Gosto de histórias pessoais para mostrar um ponto. Várias vezes, casos particulares oferecem um tipo de conhecimento universal. Fica mais fácil apreender algo por meio de um exemplo prático.
Teorias generalistas podem ser de difícil acesso. Por isso, tenho me permitido aqui abrir o coração.
Sinto saudades do meu avô. Do meu avô materno, que fique claro. Minha mãe tem 12 irmãos e isso me traz várias dezenas de primos. Da última vez que contamos – e demoramos umas cinco horas no processo – chegamos a 67. Não sei dizer a razão, mas, entre todos os netos, minha relação com o velho Dácio era especial. Tínhamos uma cumplicidade particular e ele se abria comigo, principalmente quando bebíamos cachaça no garrafão verde escuro de cinco litros, na vendinha da minha tia Isabel.
Ele nasceu pobre, ficou rico e voltou a ficar pobre. Certa vez, perguntei se a montanha-russa financeira doía muito. Ele, já com umas marvadas favoritas na mente, confidenciou: “ah, não dói muito não; só quando eu respiro”. E explicou que era triste depender das filhas depois de tanto tempo, mesmo sabendo que não lhes era um grande fardo.
Entre as várias conversas, chegou a dizer que as coisas teriam sido muito mais fáceis se, quando da época de vacas gordas, tivesse poupado alguns quinhões. “Certa ocasião, Lipe, quase fiz um plano de aposentadoria. Arrependo.”
Isso pode soar meio sentimentalista. Não é tanto assim. Calma. Meu avô vivia tranquilo. Era uma questão importante, entre várias outras. Só e tudo isso. Comecei assim porque talvez isso explique minha obsessão pela questão da aposentadoria. Aqui, nós estamos dedicados a uma série de 30 capítulos para se aposentar da melhor maneira possível, minimizando riscos e maximizando sua renda.
Na edição de hoje, tratamos especificamente dos primeiros passos para se construir riqueza de longo prazo de forma séria e paciente. São três formas de se fazer isso e elas são devidamente detalhadas neste relatório. Aos interessados, porém, recomendaria fortemente assinar a série.
Esse é só um capítulo dentro de vários outros e a completa construção de uma aposentadoria sólida e tranquila contempla a leitura de todos os relatórios da série. Para se aposentar bem, não adianta uma postura Macunaíma. “Ai, que preguiça” não cabe aqui. Precisamos mesmo de dedicação e diligência.
#INSIGHT DO DIA
Desde que terminei o mestrado, tenho me dedicado ao estudo dos eventos raros, sob influência do Taleb. Também faço meu trabalho mais feijão com arroz como analista de ações, obviamente, rodando valuations a partir de métricas tradicionais. Mas, de novo abrindo o coração, é a fixação nos tais cisnes negros que verdadeiramente atina minha alma.
Treinado na estatística talebiana, posso compreender sem tanta perplexidade a implosão do império EBX.
Agora, daí a supor a falta de dinheiro para o governo norte-americano já é demais. Definitivamente, Obama não tem poderes de X-Men, mas entendo que conseguirá endereçar a questão da elevação do teto da dívida.
Seria uma irresponsabilidade tremenda colocar em risco todo o histórico de bom pagador dos EUA. Assim, tomaria qualquer fraqueza mais pronunciada dos ativos de risco por conta do medo de debt ceiling como oportunidade – ao final, depois de muita mendicância, as coisas se acertam.
#DIRETO DA MESA
Respondendo ligeirinho a três emails de hoje:
- Santander anda com melhora da estrutura de capital? Sou um cara Franco e sempre achei o Miller um cracaço de bola, mas não acredito que mudanças da estrutura de capital podem agregar valor.
Obviamente, não dá pra brigar com a cotação de tela. Ação subindo 7,5% agora. Também acho que recuperação de Espanha, que vem sendo mais destacada do que as estimativas prévias, pode ajudar. Mas não vejo razão para comprar Santander, cuja operação brasileira ainda é difícil. Com Itaú a 8x lucros, definitivamente há coisas melhores para se comprar.
- Reajuste de 5% para Petrobras seria positivo? Ao menos na minha régua, o cinco está à direita do zero. Então, é melhor do que nada. Mas não acho que as ações reagiriam bem. Consenso dá entre 8% e 10% de reajuste, de modo que eventual confirmação de 5%, além de não aliviar totalmente pressão sobre o balanço e não corrigir toda a defasagem de preços, poderia ser negativa.
- O cenário para Marfrig é tão ruim quanto aquele pintado hoje por matéria do Valor? Olha, tirando a queima de caixa, a alavancagem alta, a recorrência em pedir dinheiro pro mercado, um controlador ambíguo e a falta de confiança dos investidores, não é tão ruim, não.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.