Panorama Semanal de 25 a 29 de março*
O acirramento da tensão política entre Congresso e governo foi o destaque do noticiário esta semana, com a percepção de que a aprovação da Reforma da Previdência poderá demorar mais do que o esperado e, ainda, em um formato “Frankenstein”. Indicadores como o dólar – que chegou a bater R$ 4 – e o Ibovespa reagiram negativamente.
O governo Bolsonaro protagonizou diversas polêmicas, além da negociação da Reforma da Previdência. O golpe de 64 e a crise na Educação foram duas delas. No mais, em um cenário político já conturbado, a aprovação relâmpago da PEC que tira poder do governo sobre o Orçamento representou ainda uma derrota para Bolsonaro. O Senado vota a PEC na semana que vem.
Sobre a Reforma da Previdência e o relacionamento do governo com os congressistas, seguem os principais destaques:
– Clima para negociação ficou azedo com discussão pública e troca de farpas entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Bolsonaro disse que Maia estava “abalado com questões pessoais”, e o deputado afirmou que Bolsonaro está “brincando” no cargo.
– O ministro da Economia, Paulo Guedes, faltou à audiência na CCJ, justificando que não havia ainda definição de relator para a proposta da Reforma. Ele deve ir na semana que vem. Na quinta-feira, foi anunciado o nome do deputado Marcelo Freitas (PSL) como relator.
– Guedes estimou que a Reforma esteja resolvida em três ou quatro meses
– Houve discussão e clima ruim durante audiência de Guedes na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Guedes fez menção à aposentadoria dos congressistas, dizendo que o valor é injusto.
– Líderes partidários se comprometeram com a aprovação da Reforma, mas rejeitam as mudanças no Benefício de Prestação Continuada e nas alterações das regras da aposentadoria rural.
– Nesse cenário, Guedes disse que “não tem apego ao cargo”, mas, ao mesmo tempo, reforçou que não sairá após a primeira derrota.
– No fim desta semana, Bolsonaro, Maia, Guedes e outros personagens de relevo fizeram declarações apaziguadoras, na tentativa de amenizar as tensões. Neste momento, os indicadores de mercado reagiram positivamente.
Em relação ao golpe de 1964, a polêmica foi a seguinte: Bolsonaro determinou que os militares celebrassem a data. Após protestos, a Defensoria entrou com uma ação contra a determinação. O caso ganhou holofotes e redes nacionais e internacionais.
No Ministério da Educação, persiste a crise, com boatos – desmentidos por Bolsonaro – sobre a saída do ministro Ricardo Vélez, criticado publicamente pelo ex-presidente do Inep, Marcus Vinicius Rodrigues.
Na esfera judicial, repercutiu a ordem do desembargador Ivan Athié para soltar o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Moreira Franco, entre outros presos na semana passada. Em outra ação, a da mala da JBS (SA:JBSS3), Temer se tornou réu pela primeira vez, após a Justiça Federal de Brasília ter acolhido denúncia por corrupção passiva.
Na economia, destaque para a mudança na política de preços do diesel. A Petrobras (SA:PETR4) decidiu que os preços terão reajuste a cada 15 dias, pelo menos. Até então, os reajustes eram diários – um dos motivos da greve dos caminhoneiros do ano passado.
O Banco Central reduziu a previsão de crescimento este ano de 2,4% para 2%. A inflação, segundo o BC, ficará abaixo de 4%.
E a taxa de desemprego, conforme divulgado pelo IBGE, acelerou para 12,4% em fevereiro. É o equivalente a 13,1 milhões de pessoas.
Em Minas, três barragens da Vale (SA:VALE3) estão no nível três de alerta de rompimento: uma em Nova Lima e duas em Ouro Preto.
A novela Brexit ganhou novos capítulos. Os deputados britânicos aprovaram emenda que dá mais poder ao Parlamento, em nova derrota para a primeira-ministra Theresa May, que ofereceu sua renúncia na tentativa de um acordo para a saída da Grã-Bretanha do bloco europeu.
Na Venezuela, com a situação social agravada a cada dia, a novidade foi a chegada de aviões russos Caracas. E a Justiça proibiu Juan Guaidó de assumir cargos públicos por 15 anos.
No pregão desta quinta-feira, o Ibovespa – que havia recuado bastante com as tensões do cenário político – passou por uma correção e fechou em alta de 2,7%, aos 94.388 pontos. O dólar, após atuação do BC, encerrou em queda de 1,01%, cotado a R$ 3,914.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.
*Dados atualizados até o dia 29/3, às 9h.