a maior procura externa é influenciada pela oferta global enxuta, tendo em vista problemas climáticos no Hemisfério Norte, que reduziram a oferta, e o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que resulta em limitações da logística no Mar Negro. Por sua vez, os estoques brasileiros confortáveis e a expectativa de safra verão volumosa estimulam produtores a negociarem o milho para exportação. Com isso, até a terceira semana de novembro (considerando-se 12 dias úteis), os embarques brasileiros já superaram o volume escoado em todo o mês de novembro do ano anterior.
MANDIOCA: BAIXA PRODUTIVIDADE MANTÉM OFERTA REDUZIDA
A disponibilidade de lavouras de mandioca de segundo ciclo continua baixa em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Muitos agricultores têm postergado a comercialização das raízes mais novas (entre 10 e 13 meses), por conta da baixa produtividade agrícola, que, em alguns casos, está até 50% abaixo do esperado para o período. Nas regiões com diminuição mais expressiva da oferta, as empresas seguem se abastecendo em áreas mais distantes e, ainda assim, não conseguem suprir sua necessidade total. Nesse cenário, os preços continuam em alta, e a média semanal a prazo da tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 1.1160,38 (R$ 2,0181 por grama de amido) de 21 a 25 de novembro, 1,4% acima da registrada no período anterior. Atualizado (deflacionamento pelo IGP-DI), o valor médio da última semana avançou 60,8% frente ao do mesmo período do ano passado e é o maior desde novembro de 2017.