Em fevereiro, os preços domésticos de trigo apresentaram leve oscilação no mercado interno, mas, no acumulado do período, registraram alta, influenciados, ainda, pela baixa disponibilidade do cereal de boa qualidade, apesar da falta de interesse de compra por parte de moinhos – estes se mostram bem abastecidos. Outro fator que favoreceu a alta nas cotações internas foi o aumento nas exportações do grão, que tem sido destinado à produção de ração animal para países como Filipinas, Vietnã e Indonésia.
Entre 1° e 28 de fevereiro, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), os preços subiram 2,3% no Paraná, 0,7%, em Santa Catarina e 0,1%, no Rio Grande do Sul. No mercado de lote (negociação entre empresas), os valores avançaram 2,4% no Paraná, 2% em São Paulo e 1,7% em Santa Catarina – no Rio Grande do Sul, por outro lado, houve estabilidade.
Apesar de ainda não ter dados oficiais quanto à área de semeio de trigo na temporada 2019/20, produtores do Paraná já planejam como dividir as áreas na segunda safra, devido ao avanço da colheita de grãos de verão no estado. No entanto, são os preços e custos de produção que irão balizar a tomada de decisão dos agricultores.
DERIVADOS – Colaboradores do Cepea indicam que o maior custo de aquisição da matéria-prima elevou os preços em fevereiro. Apesar disso, algumas indústrias não se mostraram preocupadas em fazer estoques alongados, acreditando que o movimento de alta não deve se sustentar por muito tempo.
Em fevereiro, os preços das farinhas para massas frescas, integral, massas em geral, panificação e bolacha doce subiram 3%, 1,49%, 1,18%, 0,87% e 0,16%, respectivamente.
No entanto, para o segmento de bolacha salgada e pré-mistura, houve desvalorização de 3,78% e 0,95%, na mesma ordem. Quanto aos farelos, os preços apresentaram queda acentuada, com chuvas frequentes, melhora das condições das pastagens e baixo interesse de compra por parte de indústrias de ração animal. Em fevereiro, as cotações do ensacado recuaram expressivos 10,8% e as do a granel, 3,04%.
INTERNACIONAL – Os preços do trigo encerraram o mês em queda no front externo. Na Argentina, a baixa vem da demanda menor para exportação; nos Estados Unidos, o que pesou sobre as cotações foi a competitividade internacional, uma vez que a colheita norte-americana deve se iniciar apenas em julho e, até lá, a Rússia pode abastecer o mercado.
Assim, no país vizinho, no acumulado de 1° a 28 de fevereiro, a cotação média FOB no porto de Buenos Aires recuou 3,7%, a US$ 235,00/tonelada no último dia útil do mês.
Nos EUA, na CME Group, o contrato Março/19 do Soft Red Winter registrou baixa de 3,9%, a US$ 4,9817/bushel (US$ 183,05/t) na média de fevereiro. Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registou desvalorização de 5,1%, a US$ 4,7762/bushel (US$ 175,49/t).
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO – Em fevereiro, segundo dados da Secex, as importações de trigo em grão somaram 605,78 mil toneladas, volume 3,1% inferior frente a janeiro/19. Desse total, 92,6% vieram da Argentina e 7,4%, do Paraguai. Já as exportações somaram 86 mil toneladas.
Para as farinhas, as aquisições no mercado internacional se reduziram em 31,2% frente a jan/19, indo para 25,28 mil toneladas. As vendas brasileiras no mercado externo, por sua vez, foram cinco vezes maiores no mesmo comparativo, a 855 toneladas.