Sustentabilidade Fiscal: Influência do câmbio, juros e inflação na dívida pública

Publicado 21.01.2025, 16:01
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Ao final de cada mês, o Banco Central do Brasil publica o relatório de Estatísticas Fiscais, que detalha os resultados das contas públicas do país, incluindo a evolução da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) e da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG). No final da publicação é disponibilizada uma tabela que apresenta as elasticidades da DLSP e da DBGG em relação a variações nos principais indicadores econômicos: taxa de câmbio, taxa básica de juros (Selic) e índice de preços ao consumidor (IPCA). Essas elasticidades indicam o impacto que mudanças nesses fatores macroeconômicos podem ter sobre o nível das dívidas públicas, tanto em valores absolutos quanto como proporção do Produto Interno Bruto (PIB).

O relatório de Estatísticas Fiscais traz uma análise abrangente das finanças públicas brasileiras, destacando a evolução mensal dos principais indicadores fiscais, como receitas, despesas, resultado primário, resultado nominal e o comportamento das dívidas públicas (DLSP e DBGG). Além disso, o documento apresenta informações detalhadas sobre os impactos de eventos macroeconômicos, como variações no câmbio, juros e inflação, na sustentabilidade fiscal do país. O relatório é uma ferramenta essencial para monitorar a saúde financeira do setor público e subsidiar a formulação de políticas econômicas.

Importância das Elasticidades

As elasticidades são fundamentais para entender a relação entre os indicadores econômicos e a dinâmica da dívida pública. Elas permitem quantificar o impacto de mudanças como desvalorização cambial, elevação da taxa Selic ou variação no IPCA sobre a DLSP e a DBGG. Essa análise ajuda gestores públicos, economistas e investidores a avaliar os riscos fiscais e as vulnerabilidades das contas públicas em cenários de instabilidade econômica, contribuindo para a formulação de políticas que promovam maior equilíbrio fiscal e sustentabilidade da dívida ao longo do tempo.

Vamos à análise:

A tabela acima apresenta as elasticidades e seus impactos na Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) e da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) em relação a variações na taxa de câmbio, taxa Selic e índices de preços. Vamos explicar os impactos desses indicadores com exemplos práticos:

 

1. Taxa de Câmbio (USDBRL)

A elasticidade indica o impacto de uma desvalorização de 1% na taxa de câmbio sobre a DLSP e a DBGG.

  • Exemplo com Desvalorização do Real:

     

    Se o dólar (USDBRL) aumenta de R$5,00 para R$5,05 (+1%), o impacto seria:

    • DLSP: Redução de R$10,4 bilhões, ou -0,09 pontos percentuais (p.p.) no PIB.
    • DBGG: Aumento de R$11,5 bilhões, ou +0,10 p.p. no PIB.
  • Exemplo com Valorização do Real:

     

    Se o dólar cai de R$5,00 para R$4,95 (-1%), o efeito seria oposto:

    • DLSP: Aumento de R$10,4 bilhões, ou +0,09 p.p. no PIB.
    • DBGG: Redução de R$11,5 bilhões, ou -0,10 p.p. no PIB.

2. Taxa Selic

A elasticidade mede o impacto de uma elevação de 1 ponto percentual (p.p.) na taxa Selic mantida por 12 meses.

  • Exemplo com Elevação:

     

    Se a Selic sobe de 12% para 13% (+1 p.p.), o impacto seria:

    • DLSP: Aumento de R$55,2 bilhões, ou +0,47 p.p. no PIB.
    • DBGG: Aumento de R$50,0 bilhões, ou +0,43 p.p. no PIB.
  • Exemplo com Redução:

     

    Se a Selic cai de 12% para 11% (-1 p.p.), o impacto seria inverso:

    • DLSP: Redução de R$55,2 bilhões, ou -0,47 p.p. no PIB.
    • DBGG: Redução de R$50,0 bilhões, ou -0,43 p.p. no PIB.

3. Índices de Preços (IPCA)

A elasticidade reflete o impacto de uma redução de 1 p.p. nos índices de preços ao longo de 12 meses.

  • Exemplo com Redução:

     

    Se o IPCA cai de 4% para 3% (-1 p.p.), o impacto seria:

    • DLSP: Redução de R$18,1 bilhões, ou -0,16 p.p. no PIB.
    • DBGG: Redução de R$17,9 bilhões, ou -0,15 p.p. no PIB.
  • Exemplo com Elevação:

     

    Se o IPCA sobe de 4% para 5% (+1 p.p.), o impacto seria oposto:

    • DLSP: Aumento de R$18,1 bilhões, ou +0,16 p.p. no PIB.
    • DBGG: Aumento de R$17,9 bilhões, ou +0,15 p.p. no PIB.

Esses exemplos mostram como a dívida pública responde a mudanças macroeconômicas. Assim a desvalorização cambial, aumento da Selic ou elevação do IPCA tendem a impactar negativamente as métricas de dívida. Por outro lado, apreciação cambial, queda da Selic e redução do IPCA são benéficas para as contas públicas.

 

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