O mercado financeiro inicia a segunda-feira (15) guiado por duas notícias do fim de semana: a aparente tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump e o crescimento abaixo do esperado da economia da China.
O chamado “Trump trade” vai ganhando força, com os investidores aumentando as apostas de vitória do candidato republicano nas eleições presidenciais em novembro. Mas engana-se quem pensa que o tiroteio de sábado em um comício de campanha da Pensilvânia provoca uma fuga para ativos típicos de refúgio, como o ouro e as Treasuries.
Ao contrário, a leitura do mercado é de que o episódio irá afetar a disputa pela Casa Branca, despertando um apetite por ativos de risco. Os futuros dos índices das bolsas de Nova York firmaram-se em alta, após uma abertura estável, ao passo que o dólar perde terreno para as moedas rivais e as criptomoedas avançam.
Para o economista André Perfeito, o atentado contra Trump crava a vitória dele nos EUA. “A forma que os eventos estão se desdobrando reforça, mais uma vez, sua posição de favorito para a corrida eleitoral”, afirmou em comentário enviado na noite de sábado. Segundo ele, há poucas chances do Partido Democrata de Joe Biden reverter a situação.
Aliás, o atual presidente e candidato à reeleição faz apelos públicos pela pacificação do cenário político nos EUA, tendo viva na memória a Insurreição de 6 de Janeiro. Mas ninguém rouba a cena de Trump, com o ataque a tiros deslocando os holofotes para a Convenção Nacional do Partido Republicano, quando deve ser escolhido o vice na chapa.
Enquanto isso, na China…
A repercussão dos episódios nos EUA ofusca o foco sobre os eventos vindos do outro lado do mundo. O Produto Interno Bruto (PIB) da China avançou 4,7% no segundo trimestre deste ano, em base anual, abaixo da previsão de alta de 5,1% e desacelerando-se em relação ao crescimento de 5,3% registrado nos três primeiros meses de 2024.
Foi o menor crescimento chinês desde o início de 2023. Os dados realçam a fragilidade do setor imobiliário e o fraco consumo doméstico. As vendas no varejo chinês em junho subiram 2%, no menor ritmo em um ano e meio e abaixo do esperado, enquanto a produção industrial avançou 5,3%, acima do previsto, mas no nível mais baixo em três meses.
Com isso, todas as atenções estão voltadas para a Terceira Plenária do Partido Comunista Chinês (PCCh), que pode anunciar medidas de apoio à economia. O encontro das principais lideranças da China começa hoje e vai até quinta-feira - aliás, ocorre nos mesmos dias da Convenção do Partido Republicano dos EUA.
Ainda que seja mera coincidência, os episódios do fim de semana e os eventos que marcam os próximos dias nas duas maiores economias do mundo são um sinal do que deve guiar os mercados globais ao longo dos próximos meses. Nesse cenário, o Ibovespa tenta dar continuidade à quinta melhor sequência de altas deste século, buscando seguir invicta em julho.