Tarifas dos EUA podem tirar até US$ 1 bilhão da carne bovina brasileira no ano

Publicado 02.08.2025, 12:30

A proposta de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, anunciada por Donald Trump, acendeu um alerta vermelho no setor de carnes. De acordo com a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), as exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos podem sofrer uma perda de até US$ 1 bilhão no segundo semestre de 2025, caso a medida seja implementada. 

Crescimento interrompido

No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou 180 mil toneladas de carne bovina para os EUA, um volume mais que o dobro do registrado em 2024. Essa escalada vinha posicionando o Brasil como fornecedor estratégico em meio à recuperação da demanda americana, especialmente após a queda da oferta doméstica nos EUA.

O setor comemorava recordes de embarques e o estreitamento das relações comerciais, mas as novas tarifas — que visam atingir em cheio as exportações agrícolas — mudam completamente o cenário projetado para o segundo semestre.

Efeitos imediatos e impacto econômico

A medida impacta diretamente os frigoríficos brasileiros que operam com foco em exportação premium, como Minerva (BVMF:BEEF3), Marfrig (BVMF:MRFG3) e JBS (BVMF:JBSS3), além de afetar a cadeia produtiva nacional, que já enfrenta margens apertadas com os custos elevados de insumos, logística e energia.

Com a possibilidade de tarifas de 50% sobre a carne bovina brasileira, analistas estimam que a competitividade do produto brasileiro cairia de forma abrupta, abrindo espaço para concorrentes como Austrália, México e Canadá, que possuem acordos comerciais com os EUA ou tarifas mais baixas.

A consequência seria uma retração drástica nos volumes exportados, compressão de preços internos e possível represamento da produção, o que poderia afetar diretamente o PIB agropecuário do país no segundo semestre. 

Reação política e risco sistêmico

A ofensiva de Trump vai além da economia: ao incluir alimentos básicos como a carne em sua estratégia tarifária, sinaliza o uso das barreiras comerciais como ferramenta de influência política. O caso vem sendo interpretado como um recado indireto ao governo brasileiro e à Justiça, após declarações controversas de Trump em redes sociais exigindo o fim do julgamento de Jair Bolsonaro.

O movimento ocorre em meio ao crescimento da influência do Brasil dentro dos BRICS e o aumento de sua presença em mercados asiáticos, o que pode estar provocando resistência geopolítica por parte de Washington. 

Exportações e alternativas

Embora os EUA tenham crescido como destino da carne brasileira, a China ainda representa mais de 50% das exportações do setor. Com o risco de fechamento parcial do mercado americano, frigoríficos já estudam redirecionar parte da produção para Hong Kong, Emirados Árabes, Egito e Indonésia, apesar dos desafios logísticos e sanitários.

O dólar valorizado pode ajudar a conter parte das perdas em termos de receita, mas não compensa totalmente a perda de acesso a um dos mercados mais rentáveis do mundo. O setor de carne bovina brasileira, que vinha celebrando recordes de exportação, agora enfrenta um dos maiores desafios comerciais dos últimos anos. A possível implementação de tarifas de 50% pelos EUA representa uma ameaça direta de perda de receita bilionária, redução de competitividade e reconfiguração dos fluxos globais de comércio.

A resposta do Brasil dependerá de articulação diplomática, agilidade na diversificação de mercados e uma estratégia clara de defesa da produção nacional diante do novo cenário global.

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