Semana passada eu tava aqui escrevendo uma tônica super “animadona” falando “o pai ta ON” e tudo mais e, vejam o que aconteceu, todos nós otimistas levamos um belo “pombo sem asa” na orelha!
Entender o que aconteceu na semana é relativamente fácil. O mercado “panicôu” novamente com o avanço de uma nova onda de coronavírus se espalhando novamente na Europa, o fechamento de alguns países no velho continente, além dos recordes nos números de casos diários nos EUA. E isso tudo num momento que estamos prestes a definir o presidente da maior e mais representativa economia do mundo!
Volatilidade saltou cerca de 40% na semana (VIX)
Com isso não é de se admirar as fortes quedas nas bolsas. Brasil em verdinho na lanterna, emergentes em vermelho tiveram um bom desempenho graças a China, onde o mercado caiu menos. Em preto o S&P 500 que pesou com as big techs.
Estamos pessimistas então?
Tirem-me desse “estamos”!! Pelo contrário, posso estar redondamente enganado (já estive várias vezes), mas entendo que o momento e a paúra atual é um momento ímpar para o investidor aproveitar! Vou citar 5 motivos que me fazem jogar para longe o pessimismo:
1) Eleições nos EUA.
Em 1 mês acredito que a eleição esteja finalizada, isso já considerando uma ou outra briga, uma ou outra contestação aqui e ali. Logo, retira-se uma grande nuvem de incerteza que temos hoje. “Ah mas Will, se o Biden ganhar, tu não acha isso ou aquilo”. Sinceramente, isso é pouco relevante no médio prazo.
2) Pacote vem aí?
Passada a eleição as discussões acerca do pacote de estímulos voltam. Se piorar muito com o coronavírus escalando, o pacote vem ainda mais rápido. Então, me parece uma questão apenas de tempo e paciência.
3) Vacina?
3 empresas estão na frente aparentemente para publicar resultados de suas pesquisas – AstraZeneca (LON:AZN), Moderna (NASDAQ:MRNA) e Pfizer/BioNTech (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) (NASDAQ:BNTX). Ninguém sabe se de fato teremos uma vacina, mas nesse caso prefiro acreditar que sim. Não é só fé. Fato é que as empresas seguem trabalhando incessantemente para alcançar uma vacina contra o vírus. O governo britânico por exemplo espera ter uma resposta até o Natal. A Moderna espera ter resultados dos seus testes ainda em novembro. E a Pfizer segue correndo para, quem sabe, apresentar resultados também em semanas.
4) Medo no mercado?
Recente queda das bolsas colocou nos preços dos ativos o medo de um novo fechamento da economia. O medo de uma eleição conturbada. O medo do desconhecido, mas a questão é que o medo é algo bom no mercado! Quando há incerteza surgem as assimetrias! O Fear&Greed Index deu uma bela ajustada e isso é um bom sinal! Atualmente ele se encontra no nível do “Fear”. Se estivesse no “extreme fear” seria ainda melhor para quem pensa em montar posições. Última vez que esteve lá foi em março desse ano.
5) Resultados
Empresas tem demonstrado bons números em sua divulgação de resultados. Com 300 empresas (cerca de 60%) das empresas do S&P 500 tendo reportado seus números trimestrais, vimos que 85% delas superaram as estimativas do mercado em cerca de 20% em média. De forma agregada os lucros das empresas cresceram 3.35% comparativamente a 2019.
Gráficos abaixo mostram o nível de surpresa positivas e negativas do mercado de forma setorial e agregada. Sim, esses números mostram os meses de julho, agosto e setembro, ou seja, passados já. Mas veja que lá em julho, a atividade ainda estava começando a se recuperar. O que quero dizer com isso? Que os últimos 3 meses foram difíceis e mesmo assim as empresas vem entregando números que tem surpreendido positivamente. Logo, como acredito que no longo prazo as ações tendem a seguir a lucratividade das empresas, entendo que esse é mais um motivo para ficar otimista.
E O BRASIL?
Semana passada comentei que “O pai ta ON”. Sigo vendo números da economia que seguem mostrando o mesmo: ou seja, que o Pai ta ON sim! Vejamos alguns dados.
Consumo de energia elétrica se recuperando, bom indicador para as empresas do setor e reflexo da melhora na indústria.
Dados de crédito seguem mostrando melhora e com inadimplência em queda, se isso não é bom para os bancos eu não sei mais o que é!
Não estamos vivendo um “espetáculo de crescimento”, longe disso, mas os dados de geração de emprego também tem se mostrado fortes…
E para bolsa, a sustentação de uma taxa de juros baixa e negativa é inegável. Enquanto esses juros não saírem daí, vamos seguir vendo mais e mais pessoas buscando algum retorno real na bolsa…#graçaDeusneh!
Cenário me parece que segue sendo favorável sim. Agora, é inegável que nossos problemas são estruturais! Indisciplina e falta de responsabilidade fiscal, somado a isso uma burocracia gigante, cara e ineficiente; e uma economia pouco competitiva internacionalmente sem ajuda de um câmbio desvalorizado
Era isso.
Aquele Abs.