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Tensões entre Rússia e Ucrânia Colocam Preços do Petróleo e Energia em Foco

Publicado 20.01.2022, 14:26
Atualizado 09.07.2023, 07:31

Publicado originalmente em inglês em 20/01/2022

Os preços do petróleo continuaram em alta nesta semana, com o barril de Brent e WTI alcançando a faixa superior dos US$80 na quarta-feira.

WTI semanal

As restrições de oferta e a previsão de demanda mais forte em 2022 impulsionaram o rali, mas questões geopolíticas também estão atuando sobre os preços. Nesta semana, tivemos o acirramento das tensões na Europa, um ataque por drone a caminhões-tanque petrolíferos nos Emirados Árabes Unidos e uma explosão de um oleoduto entre o norte do Iraque e a Turquia.

Ainda que o ataque por drone e a explosão do oleoduto (provocada pela queda de uma linha de transmissão) não tenham causado danos significativos aos fluxos de petróleo, as tensões na Europa entre Ucrânia, Rússia e Estados Unidos continuam representando um considerável risco geopolítico para os mercados petrolíferos.

A seguir, faremos uma análise de como uma eventual invasão da Rússia à Ucrânia poderia impactar os mercados de energia.

Qual é a probabilidade de a Rússia invadir a Ucrânia?

De acordo com o parlamentar Brian Fitzpatrick, ex-agente do FBI que atuou na Ucrânia, relatórios de inteligência dos EUA afirmam que existe uma chance maior que 50% de a Rússia invadir seu vizinho no próximo mês.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, indicou que a avaliação do governo dos EUA era similar. Em um informe emitido na terça-feira, ela disse o seguinte:

“Acreditamos que a situação atual é que a Rússia pode, a qualquer momento, lançar um ataque contra a Ucrânia".

Embora o establishment político americano esteja bastante convencido da possibilidade de um enfrentamento militar entre Rússia e Ucrânia, outras autoridades ainda não.

Segundo o secretário-geral da Otan, existe o risco de conflito militar, mas não de forma iminente.

O vice-ministro de relações exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, nega que seu país pretenda enviar forças militares além das fronteiras, declarando que “não há planos, não há intenções de atacar a Ucrânia".

Alguns analistas acreditam que a venda de energia da Rússia para a Europa é importante demais para que Putin se arrisque causando qualquer transtorno com uma invasão. Outros analistas são da opinião de que a Rússia está em boas condições financeiras e econômicas para resistir a retaliações dos EUA e UE por causa de uma ação militar.

Outros analistas creem que a Rússia não acredita que as condições militares e políticas sejam apropriadas para uma intervenção armada. Em um artigo publicado na revista Foreign Policy, Eugene Chausovsky, afirma que, com base na análise de confrontos militares passados da Rússia, as condições na Ucrânia não satisfazem seus critérios para uma invasão.

Taras Kuzio argumentou, em uma matéria publicada no periódico Atlantic Council, que a falta de apoio popular na Rússia a uma invasão em larga escala da Ucrânia pode evitar que Putin acione o gatilho.

Possíveis respostas

Se a Rússia de fato invadir a Ucrânia, o Ocidente não está preparado para responder militarmente. A Ucrânia não faz parte da Otan, portanto a organização não tem a obrigação de defender suas fronteiras.

O presidente Biden também declarou que não enviará tropas americanas para a região. No entanto, EUA e Reino Unido prometeram enviar “armamentos e sistemas de defesa” para a Ucrânia, sendo que os americanos comprometeram-se a fornecer ao país US$200 milhões em auxílio militar, incluindo “mísseis antitanques Javelin, mísseis Stinger, armas pequenas e embarcações.”

Além de equipamentos militares de defesa, a resposta dos EUA a uma invasão russa se daria principalmente através de medidas econômicas e financeiras. Os EUA prometeram aplicar sanções “sem precedentes" aos membros do “círculo i” de Vladimir Putin.

Há poucas chances de que sanções a autoridades russas individuais possam impactar o mercado de forma significativa. No entanto, alguns analistas acreditam que tais sanções poderiam gerar retaliações do lado russo, como a restrição ao fluxo de petróleo, gás natural e carvão para a Europa. Isso, por sua vez, poderia impactar os preços do petróleo e do gás.

A Alemanha disse que haveria “consequências” para o gasoduto Nord Stream 2, que liga o país à Rússia e acaba de ser concluído, mas ainda inoperante. O ministro de relações exteriores da Alemanha declarou que “esse gasoduto pode não entrar em serviço”, caso a Rússia continue a escalada da situação com a Ucrânia.

Como último recurso, países discutiram a desconexão do sistema bancário russo do sistema internacional de pagamentos SWIFT. Há notícias de que essa opção está fora da mesa, pois desestabilizaria excessivamente os mercados globais, mas, em uma coletiva de imprensa na quarta-feira à tarde, o presidente Biden disse a repórteres que: “se a [Rússia] for invadir, vai pagar por isso. Seus bancos não vão poder realizar operações em dólares”, no que parece ser uma ameaça à retirada da Rússia do sistema SWIFT.

Possíveis impactos nos mercados: desestabilização, disparadas de preço

A situação de oferta de energia na Europa já é precária e se agravaria ainda mais com uma eventual interrupção do fornecimento de petróleo, gás natural e carvão da Rússia. Isso poderia fazer com que os países europeus ficassem no escuro, sem fornecimento de energia e calefação a milhões de casas e empresas durante os meses de inverno.

Haveria uma disparada dos preços na Europa. A cotação do petróleo seria imediatamente impactada, subindo em todo o mundo. Outras regiões também experimentariam aumentos de preços do gás natural e carvão, ainda que de maneira menos intensa e imediata do que em relação ao petróleo, na medida em que essas commodities não são negociadas em escala global como o óleo.

É possível que preços mais altos da Europa ajudassem a redirecionar o fornecimento de petróleo, gás natural e carvão de outras partes do mundo para os mercados do Velho Continente. No entanto, não há oferta suficiente de petróleo e gás no mundo de modo a substituir plenamente o fornecimento da Rússia para a Europa.

De acordo com uma matéria da Reuters, o governo dos EUA já conversou com diversas empresas internacionais de energia sobre a elaboração de planos de contingência para abastecer a Europa com gás natural caso o conflito na Ucrânia gere interrupções no fornecimento. (A Rússia atende cerca de 1/3 das necessidades de gás natural da UE).

As empresas disseram à Casa Branca que há restrição na oferta de gás natural e que não têm capacidade ociosa suficiente para substituir o gás russo destinado aos europeus.

É factível que, pressionadas pela Casa Branca ou com dispensas de regulações, as empresas aumentem a produção e exportação de petróleo e gás ou inclusive posterguem a manutenção de determinados poços, a fim de acelerar a extração, mas não há indicações de que estejam dispostas a levar a cabo tais planos.

A maior oferta poderia ajudar a aliviar os preços altos do petróleo e do gás, mas, sem um plano detalhado de contingência antes de um conflito geopolítico, o mercado experimentaria um período de preços mais elevados, enquanto se resolvem os aspectos logísticos necessários à maior produção e exportação.

Do ponto de vista financeiro, a desconexão da Rússia do sistema SWIFT tornaria impossível que países da UE comprassem energia da Rússia em dólares. Eles poderiam adotar o euro, mas ainda assim deveriam encontrar uma forma de transferir os recursos.

O movimento poderia prejudicar as empresas de energia da Rússia e enfraquecer o rublo. Contudo, a Rússia conseguiria continuar vendendo petróleo e gás para a China, principalmente porque já aceita pagamentos em iuanes.

De acordo com reportagens, os dois países já têm um sistema alternativo ao SWIFT. De fato, outros países podem se juntar ao sistema russo-chinês, reduzindo a vantagem norte-americana de controlar o SWIFT. Isso poderia aumentar o volume de petróleo fornecido pela Rússia à China, com potencial de substituir o Oriente Médio e desestabilizar o grupo Opep+.

 

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