Bitcoin perde força com cautela global após sinais mistos do Fed
O SPDR® S&P 500® ETF Trust (NYSE:SPY), principal fundo de índice da gestora State Street, registrou uma retirada recorde de US$ 32,7 bilhões em 2025, o maior volume anual de saídas da história entre ETFs. O movimento ocorre mesmo com o S&P 500 acumulando alta de 15% no ano, evidenciando as profundas mudanças no mercado de fundos passivos e a crescente pressão por custos mais baixos.
O SPY, lançado em 1993 como o primeiro ETF dos Estados Unidos, perdeu recentemente o posto de maior fundo de índice global para o Vanguard S&P 500 ETF (VOO), que hoje administra US$ 734 bilhões, seguido pelo iShares Core S&P 500 ETF (IVV), da BlackRock, com US$ 703 bilhões. Já o SPY soma US$ 683 bilhões em ativos.
A principal razão por trás das saídas é o custo. Enquanto os fundos da Vanguard e da BlackRock cobram uma taxa anual de apenas 0,03%, o SPY mantém uma taxa de 0,0945%. Em um mercado cada vez mais dominado por investidores de varejo, que hoje representam 75% dos ativos de ETFs nos EUA, a diferença de custos se tornou decisiva.
Por décadas, o SPY foi o preferido de investidores institucionais e traders devido à sua alta liquidez e ampla utilização em derivativos, como opções e swaps. Essa estrutura fez do fundo um pilar para operações sofisticadas de hedge. No entanto, o perfil dos investidores de ETFs mudou: o investidor médio agora é de longo prazo, busca simplicidade e, sobretudo, menores custos.
Segundo Matthew Bartolini, chefe de pesquisa global da State Street, o SPY ainda é o ETF mais negociado em volume, especialmente em momentos de incerteza geopolítica, quando a liquidez é essencial. Mas o domínio do fundo vem sendo corroído pela ascensão dos produtos mais baratos.
O fenômeno reflete uma transformação estrutural no mercado americano de ETFs, avaliado em US$ 12,2 trilhões. Dados da Broadridge Global Market Intelligence mostram que os investidores de varejo aumentaram sua participação de 56% em 2015 para 75% em 2025, elevando seus ativos totais para US$ 8,8 trilhões. Além disso, 43% dos consultores financeiros planejam substituir a maioria dos fundos mútuos de seus clientes por ETFs nos próximos três anos.
Em resposta à pressão competitiva, a própria State Street lançou uma versão mais barata do seu fundo, o SPDR Portfolio S&P 500 ETF (SPLG), com taxa anual de apenas 0,02%. O SPLG registrou entrada líquida de US$ 24 bilhões em 2025 e atingiu US$ 87 bilhões em ativos, sinalizando que a gestora busca se adaptar ao novo perfil de investidor.
Ainda assim, especialistas veem poucas chances de o SPY recuperar sua antiga liderança. “Quando as pessoas pensam em S&P 500 hoje, pensam em VOO”, resume Bryan Armour, diretor de pesquisa da Morningstar.
O caso do SPY simboliza o novo cenário do mercado financeiro americano: mais competitivo, mais acessível e cada vez mais moldado pelo poder de escolha do pequeno investidor.