Então é Natal
Propriedade privada
Há uma enorme vantagem do indivíduo e da família em relação a um País.
Países nem sempre têm motivo para comemorar Boas Festas.
Mas o indivíduo e a família sempre terão algum motivo, por mais que o País esteja indo mal.
Uma promoção no trabalho, casamento por vir, bebê chegando, time na Libertadores, rival rebaixado, saúde recuperada, …
O indivíduo e a família vêm antes da economia e da política.
No longo prazo, aquele moleque recém-formado que foi louco de abrir uma empresa importa mais do que o ministro da Fazenda.
Luz interpretativa
Num esforço excepcional, escrevo o último M5M antes do Natal apenas com observações de cunho otimista.
Começo pelo mais fácil (?): a política.
Dois méritos no incógnito ponto em que pausamos.
Primeiro, atores bem delineados. O respeitável público pode enfim reconhecê-los sob a luz do palco. Se são a favor ou contra o impeachment, se votam por si mesmos ou junto com outros. Isso não torna o resultado do jogo mais previsível, mas permite ao menos compreender quem é que está querendo fazer gol em qual lado do campo.
Segundo, a Lava Jato avançou bastante em 2015; ao contrário do processo de impeachment, as operações da Polícia Federal não podem ser barradas e reiniciadas do zero. Elas obedecem a um calendário próprio e hierárquico. A cada dia de batida, sobem um degrau. Há muitos degraus, mas não são infinitos.
Com o pouco que restou
Economia é mais difícil pois se foram quase todos os nossos graus de liberdade.
Albert Einstein na Fazenda não faria nada hoje.
As esperanças neste caso advêm de ajustes feitos, quase que automaticamente, pelo mercado.
A agropecuária deve crescer em torno de +1,5% em 2015. Dizem que a verdadeira vocação se manifesta mesmo com o sujeito doente.
E nosso déficit de transações correntes é de US$ 56 bi, quase 40% abaixo do ano passado.
Contribuição do setor externo para o PIB brasileiro deve ser de +2,5 pontos percenuais, a maior desde 2003.
Deu pra fazer um caldo
Tesouro vai ter que rolar uma paulada de dívida pública em 2016, cerca de 20% do estoque atual.
E não estamos fazendo superávit primário, nem faremos no ano que vem.
Mas restam as reservas internacionais de US$ 368 bilhões, preservadas por um golpe de sorte.
Elas impedem que o dólar chegue a R$ 5 e ajudam na percepção de solvência da dívida nacional, amplamente denominada em reais.
Não fosse por essas reservas, teríamos estourado em 2015.
Igual não é
Eu sei, o ano não foi fácil, mas está acabando.
No momento, tudo indica que 2016 será bastante parecido com 2015.
Não se deixe iludir por essa expectativa linear. As grandes surpresas não entram nos modelos de projeção.
Só sei de uma coisa; dificilmente a história nos oferece dois anos consecutivamente iguais.
Se eles são iguais do ponto de vista econômico, precisam ser diferentes do ponto de vista político, ou teológico.
Torcendo pelo inesperado, desejo a todos os nossos leitores um feliz natal, com votos sinceros de boas festas.
Os agradecimentos estão resumidos neste documento de tom pessoal; palavras que retribuem seu companheirismo diário com um presente especial.