Não se engane pela alta módica desta tarde. Abra um pouco o campo de visão. Este M5M vem em tom de provação. Uma triste provação. Há algum tempo, o clima da nossa querida newsletter ficou nebuloso, alarmando uma tempestade por vir. No meio desse caminho, houve quem enxergasse um risco superestimado, o céu abrindo. O próprio Delfim, que previamente havia alertado para o tema, abrandou o discurso. No final de dezembro, afirmou ao Valor que “o risco da tempestade diminuiu” com o início da retirada dos estímulos nos EUA. Agora, não parece haver mais dúvida. Todos os elementos estão aí, só não vê quem não quer.
Mantega falou, Mantega avisou
A inflação oficial (IPCA) fechou 2013 na casa de 5,91%. Lembro como se fosse ontem do ministro da Fazenda prometendo inflação próxima à de 2012, em 5,8%. Não tenho memória de elefante. Ele falou isso menos de dois meses atrás. Não cumprir promessas é algo que certamente não ajuda, especialmente para quem precisa recuperar credibilidade. E mostrar inflação superior àquela do ano anterior é o primeiro pecado contra o regime de metas de inflação.
Dále Selic a 11%!
Bom, temos mais inflação mesmo com a taxa básica de juro em dois dígitos e em um cenário de crescimento pífio para nossa economia (de 2% para 2013, o pior desempenho dentre todos os países do G20). Some a isso a briga contra a fuga de capitais, briga feia. Pela primeira vez em cinco anos, saíram mais dólares do que entraram no Brasil em 2013. Quais outras armas temos para atrair o gringo?
Falando nisso...
Você viu a quanto saiu a NTN-F? O título do Tesouro com vencimento em 2025 pagará taxa de 13,39% ao ano, um recorde em título pré-fixado para o Brasil “moderno”. Trata-se de um belíssimo rendimento real sem volatilidade, para quem carregar até o vencimento, claro. Aversão a Brasil pode abrir ainda mais o Pré. Mas a notícia da NTN-F é boa para quem entrou e vai carregar. Para poucos...
O downgrade que já tivemos
O juro recorde é mais uma amostra de que já sofremos a perda de rating soberano. O Tesouro tem de pagar cada vez mais para colocar suas notas no mercado. Nas NTN-F, pagou bastante. É o prêmio de risco embutido na curva de juros. Hoje, os títulos do Tesouro brasileiro estão pagando um “seguro contra calote” mais alto do que os títulos de Itália, Espanha e Irlanda, países no furacão da crise europeia. As manchetes financeiras deste início de ano trazem amplo destaque às ameaças de agências de classificação de risco. Não sei se elas se deram conta, mas, quando vier, o downgrade por Fitch, Moody’s ou S&P será a mera formalização do downgrade que o mercado já deu.
Não estamos sozinhos
O escritor Ivan Sant’Anna, autor do bestseller "Os Mercadores da Noite" e com experiência de 40 anos como operador nas Bolsas nos EUA e no Brasil, afirma que o downgrade brasileiro virá com certeza. Em entrevista ao podcast Grandes Encontros Empiricus, ele revelou o seu descontentamento com os rumos da economia brasileira e pessimismo com as ações. Quem assinar qualquer produto da Empiricus recebe o material de graça. Sant’Anna também fez comparações de períodos de declínio da Bolsa com crashs do passado, inclusive o colapso em 1929 - tema do seu próximo livro. Sempre bom ouvir gente com conhecimento de causa.
O fator X (que é muito pior que o Eike)
Bom, sabemos que o Fed iniciou o tapering e que o governo brasileiro trabalha firme para bombar nosso prêmio de risco. São premissas apresentadas desde a primeira vez que começamos a conversar sobre a Tempestade Perfeita, seis meses atrás. Mas não conseguíamos calcular ainda quão boa ou ruim poderia ser a influência de China, a grande incógnita, sobre o Ibovespa. Ontem conversamos sobre os empréstimos obscuros no gigante asiático. Hoje nosso relatório de maior destaque traça um mapa do novo risco-China. Neste breve início de ano, aquele balanço antes duvidoso passou a pender perigosamente para o lado negativo. Do ponto de vista de fluxo, o mercado brasileiro (Bolsa, câmbio, juros) representa uma heurística bastante prática para se shortear China por tabela.
3,2,1...
Contagem regressiva para os 45 mil pontos do Ibovespa, que perdeu o piso (?) dos 50 mil ontem. Fundo de poço tem porão? Com a cabeça quente desse cenário tempestuoso, deixo algo para você pensar no final de semana. Oi (OIBR3), Tim (TIMP3), ALL (ALLL3), Vivo (VIVT4) e PDG (PDGR3) O que estas cinco ações têm em comum?
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.