Dizem que o mercado é uma grande arena onde touros e ursos disputam diariamente buscando ganhar uns trocados, mas com tantas “batalhas” nada como um final de semana no meio para você dar uma respirada.
Então vou dar meus adendos do que observei aqui do “corner”.
BOLSA - UM EMPURRÃO DE FORA?
Já comentei aqui algumas vezes, mas nunca é demais. Somos emergentes, a meu ver o gringo olha para o Brasil com o mesmo olhar que assiste as barbaridades do Erdogan na Turquia, as peripécias do Putin na Rússia, a loucura que é a Índia e etc. Tão importante quanto as doideras dos líderes é o movimento das commodities!!
Abaixo o gráfico de longo prazo onde comparo os emergentes (vermelho) o IBOV em dólar (verde) e commodities (preto). Dá pra ver que essas coisas andam juntas.
Pois bem, o ano de 2019 tem sido positivo para as commodities e isso tem ajudado os emergentes.
E daqui para frente? Vou listar alguns pontos que podem ajudar as commodities e consequentemente fazer preço nos mercado emergentes:
CHINA
Último dado de PMI da China fi bem ruim e mostrou contração da atividade manufatureira…
Porque isso é bom? Porque o governo chinês trabalha com meta de crescimento e olhando para o passado recente, essas desacelerações foram seguidas de pacotes de estímulos para “ajudar” no crescimento.
Se isso acontecer de fato, poderia fazer preços nas commodities e consequentemente na bolsa…vale ficar de olho…apostaria que após as festas do ano novo que acontecem essa semana, eles poderiam soltar algo nesse sentido.
PETRÓLEO
A mãe das commodities também merece atenção. Após fortes quedas, já temos visto recuperação, com o oil saindo dos US$ 42 de mínima e batendo US$ 55 na sexta. Pois bem algumas notícias ajudam e devem continuar ajudando a empurrar a commoditie:
- Corte de produção anunciado em dezembro pela OPEP.
- Mais empresas americanas desativando sondas de perfuração por conta de um preço que não atrai o produtor.
- Sanções comerciais a Venezuela. Os EUA é o maior importador de petróleo venezuelano (gráfico abaixo). Logo as sanções são sim algo relevante.
- Queda nos estoques de gasolina, conforme último dado que saiu semana passada:
Como vocês sabem, pois publico minha carteira. Penso que petróleo pode seguir se valorizando no curto prazo. Logo como “mãe das commodities” isso poderia gerar impactos positivos para mercados emergentes como o nosso.
EUA
Já gerou impactos essa semana, mas penso que é mais um vento que ajuda os mercados emergentes e consequentemente o Brasil. O que é? O fato de que não vai ter hike! FED não vai subir juros nos EUA.
Isso tende a enfraquecer dólares e fortalecer commodities. Se fortalece commodities, bom vcs já entenderam neh?
Tenho um viés claro por estar comprado em ações e desejar ver estas se valorizarem mais e mais. Mas busco ser crítico em minhas ponderações sobre mercado e realmente acredito em tudo que escrevi aqui! E se essas coisas se materializarem teríamos bons ventos soprando em nossa bolsa e veja que nem citei a questão dos EUA e China chegarem a um acordo e encerrarem sua Trade War!
Seguindo…
Mas com dinheiro não se brinca é sempre bom olhar a big picture e “treinar a esquiva”, que no mercado seria o hedge! Então vou fazer uns adendos…pois apesar de otimista algumas coisas chamam atenção.
JUROS…”NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS”
Vagando pelos meus estudos de domingo a noite me lembrei de Lula. Sim nele mesmo que tá la na cadeia, deve ter assistido o Corinthians ganhar do Palmeiras.
Pois bem o gráfico abaixo explica.
Nunca antes na história desse país a curva de 10 anos de juros no Brasil esteve em patamar tão baixo!
O que isso quer dizer? Pode dizer várias coisas, aqui vão algumas opções:
- Que o Brasil esta virando a Dinamarca
- Que os investidores não estão mensurando o real risco das reformas demorarem ou até não passarem.
- Que a baixa expectativa de inflação de curto prazo possa estar influenciando o julgamento do mercado olhando além.
Ou seja, que o mercado está exagerando, OU
- Que o Brasil de fato está mudando e que o juro de equilíbrio poderia cair ainda mais!
Como investidor de ações e bullish convicto, gosto de acreditar na última opção e se isso for verdade qual seria um juros de equilíbrio?
Diria que com juro real nos EUA na casa de 1% + um risco país de 200 basis = você teria 3% de juro real , ou algo como 7% de juro nominal aqui no Brasil. Considerando que estamos falando de uma curva de 10 anos e que merece um premiozinho de risco adicional aí. Digamos mais 0,5%, chegaria em 7,5%, ou seja, ainda haveria algum espaço pra quedas adicionais na curva.
Mas algumas coisas me preocupam. Nosso histórico inflacionário, quebras de safra, choques externos, política, o Neymar machucado, enfim, muita coisa! Então olho nesse juro aí!
DÓLAR NAS CASAS BAHIA?
Meu adendo no dólar é o seguinte: estou começando a achar barato abaixo desses R$ 3,70. #prontofalei! A última vez que falei isso foi lá na tônica do dia 05 de novembro. Para quem não lembra segue o LINK.
Os porquês acho barato:
- juros baixo no Brasil tenderia a atrair menos capital do que já atraiu no passado;
- reformas e discussões políticas voltando a tona são um prato cheio para respingar no dólar (leia-se: aumento do risco Brasil);
- hedge bom para qualquer posição comprada em Brasil.
Risco aqui a meu ver é o Brasil “dar muito certo” com reformas acontecendo e turbulência política passar desapercebida. Eu torço muito pra isso, mas com dinheiro é bom ser diligente e por isso penso que pode ser um bom hedge!
Se cair mais vai aparecer o chato aquele das Casas Bahia oferecendo dólar.
PRA CONCLUIR.
Sigo otimista e acredito que os ventos externos podem ajudar. Entretanto penso que muita coisa foi colocada previamente na conta. Brasil não virou a Dinamarca e precisamos de fato entregar coisas. Penso que o PIB está mais para 2% ou até mais baixo, do que pra 3%. Penso que juros seguirão dando uma folga boa para esse ano e não devem subir ficando em 6,5%. Mas quando vemos figuras como Renan Calheiros e o circo que foi a eleição do senado dá até calafrios. Por isso quis chamar atenção ao investidor “treinar sua esquiva” tal qual o gênio Ali.
Era isso.
Aquele Abs.