Buscar as primeiras notícias econômicas do dia é um dos hábitos mais comuns dos traders. Identificar tendências e eventos que possam influenciar o pregão faz toda diferença para o investidor que busca ganhar com operações de curto prazo. Porém, com a que pode ser a maior recessão da história pela frente, o investidor de longo prazo, e até mesmo o de renda fixa, passa a desenvolver o mesmo hábito em busca de sinais de estabilidade e efeitos colaterais da crise. Por isso, escolhi falar hoje sobre alguns indicadores setoriais, em especial o IEE (Índice de Energia Elétrica), para ajudá-lo no acompanhamento e na compreensão do mercado.
Assim como temos o Ibovespa (IBOV), o IEE (oficialmente IEEX) é o resultado de uma carteira teórica de ativos negociados na bolsa de valores, com o objetivo de indicar o desempenho médio das ações do setor de energia elétrica. Em sua composição, temos empresas como a CESP (CESP6), a CPFL (CPFE3), CEMIG (CMIG4), Eletrobras (ELET3), AES Tietê (TIET11), entre outras.
Neste momento, o setor de energia, assim como os demais, é diretamente impactado pela queda no consumo e pela paralisação da atividade industrial, principalmente. A expectativa de aumento do desemprego, por exemplo, se relaciona diretamente com o aumento da inadimplência e as mais recentes concessões do governo federal, que como ajuda às famílias de baixa renda impediu o corte de energia e suspendeu o pagamento por alguns meses, tornam os desafios para o setor ainda maiores.
A relevância em acompanhar o IEE (IEEX) agora, portanto, está no fato do índice servir como um termômetro de um setor essencial para a economia nacional e o seu desempenho refletir indiretamente a “temperatura” da atividade produtiva do país. É uma leitura mais ampla, que associada a outros índices como o INDX (Índice do Setor Industrial), o ICON (Índice de Consumo) e IMOB (Índice Imobiliário) ajudam na leitura da big picture.
Vale lembrar que estes índices não possuem ETFs (Exchange Traded Funds) como acontece com o Ibovespa através do BOVA11 (BOVA11). Dessa forma, não é possível comprar diretamente essa carteira hipotética do setor. No entanto, é possível sabermos que, no fatídico mês de março, quando a bolsa brasileira caiu 29,90%, o IEEX recuou 23,7%, enquanto o INDX cedeu 27,82%, o ICON caiu 31,51% e o IMOB perdeu 41,27%. Portanto, por meio dos indicadores, é igualmente possível ter uma boa ideia de cada momento do mercado e os prováveis pontos de mudança.
Por esse motivo, para aqueles que estão iniciando a viagem no mundo dos investimentos e acabaram sendo pegos de surpresa por uma tempestade logo no começo do caminho, acompanhar esses índices pode ser um farol, uma bússola que ajuda a saber por onde seguir. Faça isso como lição de casa dessa semana e, na próxima quinta-feira, nos encontramos aqui novamente para falar do início da temporada de balanços corporativos no Brasil, que trará o resultado das empresas no 1º trimestre de 2020 e, este sim, revelará uma fotografia de como cada companhia listada na nossa bolsa se comportou durante o período. Até lá.