À medida que a colheita da safra 2019 avança no Paraná, fica mais evidente o resultado da adversidade climática ocorrida durante o período de desenvolvimento das lavouras – a área de semeio, a produtividade e a produção recuaram frente ao ano-safra anterior. Mesmo assim, a disponibilidade do produto aumentou no mercado interno em setembro, pressionando os valores no estado, que, por sua vez, foram os menores deste ano, em termos nominais. Com isso, os valores negociados no Paraná se aproximaram dos verificados no Rio Grande do Sul, que, vale lembrar, são historicamente inferiores aos do estado paranaense. Em setembro, o valor médio do trigo no Paraná esteve em R$ 861,89/tonelada, sendo 2,7% inferior ao de agosto e o menor desde dezembro de 2018, em termos nominais. Já no Rio Grande do Sul, a média de setembro, foi de R$ 851,26/t, superando em 3,1% à de agosto e a maior desde setembro de 2018.
Vale ressaltar que, no estado sul-rio-grandense, ainda prevalece algumas negociações de trigo remanescente da safra 2018/19 e que a colheita da 2019/20 deve se iniciar em meados de outubro. Nesse sentindo, o movimento de aproximação entre os preços do Paraná e do Rio Grande do Sul pode se alterar em outubro. No acumulado do mês (de 30 de agosto a 30 de setembro), as cotações do grão no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registraram quedas de 1,2% no Rio Grande do Sul e de 1,5% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores subiram 0,7% no Rio Grande do Sul, mas recuaram expressivos 7,3% no Paraná e 2% em São Paulo.
CAMPO – Nos campos paranaenses, até o encerramento de setembro, 70% das lavouras já haviam sido colhidas, de acordo com o Deral/Seab. A comercialização da atual temporada somava 25% da oferta total. No Rio Grande do Sul, o desenvolvimento segue apropriado e com baixa incidência de doenças. Desta forma, até o final de setembro, 3% das lavouras já apresentavam grãos maduros, prontos para serem colhidos, de acordo com a Emater. Na Argentina, houve ligeiro declínio nas condições das lavouras, devido às recentes chuvas em algumasregiões e ao clima ameno e seco em outras. Nos Estados Unidos, a colheita das lavouras de primavera esteve em ritmo de finalização, com 90% da área total colhida até o dia 29. Para o cultivo de inverno, até o final do mês, 39% haviam sido semeadas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
DERIVADOS – Em setembro, as cotações internas da maior parte das farinhas e dos farelos subiram. Esse movimento altista esteve atrelado à diminuição no ritmo de processamento doméstico – dados do IBGE apontam que a moagem de trigo e a produção de derivados, de janeiro a julho (último dado disponível), estiveram no menor patamar desde 2002 (início da série do IBGE de produção física industrial). Alguns moinhos interromperam o processamento, devido ao período de expurgo. No mês, as cotações das farinhas integral, bolacha salgada, pré-mistura, panificação e massas frescas subiram 1,16%, 1,09%, 0,92%, 0,76% e 0,28%, respectivamente. Já para as farinhas para bolacha doce e massas em geral, houve recuo de 1,21% e 0,05%, na mesma ordem. Para os farelos, houve valorização de 2,41% para o a granel e de 0,92% para o ensacado.
PREÇOS INTERNACIONAIS – Nos Estados Unidos, os futuros do trigo subiram em setembro, impulsionados por recompra de traders e pela expectativa de clima frio em parte das áreas produtoras do país. Nesse cenário, considerandose as médias de agosto e setembro, os primeiros vencimentos do trigo Soft Red Winter, negociado na CME Group, e do Hard Red Winter, na Bolsa de Kansas, avançaram 0,7% cada um, a US$ 4,7949/bushel (US$ 176,18/t) e a US$ 4,0208/bushel (US$ 147,74/t), em setembro. Na Argentina, por outro lado, os preços cederam, pressionados pela expectativa de antecipação de oferta abundante. Os preços FOB, divulgados pelo Ministério da Agroindústria, recuaram 4% de agosto para setembro, a US$ 228,14/tonelada no último mês.
SECEX – Em setembro, segundo dados da Secex, as importações de trigo em grão somaram 492,3 mil toneladas, volume 1,2% superior ao de agosto/19. Desse total, 71,9% vieram da Argentina, 15,4%, dos Estados Unidos, 8%, do Paraguai, e 3,9%, da Rússia. As exportações, por sua vez, foram quase cinco vezes maiores que as de agosto, totalizando 236,1 mil toneladas. Para as farinhas, as aquisições no mercado internacional recuaram 11,9% frente a agosto/19, indo para 28,1 mil toneladas. As vendas brasileiras no mercado externo foram de 2.091 toneladas – volume aproximadamente 3 vezes maiores que as do mês anterior.